O perdão
Muitas vezes, não nos damos conta do verdadeiro sentido do perdão. Tendemos a perdoar do nosso jeito e, assim, colocamos nossas medidas a esse mandamento do Senhor Jesus. No evangelho de Mateus (18,21-22), encontramos a reveladora resposta do Mestre a Pedro, seu discípulo. Este lhe perguntava: Quantas vezes devo perdoar? Até sete vezes? E a resposta de Jesus: Não só sete vezes, mas setenta vezes sete! Isso quer dizer perdoar sempre!
Na verdade, perdoar é heroico desafio, pois contraria frontalmente os sentimentos humanos que, inconscientemente, tendem ao revanchismo, a uma desfocada auto-afirmação, à vingança ou, quando menos, à indiferença frente àquele que nos ofende.
Se acreditamos que a atitude de perdoar extrapola a sua dimensão humana e se projeta na luz divina, então acolher o diferente ganha seu verdadeiro significado. Em Deus sabemos que vivem a individualidade e a comunidade. São três pessoas e um só Deus. E essa vivência, ou melhor, convivência misericordiosa, amorosa, é que se torna a definitiva referência para os seres humanos.
Assim, o texto do Profeta Miquéias nos ilumina: "Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor. De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar" (7,18-19).
Cristãos, cristãs, e pessoas de boa vontade, escutando dessa forma esse ensinamento de Nosso Senhor e Mestre, com certeza, fariam desaparecer do mundo os conflitos armados entre irmãos, famílias, grupos e até entre nações.
Pe. Raul Kestring - Blumenau, 24 de março de 2022