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Prefeito diz que dívida herdada vai frear novos investimentos
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Fotos: Daniel Nogueira/JM)
Com uma dívida de mais de R$ 50 milhões, Koerich admite que o primeiro ano de governo será para colocar a casa em ordem para depois começar a executar de fato o Plano de Governo
Ainda se ajustando à cadeira de Prefeito, Paulo Norberto Koerich já enfrentou o primeiro grande desafio neste primeiro mês de governo. Uma enxurrada que colocou a cidade em situação emergência. Com falta de maquinário para o trabalho de recuperação, o prefeito apelou por ajuda de outros municípios. Retomada a rotina, Koerich se deparou com o que ele chama de uma realidade que de onde ele vem não dá para concordar. O prefeito tem perdido algumas horas de sono com uma dívida de mais de R$ 50 milhões, entre financiamentos e precatórios, que são ordens judiciais que exigem o pagamento dentro do prazo estipulado pela justiça. A ordem, portanto, é fechar torneiras, revisar procedimentos internos e contratos com prestadores de serviço. Confira, a seguir, a primeira entrevista concedida pelo prefeito Paulo Koerich ao Jornal Metas desde que começou efetivamente a governar Gaspar. A entrevista também pode ser assistida em vídeo, ao fim desta matéria.
Jornal Metas: Como o senhor encontrou a Prefeitura no dia 2 de janeiro, quando efetivamente começou o trabalho?
Paulo Norberto Koerich: Nós encontramos a Prefeitura dentro de uma realidade que de onde eu venho não dá para concordar. Nós tivemos de fazer uma organização e revisão de processos, fazer a gestão fiscal e eficiência administrativa, retomar o trabalho 100% presencial e iniciar a revisão dos contratos de licitação com foco na economicidade. Estamos fazendo uma revisão das funções gratificadas, além do que é do conhecimento público que nós temos um parque de máquinas sucateado e isso dificulta o atendimento às necessidades do cidadão. Essa é a realidade que nós encontramos. Nós temos ainda R$ 30 milhões em financiamentos contraídos anteriormente (gestão Kleber Wan-Dall/Marcelo Brick), além de R$ 5 milhões em restos a pagar e R$ 17 milhões para serem pagos ainda este ano de precatórios. Obviamente, isso traz uma dificuldade para a administração e para o gestor que tem de fechar torneiras e buscar soluções. Temos uma equipe comprometida com o governo e principalmente com a cidade.
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Fotos: Daniel Nogueira/JM)
JM: Diante deste cenário, o primeiro ano será muito mais para colocar a casa em ordem do que propriamente executar obras e realizar investimentos?
PK: Sem dúvida, fazer a revisão de procedimentos, porque a administração pública tem que ser baseada em procedimentos e não em pessoas e isso nós estamos fazendo. Por exemplo: o trâmite interno da prefeitura, e nós estamos na era digital, é tudo ainda via documento físico, ou seja, papel. Nós temos que inovar, buscar economicidade, trabalhar no foco mundial das questões ambientai, nós estamos aí com os eventos climáticos batendo na nossa porta. Fomos vítimas recentemente disso. Então, nós temos que buscar soluções na digitalização de procedimentos internos, para que os órgãos dentro da prefeitura conversem entre si e deem celeridade aos processos.
JM: Na última enxurrada, em janeiro, ficaram evidentes as carências do município no atendimento à população. A prefeitura, inclusive, precisou recorrer a outras prefeituras para agilizar a recuperação dos estragos. O que fazer para melhorar?
PK: Neste início de governo, um dos nossos focos é a reestruturação da Defesa Civil e nós, felizmente, trouxemos pessoas que já tinham uma certa expertise nas ações de defesa civil e fizeram com que uma equipe, que foi montada no ano passado, mas que nunca havia sido formada, disciplinada e trabalhado junto, tivesse que se moldar e atender às necessidades do cidadão e da cidade. Felizmente, com as condições que nós temos e encontramos atendemos a todos. Batemos à porta, como eu fiz, nas Prefeituras de Indaial, Timbó, Pomerode, Barra Velha, Blumenau e Apúna, pedindo socorro porque nós não tínhamos equipamentos pesados para atender às nossas necessidades, tivemos dificuldades com o rompimento de galerias e comprometimento de pontes, mas tudo isso nós superamos e estamos atendendo, obviamente com limitações, pois a administração pública tem amarras legais que mesmo que você tome a decisão neste momento a ação somente vai se concretizar mais à frente. Eu sei que a população tem cobrado, mas eu, o meu vice, Rodrigo Althoff e secretários ficamos angustiados em não poder atender a todos. Um exemplo é a roçada. Tem gente que critica porque o prefeito foi junto com uma equipe de comissionados atender um reclame da cidade. Quando eu posso, eu irei fazê-lo. Estou à frente de uma equipe, juntamente com o vice-prefeito, na construção de uma cidade melhor, porque queremos que a cidade seja o motivo do nosso orgulho. Os interesses particulares existem, mas nunca podem se sobrepor aos interesses da cidade e do interesse público. No nosso Plano de Governo assumimos o compromisso com a população e já o colocamos em prática, que era estender o horário de atendimento nos postos de saúde, não fecharemos mais para o almoço.
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Fotos: Daniel Nogueira/JM)
JM: Observa-se falta de mão de obra, principalmente na área da educação. A Prefeitura fez uma chamada para ACTs neste começo de ano. Pais e alunos da rede municipal podem ficar tranquilos que não faltarão professores?
PK: Para surpresa de todos, este ano o número de pessoas que se apresentaram para trabalhar na rede pública municipal foi muito superior a anos anteriores. Agora, se todas as pessoas que tem habilitação para ser professor e que estavam lá na seleção vão trabalhar conosco eu não posso afirmar porque outros municípios também vão fazer chamada pública. O próprio Governo do Estado também vai realizar chamada. Portanto, corremos o risco dessas pessoas migrarem para outros municípios ou mesmo para a rede pública estadual.
JM. A questão do hospital teve um sinal positivo de que o Hospital Santo Antônio pode vir a assumir a gestão do Hospital de Gaspar. Como está esse encaminhamento?
PK: O hospital tem que ter uma atenção especial. Vou te revelar, em primeira mão, que nós estamos em tratativas com outros segmentos, buscando a solução. O hospital tem que ser tratado com um diferencial. Nós temos que ter um hospital que atenda a todos nós, que tenha as condições ideais de atendimento. Um hospital que seja referência, que tenha referências médicas, nós temos que trabalhar para isso, deixarmos de ser um município que leva o seu povo para hospitais de outras cidades, nós precisamos mudar e isso não é fácil. Já perdi noites de sono durante a transição e depois que ganhamos a eleição. Já conversei com várias pessoas e nós temos exemplos de outros municípios onde os hospitais são cases de sucesso e nós temos que buscar o que deu certo lá e adequar à nossa realidade, para atender dignamente as pessoas e é isso que nós vamos fazer, estamos trabalhando nisso e vamos conseguir.
JM: Já se lê e se ouve, principalmente nas redes sociais, algumas reclamações com relação a roçagem, limpeza, varrição de ruas e recolhimento de lixo. É também falta de fato mão de obra? Inclusive, o senhor está tentando uma parceria com o Sistema Penal Catarinense para ocupar a mão de obra de detentos nos serviços de rua. Isso vai resolver?
PK: Existem informações que não chegam ao cidadão. No caso do lixo, a Prefeitura tem um contrato firmado com uma empresa para a coleta de lixo e esse contrato é feito com base em em índices e estatísticas que geram um número, no caso, tonelagem. Pelas informações que apuramos, Gaspar já ultrapassou o número de tonelagens que foi contratado. Com isso, existe a necessidade de se fazer aditivos. Portanto, a Prefeitura tem de buscar mecanismos para obter algumas informações sobre a nossa população e usarmos no momento de contratar o serviço. Nós também precisamos dar a destinação correta ao lixo, temos que trabalhar a questão da coleta seletiva. A questão da roçagem estamos buscando a contratação de empresas para auxiliar, mas com base na tabela do SINAP (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil), pois existe diferença entre você roçar a rua em metro linear e uma calçada que é por metro quadrado. Paralelamente, já conversamos com o superintendente regional da Polícia Penal para utilizar a mão de oba do apenado que já cumpriu todas as exigências da lei e que está faltando apenas um pequeno passo para voltar a conviver em sociedade; com isso nós teremos pessoas que poderão auxiliar na zeladoria do município com já existe em Indaial e Joinville e outros municípios. Nós iniciaremos, num primeiro momento, com dez apenados e se houver a possibilidade, dentro de critérios, aumentaremos essa equipe.
JM. A administração anterior deixou obras em início, como a drenagem e pavimentação de mais um trecho da Frei Solano, a continuação da Leonardo Pedro Schmitt, assim como da Vidal Flávio Dias. Vai ter dinheiro para concluir essas obras dentro dos prazos previstos nos contratos?
PK: Essas obras foram iniciadas, existe um contrato firmado e uma ordem de serviço expedida. Evidente que nós queremos finalizá-las; como eu já disse, estamos fazendo revisão de contratos, porque são obras de vulto maior. Vamos analisar todos os pré-requisitos do edital, do memorial descritivo, da realização da obra, inclusive do aspecto financeiro.
JM: O que a cidade de Gaspar pode esperar do Governo do Estado?
PK: O governador Jorginho Mello já disse anteriormente e tornou a dizer nas conversas que tivemos que é parceiro de Gaspar e vai nos auxiliar. Neste momento, ele já nos auxiliou com a destinação de recursos e, vou lhe dar em primeira mão, a destinação de dois equipamentos que nós julgamos são imprescindíveis para atender as nossas necessidades, e vamos adquirir outros. E, na sequência, dentro de um plano de governo e das ações que ele está fazendo, o governador virá a Gaspar e que nós seremos agraciados com recursos para atender a nossa cidade, para isso é importante que nós tenhamos projetos.
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Fotos: Daniel Nogueira/JM)
JM; A Câmara de Vereadores retomou os trabalhos legislativos. Como vai ser esse relacionamento daqui pra frente?
PK: Eu entendo que os poderes da República, o Poder Judiciário, Poder Executivo e Poder Legislativo são independentes e harmônicos. E não é diferente no âmbito municipal. Eu não tenho problema com o Poder Legislativo e não o terei, porque não irei apresentar projetos que tragam satisfação para o prefeito. Os projetos que serão levados para discussão na Câmara dos Vereadores são do interesse da cidade, tanto o Legislativo quando o Executivo têm a responsabilidade com cada cidadão. Não podemos pensar em política partidária, temos que pensar na cidade.
JM: Para finalizar, a palavra de ordem para a população nos parece ser paciência para se colocar a casa em ordem e depois o governo realizar as obras e investimentos aguardados?
PK: Mais do que qualquer gasparense, eu, com o vice-prefeito Rodrigo e todos os secretários estamos agoniados e ansiosos para podermos atender a todos. Nós temos limitações neste momento, vamos superá-las e fazer a cidade de Gaspar ser orgulho de todos nós, precisamos superar esse momento que enfrentamos, estamos com muita responsabilidade, fazendo o dever de casa, adequando rotinas e procedimentos e vamos começar a trazer resultados positivos para a cidade de Gaspar.
Confira a entrevista completa
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Daniel Nogueira/JM)
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Daniel Nogueira/JM)
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Entrevista exclusiva de Paulo Koerich, prefeito de Gaspar, ao Jornal Metas (Daniel Nogueira/JM)
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