Só uma vez um filme estrangeiro superou as produções de língua inglesa no Oscar
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Em Ainda Estou Aqui, Fernanda Torre é Eunice Paiva, esposa do preso político Rubens Paiva (Fotos: DIVULGAÇÃO)
Ainda Estou Aqui e a atriz Fernanda Torres poderão fazer história na premiação norte-americana
“Ainda Estou Aqui”, filme de Walter Salles, entra para a história do cinema nacional ao receber três indicações para o Oscar 2025, o maior prêmio do cinema mundial: Melhor Filme Internacional, Melhor Filme e Melhor Atriz. Anteriormente, em 1999, Central do Brasil, também dirigido por Walter Salles, havia recebido duas indicações: Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Atriz, para Fernanda Montenegro.
Embora tenha sido indicado em diversas outras categorias, o cinema brasileiro jamais conquistou a tão cobiçada estatueta. Há casos em que produções 100% nacionais marcaram presença nas relações, enquanto outras, apesar de terem sido gravadas no Brasil, representaram outros países.
Em 1993, a brasileira Luciana Arrighi ganhou um Oscar de Melhor Direção de Arte (hoje chamado de Design de Produção) pelo filme "Retorno a Howards End", com Anthony Hopkins e Emma Thompson.
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O filme Central do Brasil e a atriz Fernanda Montenegro concorreram em 1999 (Fotos: DIVULGAÇÃO)
Melhor filme internacional
O Oscar de Melhor Filme Internacional (anteriormente chamado de Oscar de Melhor Filme Estrangeiro) é entregue para um longa-metragem produzido fora dos Estados Unidos com diálogos predominantemente em uma língua diferente do inglês. Essa categoria foi incluída apenas no final da década de 1940.
A produção brasileira disputa este ano a premiação com A Garota da Agulha (Dinamarca), Emilia Pérez (França), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).
Diferentemente dos outros Oscars, o prêmio de Melhor Filme Internacional não é entregue a um indivíduo específico. Ele é aceito habitualmente pelo diretor do filme vencedor, porém o prêmio é atribuído ao país de origem do filme. Durante anos, o Oscar de Melhor Filme Internacional e seus predecessores foram entregues quase que exclusivamente a filmes europeus: dos 66 prêmios entregues pela Academia desde 1948, 54 foram para filmes europeus, seis para asiáticos, três para africanos e três para filmes das Américas.
Federico Fellini dirigiu quatro filmes vencedores, mais do que qualquer outro diretor. Se os Prêmios Especiais forem levados em conta, o recorde de Fellini é empatado por Vittorio De Sica. O épico soviético Voyna i Mir, por sua parte, é de longe o filme mais longo e caro a vencer o prêmio de Melhor Filme Internacional. Filmado por vários anos durante a década de 1960 para um custo estimado em 700 milhões de dólares e duração de aproximadamente sete horas, é o filme mais caro da história se medido ajustando-se a inflação.
O país estrangeiro mais premiado é a Itália, com estatuetas ganhas (incluindo três prêmios honorários) e 28 indicações, enquanto a França é o país estrangeiro com o maior número de indicações (37 para 12 vitórias, incluindo três prêmios honorários). Ainda Estou Aqui poderá ser o primeiro filme de Língua Portuguesa a conquistar a estatueta.
Melhor Filme
Ainda Estou Aqui também foi indicado pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos ao Oscar de Melhor Filme. Nesta categoria também participam as produções norte-americanas e de língua inglesa. Desde 1929, quando a premiação foi instituída, apenas um filme de produção 100% estrangeira venceu o Oscar e não faz muito tempo. Em 2020, o concorrente da Coreia do Sul, Gisaengchung, lançado no Brasil com o título de Parasitas, tornou-se o primeiro vencedor do prêmio de Melhor Filme Internacional, e o primeiro filme não falante de inglês a também ganhar o prêmio de Melhor Filme. Se vencer, Ainda Estou Aqui irá fazer história também nesta categoria. Se não vencer, também faz história, pois estar entre os cinco finalistas ao Oscar nesta categoria significa ter passado por uma pré-seleção de mais de 80 filmes.
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Parasita foi o primeiro filme 100% estangeiro a vencer o Oscar (Fotos: DIVULGAÇÃO)
Ainda Estou Aqui concorre com Anora, O Brutalista, Um Completo Desconhecido, Conclave, Duna: Parte 2, Emilia Pérez, Nickel Boys, A Substância e Wicked. O grande adversário de Ainda Estou Aqui é uma produção também estrangeira. O francês “Emilia Peréz”, que recebeu o maior número de indicações este ano: 13, tornando-se o segundo filme mais indicado da história do Oscar, atrás apenas de Titanic, que recebeu 14 indicações.
Melhor atriz
Fernanda Torres, atriz principal de Ainda Estou Aqui, concorre ao Prêmio de Melhor Atriz, juntamente com Cynthia Erivo, Karla Sofía Gascón, Mikey Madison e Demi Moore. O Oscar de Melhor Atriz está presente desde a primeira cerimônia, ocasião em que Janet Gaynor venceu por sua interpretação em três distintos filmes: 7th Heaven, Sunrise: A Song of Two Humans e Street Angel. Atualmente, as indicadas são determinadas por voto único transferível de um grupo seleto de atores votantes; as vencedoras são escolhidas por maioria simples da votação da Academia.
A atriz brasileira vai tentar um feito quase inédito. Isto porque em todas as 96 edições da premiação norte-americana apenas duas atrizes conquistaram a estatueta por interpretações em filmes de língua não-inglesa: Sophia Loren por La Môme (francês) e Marion Cotillard por La Ciociara (italiano). Até então, a brasileira Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, era a única atriz de um país de Língua Portuguesa a ficar entre as cinco finalistas desta categoria, por seu trabalho em Central do Brasil (1999).
Fernanda Torres já foi premiada, no início do mês, com o Globo de Ouro de melhor atriz na categoria Drama. Esta foi a primeira vez que a premiação foi entregue a uma brasileira.
Katharine Hepburn é a atriz que conquistou mais estatuetas, com quatro vitórias. Frances McDormand recebeu o prêmio três vezes. Treze atrizes venceram pelo menos duas vezes; em ordem cronológica: Luise Rainer, Bette Davis, Olivia de Havilland, Vivien Leigh, Ingrid Bergman, Elizabeth Taylor, Glenda Jackson, Jane Fonda, Sally Field, Jodie Foster, Hilary Swank, Meryl Streep e Emma Stone.
Meryl Streep é a atriz com mais indicações na categoria, ao todo, 17 indicações. Quvenzhané Wallis detém o título de indicada mais jovem, com nove anos no papel em Beasts of the Southern Wild (2013); Marlee Matlin, por sua vez, detém o de vencedora mais jovem, quando venceu com vinte e um anos por Children of a Lesser God. Por outro lado, Emmanuelle Riva foi a indicada mais velha, pelo filme Amour (2012), aos 85 anos; a vencedora mais velha foi a atriz Jessica Tandy, com 80 anos de idade, por Driving Miss Daisy (Conduzindo Miss Dasy) (1990).
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No início do mês de janeiro, Fernanda Torres ganhou o Globo de Ouro na categoria Melhor Ariz / Drama (Fotos: DIVULGAÇÃO)
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