Representante da Ucrânia sugere uma conversa entre presidentes
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Presidente pediu cautela com relação às sanções aplicadas à Rússia / Antônio Cruz/Agência Brasil (Fotos: )
Anatoliy Tkach disse que o presidente Jair Bolsonaro está mal informado sobre o conflito
Repercutiu negativamente a afirmação do presidente Jair Bolsonaro ao pedir cautela e não defender sanção ou condenação ao presidente da Rússia, Vladmir Putin, pela invasão da Ucrânia. Bolsonaro também disse que o Brasil manterá uma posição de neutralidade e que não é a favor da guerra em lugar nenhum do mundo. "Traz problemas gravíssimos para toda a humanidade e para o nosso país que também está nesse contexto", reiterou o presidente.
A resposta veio através do encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach. Ele sugeriu nesta segunda-feira (28), em entrevista coletiva, que o presidente Bolsonaro converse por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para esclarecer o que ocorre no país do leste europeu neste momento.
"Penso que o presidente do Brasil esta mal informado. Talvez seja interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva", disse Tkach, após ser questionado sobre declarações de Bolsonaro sobre o conflito.
Tkach disse esperar que o Brasil mantenha seu posicionamento na ONU, onde o representante brasileiro, embaixador Ronaldo Costa Filho, voltou a condenar o conflito, nesta segunda-feira (28), na Assembleia Geral de Emergência da ONU.
Ao ser questionado se gostaria que o Brasil tomasse mais alguma atitude, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil disse que espera "um maior apoio e uma maior condenação por parte do Brasil à Rússia. Nós temos que parar essa agressão".
"Neste momento, não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional", afirmou o diplomata. Ele disse que o conflito atual na Ucrânia não é apenas um problema do próprio país, "mas da Europa e do mundo".
Tkach apresentou dados que disse ser do Ministério da Saúde ucraniano, segundo os quais, até o momento, 2.040 civis, incluindo 45 crianças, ficaram feridos. Foram contabilizados também 352 mortos, entre os quais 16 crianças, acrescentou a autoridade máxima da Ucrânia no Brasil.
Embaixador brasileiro condena a ação da Rússia
Após uma série de discursos de países que condenaram a Rússia na Assembleia Geral da ONU emergencial convocada para esta segunda-feira (28), em Nova York, o representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), embaixador Ronaldo Costa Filho, reiterou a postura brasileira em busca do diálogo. "Essa situação não justifica de forma alguma. O uso de força contra a soberania e integridade territorial de qualquer Estado-membro vai contra as normas e princípios mais básicos e é uma violação clara da Carta da ONU", disse Costa Filho. "O Brasil reforça seus pedidos de um cessar-fogo imediato na Ucrânia, bem como o respeito pelo direito humanitário internacional", defendeu.
O embaixador brasileiro afirmou ainda que o enfraquecimento do Acordo de Minsk foi uma consequência de ações de todos os lados. A falta de aplicação do tratado é um dos motivos que a Rússia usa para justificar a invasão à Ucrânia. "Vemos uma sucessão de eventos que se não forem contidos em breve levarão a um confronto muito mais amplo. Todos sofrerão, não só aqueles envolvidos na guerra".
Sem críticas diretas a Rússia, o Brasil agradeceu aos países que estão recebendo refugiados, inclusive brasileiros pediu a todos os envolvidos que reavaliem as suas decisões sobre o fornecimento de armas, o recurso de ataques cibernéticos e aplicação de sanções seletivas que podem prejudicar a economia mundial, especialmente a produção de alimentos.
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