Vera Lúcia Spengler e Eliete Reinert Pereira percorreram a pé, em 12 dias, o famoso roteiro religioso Caminho da Fé

Caminhar 320 quilômetros não é tarefa fácil, mais ainda quando é revestida de misticismo e religiosidade. As gasparenses Vera Lúcia Wehmuth Spengler e Eliete Reinert Pereira toparam o desafio de percorrer o mais famoso percurso de peregrinação religiosa do Brasil: o Caminho da Fé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo. Entre os dias 22 de julho e 2 de agosto, as amigas encararam os mais de 300 quilômetros de Águas da Prata-SP, passando por 17 outras cidades, até o destino final: o santuário de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte-SP.

O Caminho da Fé atrai milhares de peregrinos todos os anos, que percorrem a distância a pé ou de bicicleta. Não é a primeira vez que as duas amigas encaram uma distância tão longa a pé, mas esse foi, sem dúvida, o maior desafio de todos e exigiu uma preparação física e psicológica. Vera e Eliete treinaram com personal trainer, para estarem aptas à caminhada. “Quando eu fiz o Vale Europeu, em 2022, percebi que não estava tão bem preparada, pois uma longa caminhada não é simplesmente colocar um tênis e sair caminhando por aí, por isso dois meses antes a Daiana Oneda (personal trainer) me deu uma planilha de treinos diários cuja meta era atingir 32km”, conta Vera.

• Gasparenses no Caminho da Fé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo (Fotos: DIVULGAÇÃO)

Mesmo assim, ela revela que teve momentos em que achou que não iria conseguir completar o percurso. “No segundo dia, que são 35km, o teu corpo ainda não está totalmente adaptado, e com tanta subida e descida eu admito que não foi fácil, eu pensei: - não vou dar conta, mas a minha fé e determinação eram tão grandes que, ao final de cada dia, eu só pensava: - hoje foi mais um dia e eu concluí”.
O trecho mais difícil, relembra Vera, foi na reta final da caminhada, quando faltando cerca de 60km as duas amigas encararam os 7,5km de subida da Serra da Luminosa, com mais de mil metros de altimetria. “Eu desci esse trecho chorando, pois os meus joelhos doíam muito depois de subir tanto”, recorda Vera.

• Gasparenses no Caminho da Fé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo (Fotos: DIVULGAÇÃO)

As lágrimas, no entanto, não brotaram apenas do cansaço e da dor física. Em vários momentos, Vera e Eliete não conseguiram segurar a emoção, pois o Caminho da Fé é envolto em muita espiritualidade, onde os peregrinos são “convidados” a se autoconhecerem e se aproximarem mais de Deus. Em cada cidade, existem pequenos santuários, onde as pessoas param para orar e “ouvem” sua voz interior, revitalizando a fé e a crença na bondade humana. “O Caminho da Fé não significa que você precisa ser Católico, Evangélico, Luterano, Espírita... não importa a crença religiosa, pois são momentos que você se vê interiorizado e acontecem coisas inesperadas, como uma pessoa que aparece do nada para te transmitir uma palavra de conforto ou alguém para te oferecer água naquele sol quente”, diz Vera. Segundo ela, não tem como não se emocionar e seguir em frente diante de tanta energia positiva.
Ela explica que durante a caminhada tem um carro de apoio acompanhando os peregrinos, porém, interromper o percurso para seguir neste veículo, observa Vera, é muito frustrante, até porque em todos os santuários por onde passam, os peregrinos recebem o carimbo em uma folha e, ao final, um certificado de conclusão do percurso. “O certificado pode parecer um simples papel, mas para mim tem um significado enorme”, emociona-se Vera.

• Gasparenses no Caminho da Fé, no Vale do Paraíba, interior de São Paulo (Fotos: DIVULGAÇÃO)

Ela e a amiga não pretendem parar por aí. O próximo desafio já está agendado: 800km de Santiago de Compostela em 2025. O Caminho da Fé é todo inspirado em Santiago de Compostela, o mais famoso caminho de peregrinação religiosa do mundo, partindo da França, próximo à fronteira com a Espanha.
Vera termina agradecendo a sua personal trainer e ao médico ortopedista Walter Heinig. Quinze dias antes da viagem, o médico gasparense cuidou do seu joelho. “Eu não estava com o joelho muito bom, e o Dr. Walter me preparou e ainda me transmitiu palavras de incentivo, para que eu fosse para esse desafio”, finaliza Vera.