Famílias carentes prezam o valor da educação para que seus filhos evoluam, promovendo assim a tão salutar mobilidade social. Além da educação formal, via ensinos fundamental, médio e, às vezes superior, proveem, na medida do possível, educação moral, alimentar, sanitária, etc.
É um quadro desejável para um país que visa melhorar seu nível de bem-estar econômico e social.
Infelizmente, no Brasil, muitos desses filhos promissores acabam vitimas da violência urbana, com sequelas permanentes e mortes prematuras.
Ao lado das deficientes condições de ensino e de transportes, estudantes são atacados com armas de fogo nos pontos de ônibus e de trens. Médicos e profissionais de saúde são assassinados de manhã cedo quando se dirigem aos hospitais para realizar cirurgias e tratamentos.
Juízes e Oficiais de Justiça são ameaçados por bandidos ressentidos à solta, policiais se disfarçam para não serem executados em um eventual assalto.
Cidadãos, estudantes e pesquisadores têm suas atividades interrompidas, sendo até mesmo atingidos por balas perdidas e intencionais decorrentes do enfrentamento ao poder crescente de facções do tráfico de drogas.
Os feridos, sobreviventes, acabam sucumbindo ao precário atendimento emergencial nos hospitais públicos, convalescendo física e psicologicamente durante meses, alguns com sequelas permanentes.
É o desperdício de recursos humanos tão dispendiosamente preparados, em boa parte com recursos públicos, ceifados precocemente ou em plena fase de recompensa à sociedade.
Esse quadro esmorece o ânimo dos jovens, agrava o mal-estar da população, além de solapar a competitividade da economia.
A mobilidade social, aquela que dá esperança ao cidadão comum de que seus filhos terão melhores oportunidades e condições de vida no futuro, está emperrada no Brasil.
A solução encontrada pelas famílias de maior renda, tem sido a emigração. Se há 30 anos se investia em cursos de pós-graduação no exterior, hoje se trata de fazer graduação em países desenvolvidos.
Dessa forma exportam-se cérebros, jovens que dificilmente retornarão ao país após quatro ou cinco anos em ambiente mais promissor e menos violento, na melhor das hipóteses voltarão como dirigentes de multinacionais.
É mais um desperdício de talentos imprescindíveis, em um país que tenta subir uma escada rolante... que desce.
Autor: Fernando Cariola Travassos, associado do R.C. do Rio de Janeiro-Urca, Distrito 4571, publicado na Revista Rotary Brasil, setembro/2019.
Reuniões às terças-feiras, às 20h, no Raul`s Hotel.
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