Palestra da SCGÁS aborda mercado e vantagens do uso de GNV em caminhões

Engenheiro Ronaldo Macedo Lopes destacou a baixa emissão de poluentes e custo-benefício no uso do gás natural no transporte de cargas

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FOTO CASSIANO FERRAZ

Caminhões movidos a GNV (Gás Natural Veicular) e biometano é uma realidade no mundo. A SCGÁS - Companhia de Gás de Santa Catarina - vem investindo para expandir o mercado nacional, tornando-o ainda mais atraente às empresas de transporte de cargas. Nesta quinta-feira, 24, durante a 2ª Febratex Summit, feira de negócios e tecnologia para a cadeia produtiva têxtil, no Parque Vila Germânica, em Blumenau, o assunto foi pauta da palestra do engenheiro Ronaldo Macedo Lopes, da Gerência de Mercado Industrial Veicular da SCGÁS, com a  a presença do diretor-presidente da empresa, Otmar Müller. A empresa foi também uma das apoiadoras e expositoras da Febratex.

Segundo o engenheiro Ronaldo, o uso de GNV ou biometano representa uma redução entre 15 e 20 por cento no consumo de combustíveis, mas principalmente trata-se de uma matriz energética de baixo impacto ambiental, ao contrário dos veículos de cargas movidos a óleo diesel, que despejam no meio ambiente toneladas de gases altamente tóxicos, como o gás carbônico (CO2).

Ronaldo destacou que o mercado mundial está migrando para o transporte de cargas em veículos abastecidos a combustíveis “limpos”. “Essa visão do ambiente de negócio mundial não pode ser diferente no Brasil, pois o que se está provocando é uma verdadeira revolução no setor de transporte de cargas”, afirmou o palestrante. Ele lembrou que os gases emitidos na atmosfera pela atividade industrial, que ainda utilizam o diesel em seus processos, são apontados como os grandes geradores de gases poluentes que provocam o efeito estufa. “Surge, a oportunidade do setor de logística buscar um combustível de matriz energética limpa”, complementa.

No caso do GNV, Ronaldo explica que a redução da emissão de gás carbônico e outros poluentes na atmosfera chega a 21%, enquanto o biometano é superior a 95%. “Estamos caminhando para a descarbonização do setor de transporte de cargas”, afirma Ronaldo.

Plano de expansão

Para expandir o mercado de GNV e biometano, a SCGÁS colocou em prática o projeto “Corredores Azuis". O objetivo é dotar a malha viária do país com grandes corredores rodoviários que possibilitem o abastecimento dos caminhões com GNV e biometano. Em Santa Catarina, a empresa tem procurado identificar quais são os principais pontos de grande fluxo rodoviário de veículos pesados. “O nosso estado tem uma infraestrutura bastante desenvolvida, dos 140 postos que operam com GNV, 44% (60) estão instalados estrategicamente nas principais rodovias e, portanto, já podem abastecer, além dos veículos leves, também os veículos pesados”, revela o engenheiro. O desafio agora é identificar quais os principais pontos de grande fluxo e estrategicamente instalar postos, com GNV e biometano, de maneira que permitam o deslocamento rodoviário dos caminhões nos grandes eixos de ligação de Santa Catarina com o restante do país.

FONTE SCGÁS

Os planos de negócios da SCGÁS são bastante ousados. Nos próximos cinco anos, a empresa pretende investir R$ 773 milhões na captação de novos clientes-consumidores na indústria, comércio e residências (veja quadro abaixo). Segundo o diretor-presidente, Otmar Müller, uma das metas é expandir a rede de gasoduto para o interior do estado. “Hoje, estamos praticamente no litoral, em 2024 vamos chegar com o gasoduto a Lages, porém, temos outras regiões, como o Planalto Norte, com grande potencial de consumo, que deve ser o passo seguinte, primeiro com uma rede local que será abastecida por meio de transporte rodoviário”. Em passos maiores, o presidente fala em avançar para o centro do estado. Müller explica que a indústria é o grande consumidor do gás natural, com cerca de 80% da produção, e, por consequência, viabiliza a ligação da rede do gasoduto a comércios e residências. “Por isso, é importante o engajamento de mais indústrias, pois isso vai nos permitir atender a mais regiões do estado com o gás natural”, frisa.

O presidente da SCGÁS, Otmar MüllerFOTO HELTON ZEFERINO/JORNAL METAS

E mesmo que determinada indústria não consuma gás natural em seus processos, o presidente chama atenção que ela poderá usá-lo na logística dos produtos com benefícios ambientais em relação ao diesel e competitividade de preços. “Isso está na agenda das principais indústrias brasileiras, os próprios clientes estão exigindo selos de redução do consumo de gases do efeito estufa, essa é a oportunidade para as indústrias migrarem suas frotas de caminhões movidos a óleo diesel para o gás natural”, enfatiza Müller, que chama atenção ainda para a possibilidade do Brasil importar menos óleo diesel, já que não é auto suficiente nesta matriz energética e paga um preço elevado no mercado internacional para ter o produto.

Müller disse, ainda, que eventos como a Febratex ajudam no plano de expansão da SCGÁS. “Grande parte dos produtos que estão expostos e as empresas participantes usam o gás natural em seus processos produtivos. Essa é uma oportunidade de encontrá-los de maneira conjunta, além do fato de que podemos mostrar a outras empresas os benefícios do gás natural e do biometano na redução de poluentes e da própria eficiência fabril frente a outros tipos de combustíveis”.

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