As operadores dos canais de tevê por assinatura anunciam com todos os pulmões possíveis e imagináveis terem como acervo trilhões de filmes antigos e atuais. Mas o que se vê, melhor dizendo se revê, são sempre as mesmas fitas. Em setembro, quase com certeza virão inexoravelmente as mesmas fitas, as de sempre. É mais do que certo que as exibições ocorram no Canal Cult. Ei-las:
Aventura:
Coisas da Cosa Nostra (It., 71). Direção de Steno. Com Vittorio de Sicca e Alodo Fabrizzi (o padre de Roma, cidade aberta), marco do neorrealismo europeu, em que ele contracena com o monstro sagrado, a leoa romana Ana Magnani.
Uma aventura na África (EUA, 51). Com Humphrey Bogart, Katherine Hepburn e o beiçudo inglês Robert Morley. Um dos grandes momentos do cinema, o encontro de dois monstros sagrados, em roteiro inteligente. Ele vive um capitão de navio beberrão e ela uma convicta missionária. Indicado pra Oscar de ator, atriz, diretor e roteiro, deu o único Oscar a Bogart (ele venceu o favorito Marlon Brando em Uma rua chamada pecado). Feito com muito humor, a história conta como a solteirona Rose convence o piloto de uma barcaça chamada "Rainha Africana" a tentar afundar um torpedeiro alemão que está impedindo uma invasão britânica. Um filme para todos os públicos.
Amarcord (It., 73). Direção de Fellini. Com Magali Noel. Uma das obras-primas de Fellini, premiada com o Oscar de filme estrangeiro. O título vem do dialeto de Rimini, cidade natal de Fellini e que quer dizer "Eu me recordo". É isso que é o filme: um álbum de família, de recordações antigas ao estilo de crônica. Fellini ri com a gente de sua vida de província, brinca com os sonhos da infância. Sempre num delírio de imaginação. A trilha sonora traz uma música digna de nos acompanhar a vida inteira.
Comédia:
Bar Esperança, o último que fecha (Bra., 83). Direção de Hugo Carvana. Com Marília Pera, Hugo Carvana, Wilson Grey (que ultrapassou a participação em mais de 100 filmes), Anselmo Vasconcelos, Paulo César Pereio. Mais uma comédia em que Carvana declara seu amor pelo Rio de Janeiro, no caso os bares de Ipanema. O filme é uma visão nostálgica dos frequentadores de um bar, principalmente um casal, um escritor de novelas (Carvana) e uma atriz de talento duvidoso (Marília, que por este filme ganhou todos os prêmios do ano). Alegre, sentimental (um pouco longo demais), muito carioca, um filme extremamente simpático. Para quem, como o diretor, curte e entende o Rio e os cariocas.
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