Parlamentar foi sepultado no final da manhã desta terça-feira (13)
Centenas de pessoas se despediram do vereador Amauri Bornhausen (PDT), 53 anos, no final da manhã desta terça-feira (13), no cemitério Municipal Santa Terezinha. O parlamentar morreu de parada cardiorrespiratória na segunda-feira (12), enquanto se recuperava de uma cirurgia de apendicite. O corpo foi velado durante toda a noite na Capela Santa Terezinha, onde Amauri era catequista havia muitos anos. Familiares, amigos e até pessoas que não o conheciam pessoalmente compareceram para o último adeus ao parlamentar que cumpriu praticamente dois anos de mandato no legislativo.
A presidência da Casa lamentou a perda e decretou três dias de luto oficial. “A Câmara está em luto. Esta é uma perda muito grande. O vereador Amauri sempre foi muito participativo e atuante nas causas da comunidade. Com certeza, deixa um legado de muito trabalho. Desejamos que a família tenha forças neste momento difícil”, afirmou, em nota, a presidente da Casa, Franciele Back. Ela também lembrou que o vereador defendia aquilo que acreditava e sem dúvidas perder uma liderança como ele na Câmara de Gaspar, na cidade, vai fazer muita falta para a política gasparense".
Outros colegas de legislativo também se manifestaram; O vereador Alex Burnier (PL) disse que Gaspar perdeu um grande homem. "São dois anos na Câmara de Vereadores de Gaspar onde eu aprendi muito com ele. O vereador Amauri era uma pessoa extraordinária que pensava mais nos outros que em si mesmo. Um político como poucos que já vi, honesto, que realmente brigava pelo povo, mas não da boca pra fora como muitos", disse. Burnier afirmou, ainda, que ter orgulho de ter conhecido o vereador Amauri.
Futuro presidente da Câmara Municipal, o vereador Ciro André Quintino também lamentou a morte prematura do vereador Amauri. "Ele era um grande líder comunitário, um grande fiscalizador do dinheiro público e vinha fazendo um grande trabalho na Câmara. É uma perda muito grande".
Dionísio Bertoldi (PT) lembrou do seu relacionamento de muitos anos com o vereador Amauri e até o grau de parentesco distante entre a sua esposa e o vereador, além do trabalho que ele prestava como servidor da Secretaria de Obras. "Eu dividira a vida do Amauri em três partes: a primeira que é a religião e o Amauri era uma pessoa muito religiosa e praticante. No bairro dele, na comunidade Santa Terezinha, catequista. Uma vida religiosa realmente praticante, muito bonita. A segunda parte é a família dele, o Amauri realmente era uma pessoa muito da família e ali na Câmara toda seção a esposa ou um dos dois filhos, ou a filha, ou as noras, o genro, às vezes os netos também estavam acompanhando a seção". E a terceira parte, segundo Bertoldi, era o fato do vereador Amauri ser um fiscalizador e um legislador. "Ele corria muito atrás dos problemas e trazia os problemas para dentro da Câmara, discutia, discursava na tribuna e sempre querendo o melhor para o munícipio.
"Sentimos a perda do vereador Amauri, que sempre foi muito atuante, uma liderança forte do seu bairro, que sempre lutou muito por aquilo que ele acreditava e, principalmente, lutou muito pela sua vida", comentou a vereadora Rafa Vancini (MDB).
A Prefeitura de Gaspar também lamentou a morte do vereador e servidor público efetivo. Em nota, afirmou: "A administração municipal se solidariza com todos os familiares e amigos e, em sinal de reconhecimento e respeito por todo trabalho desenvolvido em prol da comunidade, o prefeito Kleber Wan-Dall, através do decreto de nº 10.759, decreta luto oficial no município, pelos próximos três dias", informa a nota. Amauri deixa a esposa Wanderleia, três filhos - Carina, Amauri Ricardo e Carlos Eduardo - e três netos: Renata, Rafaela e Ricardo.
Trajetória comunitária e política
Amauri Bornhausen foi eleito para o primeiro mandato com a terceira maior votação entre os 13 parlamentares que conquistaram cadeira na 19ª legislatura. Muito atuante na sua comunidade, Amauri era conhecido pelo seu envolvimento nos eventos sociais e religiosos. Era catequista na Capela Santa Terezinha. Em 2016, tentou pela primeira vez vaga na Câmara de Vereadores pelo PP, mas não se elegeu (459 votos). Na segunda tentativa, em 2020, recebeu mais que o dobro: 1.059 votos.
Embora tivesse sido eleito por um partido da base do governo municipal, Amauri comprou algumas brigas com o Executivo. A primeira delas foi uma Moção de Repúdio contra declarações do Secretário Municipal da Educação, Emerson Antunes, que, em reunião com professores tratou de maneira pejorativa a situação dos alunos e da Escola Estadual Honório Miranda. O vereador chegou a pedir a saída do secretário, porém, a moção não foi aprovada pela maioria dos parlamentares. Amauri também votou contra a compra do terreno da Furb, em 2021, pela administração municipal. No entender dele, o município deveria investir o dinheiro em áreas com as da Saúde e Educação.
Amauri dizia que seu trabalho era direcionado para quem o elegeu, ou seja, a comunidade. Os votos, repetia, vieram dos muitos amigos e parceiros que encontrou na vida, e do trabalho religioso que deixou marcas nas pessoas e elas nele. O vereador era funcionário efetivo da Secretaria de Obras e Serviços Urbanos, onde exerceu o cargo de escriturário e por duas administrações a função de Diretor de Obras. Desde que foi eleito estava cedido à Câmara Municipal.
A doença
Amauri era cadeirante em função de duas isquemias que levaram os médicos a amputar suas duas pernas. Isso, porém, não foi barreira para ele levar adiante o seu projeto de entrar para a política. Eleito, a Câmara de Vereadores precisou passar por uma reforma para que o vereador pudesse ter acessibilidade ao plenário e outras áreas da Casa de Leis. No primeiro ano, ele ocupou o cargo de 1º secretário da Mesa Diretora.
Projetos
Entre as principais bandeiras de Amauri, estão dois projetos. O primeiro cria um programa de ações preventivas à depressão e ao suicídio entre adolescentes nas escolas municipais de Gaspar, o outro introduziu multa para a pessoa que cometer atos de vandalismo contra o patrimônio público.
O vereador do PDT também foi autor do pedido ao governo municipal para a ativação Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Gaspar - COMDEG. A lei complementar foi sancionada pelo prefeito Kleber Wan-Dall, em junho do ano passado, e Amauri soube reconhecer o gesto do Executivo. "Entendo que as políticas públicas possibilitam a concretização dos direitos para as pessoas com deficiência, ocasionando a inclusão e integração delas na sociedade. Estou muito agradecido pela atenção dada pelo prefeito à nossa comunidade", afirmou na época. Em outro projeto de lei, em parceria com vereadora Zilma Sansão Benevenutti (MDB), Amauri homenageou a professora Salete Deggau, que teve seu nome dado à Biblioteca da Escola de Educação Básica Zenaide Schmitt Costa. Em uma das suas ultimas ações como legislador, Amauri conseguiu recursos para a compra de uma retroescavadeira, por intermédio da deputada estadual Paulinha que liberou R$ 300 mil da sua verba de emendas parlamentares. O município complementou com R$ 132 mil.
A doença
Amauri estava internado desde o mês passado no Hospital Santa Isabel, se recuperando de uma angioplastia (tratamento não cirúrgico das obstruções das artérias coronárias). Ele recebeu alta na semana passada e estava se recuperando em casa, porém, teve que retornar para o hospital para uma cirurgia de apendicite que acabou atingindo parte do intestino. Nesta segunda-feira, o vereador recebeu alta, mas acabou sofrendo uma parada cardiorrespiratória quando já estava em casa e não resistiu.
Há mais de um ano, o vereador passou a sofrer de problemas cardíacos. Em julho de 2021, após uma tumultuada sessão legislativa, Amauri passou mal ao chegar em casa. Pela manhã, a esposa o levou ao Hospital de Gaspar. Depois da avaliação médica, o parlamentar foi transferido para o Hospital Santa Isabel, onde passou por duas intervenções cirúrgicas para a colocação de cateterismo e implantação de um stend. Ele permaneceu internado alguns dias, recebeu alta, porém, retornou para realizar uma terceira intervenção para desobstrução de outra artéria. Neste período, Amauri se licenciou do legislativo. Amauri deixou a esposa Wanderléia Gonçalves Bornhausen e os filhos Carlos Eduardo Gonçalves Bornhausen, Amauri Ricardo Gonçalves Bornhausen e Carina Gonçalves Bornhausen, e três netos.
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