Júri do acusado da Chacina de Saudades entra no segundo dia

Acusado foi chamado a depor, porém, preferiu permancer calado diante do Tribunal do Júri

Com informações e fotos Jornal A Voz Regional/Pinhalzinho-SC

O júri popular do acusado da chacina de Saudades, no Oeste do estado, foi retomado na manhã desta quinta-feira, dia 10, com os debates entre promotoria e defesa do réu. O julgamento, sob forte esquema de segurança, acontece na Comarca de Pinhalzinho, no Oeste do Estado, distante cerca de 10km da cidade de Saudades, onde ocorreu a chacina em maio de 2021. No final da noite de ontem, o réu foi chamado a depor, porém, preferiu exercer o direito de permanecer calado. Ele chegou a ser encaminhado para o espaço de depoimento, em frente ao juiz e ao promotor, as perguntas foram formuladas, mas ele não respondeu a nenhuma delas. 

No primeiro dia do Tribunal do Júri foram colhidos depoimentos, alguns bastante impactantes. Uma das testemunhas, empresário do ramo de metalurgia, que se dirigiu à creche com uma barra de ferro após ouvir gritos e barulhos, contou que ao chegar ao local ouviu do réu um pedido para que o matasse. A testemunha negou o pedido, e o réu desferiu então contra si um golpe com a arma que havia utilizado para atacar as crianças e as professoras, vindo a cair nesse momento.
O empresário contou ainda que bateu com a barra de ferro na mão do réu para retirar a arma, jogando-a para longe. Neste momento, outras pessoas chegaram e o autor da chacina foi imobilizado. A testemunha relatou que o acusado permanecia lúcido e conversando o tempo todo, inclusive falando de quem era filho.

O único bombeiro militar de plantão no dia da chacina relatou que o réu a todo momento perguntava quantas pessoas havia matado. Segundo o bombeiro, ele também pediu para cuidar bem da “amiga”, que seria a arma usada nos crimes. O bombeiro revelou ainda que, durante o atendimento da guarnição, o assassino ameaçava constantemente os filhos dos profissionais militares. “Seus filhos serão os próximos”, relembrou o socorrista, num momento de muita emoção no tribunal.

Três laudos sobre a capacidade intelectual do réu foram apresentados ao Tribunal do Júri. O laudo do Ministério Público atesta a capacidade intelectual do réu. Já a defesa, trouxe um laudo atestando um quadro de esquizofrenia paranoica com dependência em jogos de internet. O laudo oficial do Instituto Geral de Perícias confirmou a esquizofrenia tipo diferenciada. O médico perito que realizou o parecer para o advogado de defesa teve sua tese questionada pela promotoria, pois entende que ele não teve acesso a todo processo, não sabendo a dinâmica do crime e nem o que o réu havia dito após os ataques. O advogado de defesa, porém, alegou que não repassou as informações ao perito porque não as reconhece como verdadeiras. O perito defendeu ainda a sua tese dizendo que as ações do réu foram influenciadas pelas vozes que ele ouve devido à doença, e que são perceptíveis os traços de esquizofrenia, pois ele relatou perseguições e bulling que sofria na escola.

Mais tarde, o Perito Assistente do caso foi também ouvido em plenário e destacou que não há indícios de que o réu seja esquizofrênico e que ele tinha total noção dos atos no momento em que praticou os crimes na creche Aquarela. “Tendo em vista a organização, planejamento e aquisição de armas, inclusive a escolha do local onde haviam pessoas vulneráveis”, discorreu. Segundo o perito, o réu, após o primeiro depoimento começou apresentar memória seletiva com traços de esquecimento, dizendo não se lembrar de alguns fatos. Para o profissional, trata-se simplesmente de uma tentativa dissimulada, um teatro. Ele afirmou ainda que o acusado pode ter um grau de retardo mental e transtorno de personalidade, mas que não seriam esses desvios a causa dele praticar os crimes, reforçando novamente, que o acusado tinha total consciência do que estava fazendo quando invadiu a creche e matou cinco pessoas.
O réu responde por cinco homicídios triplamente qualificados por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas; 13 homicídios tentados duplamente qualificados por motivo torpe e meio cruel; e um homicídio tentado qualificado por motivo torpe, meio cruel e uso de recurso que dificultou a defesa das vítimas.

Cerca de 80 pessoas ocupam os assentos disponibilizados pela Justiça na sala do Tribunal do Júri. A imprensa também se faz presente. Atuam na acusação os promotores de justiça Bruno Poerschke Vieira, Douglas Dellazari, Fabrício Nunes e Julio André Locatelli, com assistência do advogado Luiz Geraldo Gomes dos Santos. Na defesa está o advogado Demetryus Eugenio Grapiglia.
O Promotor Bruno afirmou que o MP trabalha há dois para condenar o acusado pelas cinco mortes, além da tentativa de homicídio de mais 14 vítimas. “Foi um crime cruel e covarde, praticado por motivo torpe, contra crianças menores de dois anos e educadoras que não tiveram a mínima chance de se defender. O autor premeditou, idealizou e planejou as mortes durante 10 meses, pesquisou sobre a volta às aulas presenciais no município, sobre a creche, também sobre chacinas cometidas em escolas com o uso de facas e outras armas brancas, procurando o alvo mais fácil para executar o seu plano”, observa. Diante das evidências, Vieira diz que o MP vai requerer uma punição rigorosa ao assassino. “Sem nenhuma piedade, a qual ele não teve com as vítimas, demonstrando-se que no Tribunal do Júri se pratica a justiça, tão almejada pela sociedade”.

Relembre o caso
Na manhã de 4 de maio de 2021, o réu entrou na creche Aquarela em Saudades, matou duas professoras e três bebês e tentou matar outras 14 pessoas. Ele usou uma adaga que havia comprado pela internet especialmente para o ataque. Após cometer os crimes, o réu tentou se matar, mas foi detido por populares e entregue às autoridades. Em depoimento, ele admitiu a autoria dos assassinatos. Ele encontra-se preso desde o dia dos crimes..

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