Todo o texto de saudade trará o teu nome no meio

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O sol queima, a chuva molha, a saudade machuca, o café esfria, os sentimentos mudam, mas o amor não acaba.  

Mesmo que os dias sigam bonitos, que as tardes de primavera enfeitem milagrosamente as ruas da cidade, que eu tenha aprendido (e que eu nunca desaprenda) a arte de recomeçar, o teu nome ainda faz barulho bom aqui dentro.

Sim, estou seguindo a minha vida, enfraquecendo menos e endurecendo mais quando o assunto é amor, me engasgando menos com carências, me nutrindo mais de gente que me mostra o quanto renascer é um ato de coragem, eternizando instantes que valem uma vida, despindo, com mais constância, medos de ontem e incertezas de hoje.

Por mais patético que possa soar, comecei a respeitar mais o que sinto, quem eu sou e me amar como prioridade de vida, mas, alguns detalhes dessa minha trajetória até aqui, ainda não se perderam. Como o teu nome, por exemplo. Por mais que eu tenha percorrido trajetos estreitos, mergulhado em amores rasos ou tentado (incessantemente) dispersar o barulho por viver um periodo de silêncios, volta e meia o assunto é saudade e não há como desviar o olhar. Muito menos o coração.

Hoje, melhor do qualquer tempo, sei diferenciar saudade de falta. Sei exatamente tudo o que aprendi ao teu lado, tudo o que fui ao teu lado, tudo o que sonhei ao teu lado e sinto saudade. O que não quer dizer que minha intenção seja resgatar o que nos foi tomado depressa demais, mas lembrar, apenas isso. Lembrar você me faz bem.

Te receber me preparou para um bocado de coisas que hoje entendo melhor. É pela gratidão que tenho que todo o texto de saudade - porque é disso que meus textos vivem - trará o teu nome no meio. Justamente porque o meio é a parte mais bonita da história toda. Do afeto, sem manual algum, que foi o nosso durante, a nossa verdade, a inteireza e a estranheza também.

Você me trouxe toda a maciez que eu precisava para receber o amor, e, sobretudo me recuperou para a vida de novo.