A inesquecível Ruth Fontes: legado e carisma
-
Ruth com os filhos Cláudio (in memorian), Clóvis, Raquel Maria (in memorian), Rosa Maria e Carlos Eurico, comemorando o seu 90º aniversário em 2014 (Fotos: fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
No centenário do seu nascimento, a homenagem a mulher que viveu para a família e comunidade
Se estivesse viva, Ruth Fontes “de Gaspar” completaria, nesta sexta-feira, dia 13, cem anos de uma vida repleta de feitos marcantes, elegância e contribuições para a comunidade gasparense. Nascida em 13 de dezembro de 1924, Ruth era filha de Carlos Wehmuth (1885-1951) e Gertrudes Madalena Schmitt (1889-1963) e cresceu no centro de Gaspar, onde seu carisma conquistava todos ao redor.

-
Ruth viveu para a família e a comunidade de Gaspar (Fotos: fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
Ruth exerceu a profissão de professora e destacava-se como costureira de roupas finas. Em 14 de abril de 1945, uniu-se em matrimônio com seu vizinho Carlos Barbosa Fontes (1919-1956), conhecido como Carlito.Ele era filho do industrial Eurico da Silva Fontes e de Hilda Barbosa, além de ser um jovem contabilista, jornalista e líder esportivo, reconhecido por sua atuação na sociedade de Gaspar e região. Dessa união, nasceram cinco filhos.

-
O ex-marido Carlito Fontes (Fotos: fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
A vida trouxe desafios precoces para Ruth, como a perda do marido aos 37 anos. Ela passou a integrar a equipe do recém-inaugurado Posto de Saúde de Gaspar, ao lado de nomes como Leonor Zimmermann, Teresa Lemfers, Beatrice Koerich, Lusa Schmitt e sua irmã Inge, carinhosamente chamada de “Puchi”. Este posto, localizado na Rua Augusto Beduschi, nº 130, foi a primeira unidade de saúde pública do município, inaugurada em 1956. Paralelamente, Ruth também atuava de forma intensa na comunidade católica, como catequista e integrante de associações religiosas.

-
Em 1961, o Núncio Apostólico, representante do Papa no Brasil, se hospedeu na casa da família Fontes (Fotos: fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
Lembranças
Eduardo Schwartz, o Dado, afilhado de Ruth, compartilhou suas lembranças emocionadas sobre a madrinha. Ele conta que seus pais eram muito amigos do casal Ruth e Carlito, o que resultou no convite para que ela fosse madrinha de Eduardo. “Minha principal convivência com ela foi no Postinho de Saúde, onde eu ficava sempre atento a como ela tratava as pessoas”, relembra. Eduardo destaca que o maior ensinamento que recebeu de Ruth foi o de tratar todas as pessoas de forma igual, independentemente de condição financeira, raça ou qualquer outra diferença. “Isso é algo que carrego comigo e procurei passar para meus filhos”, afirma. Ele também recorda com carinho dos presentes de Páscoa que Ruth fazia questão de lhe entregar, demonstrando o cuidado e o afeto que tinha pelo afilhado.
Eduardo, hoje com 66 anos, casado, pai de três filhos e morador do bairro Sete de Setembro, em Gaspar, conviveu com Ruth até sua mudança para Florianópolis, em 1977. Eduardo também relembra um momento especial em 1997, quando presidia o Clube Atlético Tupi, em Gaspar, e esteve ao lado de Ruth durante a inauguração da nova iluminação do estádio e do terreno adquirido pelo clube. “Foi um privilégio tê-la como madrinha, um presente que marcou minha vida”, conclui.
A modernidade e o acolhimento sempre fizeram parte do lar de Ruth. A residência da família, que havia pertencido ao sogro, foi palco de momentos históricos, como a hospedagem do representante do Papa (Núncio Apostólico) e sua comitiva durante os festejos do Centenário da Paróquia e Freguesia de Gaspar, em 1961. A paixão de Ruth por viagens a levou a conhecer destinos como Jerusalém, Alemanha, Itália, Portugal e diversos países das Américas. Um de seus períodos mais marcantes foi a estadia em Barcelona, na Espanha, onde acompanhou sua filha, a professora Raquel Maria, em uma de suas jornadas acadêmicas.
Em 1977, Ruth mudou-se para Florianópolis, onde a maioria de seus filhos residia. Aposentou-se em 1983, no Departamento de Saúde Pública de Santa Catarina, e viveu seus últimos dias cercada de carinho, amor e amizade. Cem anos após seu nascimento, Ruth Fontes permanece viva na memória de quem teve o privilégio de conhecê-la. Sua trajetória é um exemplo de dedicação, resiliência e amor pela família e pela comunidade. Ruth morreu em 2020, aos 95 anos de idade. O afilhado Eduardo bem resume: “O mundo seria um lugar muito melhor se houvesse mais pessoas como Dona Ruth”.
FOTOS E PESQUISA:ARQUIVO HISTÓRICO DE GASPAR LEOPOLDO JORGE THEODORO SCHMALZ
-
Ruth viveu para a família e a comunidade de Gaspar (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
A escola de Rodolfo Guinther, onde ela iniciou seus estudos (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
O Hotel Wehmuth, instalado pelo seu avô Bruno Wehmuth (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
Residência da família Fpntes, na Rua Coronel Aristiliano Ramos - década de 1930 (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
Primeira unidade de saúde de Gaspar, na Rua Augusto Beduschi, onde Ruth trabalhou (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
O ex-marido Carlito Fontes (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
Encontro com as primas no Fazzenda Park Resort (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
Em 1961, o Núncio Apostólico, representante do Papa no Brasil, se hospedeu na casa da família Fontes (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
-
Gertrudes e Carlos Wehmuth, mãe e pai de Ruth (fOTOS: ARQUIVO histórico de gaspar leopoldo Jorge Theodoro Schmalz)
Deixe seu comentário