
Câmara de Gaspar abre as portas para discutir obrigatoriedade da vacina contra Covid-19 em crianças

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Grupo de pessoas afirma que o imunizante tem graves efeitos colaterais (Fotos: DIVULGAÇÃO MINISTÉRIO DA SAÚDE)
Evento tem confirmada a presença de oito vereadores da Casa
A Câmara de Vereadores de Gaspar vai abrir suas portas e ceder seu espaço para um assunto polêmico, que vem sendo discutido desde 2023, quando o Ministério da Saúde decidiu incluir no Plano Nacional de Imunização (PNI) a vacina contra a Covid-19 para bebês de seis meses a crianças de até cinco anos. O assunto será debatido na próxima quarta-feira, dia 12, a partir das 18h, em evento organizado por um grupo de pessoas que defende a não obrigatoriedade da vacina em crianças. No folder de divulgação, enviado à redação do Jornal Metas e que circula nas redes sociais, aparecem as fotos e nomes de oito vereadores que confirmaram presença na audiência, sendo seis da base do governo e dois da oposição. São eles: Alex Burnier (PL), Alyne Nicoletti (PL), Carlos Eduardo Schmidt (PL), Elisete Amorim Antunes (PL), Sandra Maria Hostins (PL), Thímoti Deschamps (União), Ciro André Quintino (MDB) e Carlos Francisco Bornhausen (MDB).

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Oito parlamentares já garantiram presença na audiência (Fotos: DIVULGAÇÃO)
A polêmica em torno do assunto se estabeleceu depois que o Ministério da Saúde incluiu a vacina contra Covid-19 para crianças de 6 meses a 5 anos no PNI, ou seja, a tornou obrigatória, a partir de 2024. A ex-ministra da Saúde, Nísia Trindade, esteve por três vezes diante da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados, para defender a medida, que segundo ela, segue recomendação de sociedades científicas das mais qualificadas do mundo. Na época, ela revelou que 110 crianças morreram em decorrência da doença em 2023, quando foram registrados 3.379 casos de síndrome respiratória aguda grave por Covid-19 em menores de 1 ano, e 1.707 casos na faixa de 1 a 4 anos. O Governo Federal ainda argumenta que a discussão em torno dos efeitos colaterais não comprovados cientificamente da Covid-19, somados a notícias falsas, tem impactado em todo o Plano Nacional de Imunização, com a redução drástica do número de crianças anualmente vacinadas contra outras doenças: sarampo, rubéola, coqueluche e paralisia infantil.
Do outro lado estão grupos que defendem a não obrigatoriedade da vacina contra a Covid-19 em bebês de seis meses e crianças de até cinco anos. Eles se baseiam em teorias de médicos brasileiros e estrangeiros que dizem que o imunizante ainda está em fase experimental e que não deveria ser aplicado em crianças por conta dos riscos. Esses médicos, cientistas e até alguns laboratórios farmacêuticos classificam o imunizante contra a Covid-19 de terapia gênica e não de vacina. Leandro Nuhs, um dos organizadores da audiência, diz que sofreu uma intimiação do Ministério Público de SC e até perseguição depois que foi denunciado por não ter vacinado seu filho quando este tinha oito meses de vida. "A nossa briga é contra a obrigatoriedade dessa injeção, porque ela não imuniza", acredita.
Na próxima quarta-feira, além dos oito vereadores de Gaspar, confirmaram presença no plenário os advogados Adriana Marra e João Alberto. Já os médicos, cientistas e pais, num total de mais de 10 convidados, todos contrários ao imunizante, deverão se manifestar de forma online durante os debates. A assessoria de imprensa da Casa informou que não se trata de uma audiência pública do Poder Legislativo, já que não houve um procedimento protocolar, no caso, a votação de um requerimento em plenário, embora a cessão do plenário para realização do evento foi autorizada pelo presidente da Casa, Alex Burnier. “Estamos apenas cedendo o espaço da Câmara para a audiência”, reforça a comunicação.
O que diz a Fiocruz
A efetividade das vacinas contra covid-19 usadas em crianças e adolescentes é de quase 90%, e os efeitos adversos graves são raramente relatados, afirma a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A imunização também ajuda a prevenir a covid-19 longa, quadro que permanece após quase um terço dos das infecções.
Os cientistas da fundação responsáveis pelos estudos coordenam o Projeto VigiVac, que monitora dados de vacinação, como adesão, efetividade e ocorrência de eventos adversos.
Segundo os cientistas, a vacinação reduz em 41% o risco de crianças e adolescentes desenvolverem covid longa, proteção que é ainda maior para crianças com até seis meses da última dose da vacina, chegando a 61%.
"Esse conjunto de achados demonstra a proteção das vacinas contra Covid-19, inclusive em casos considerados como “falha vacinal”, isto é, em casos em que a pessoa não é protegida da infecção. Portanto, as vacinas contra Covid-19 são efetivas em proteger contra formas graves da doença e suas complicações residuais", diz a Fiocruz.
A fundação lembra ainda que de cada 100 mil bebês de até 1 ano, ao menos quatro morreram de covid-19 entre 2021 e 2022, auge da pandemia. Mesmo assim, reforça a Fiocruz, "a cobertura vacinal desse imunizante no Brasil ainda encontra-se em números abaixo do esperado, chegando a menos de 25% na faixa etária de 3 a 4 anos de idade com duas doses".
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Oito parlamentares já garantiram presença na audiência (DIVULGAÇÃO)
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