As cidades de todos nós

As cidades de todos nós

O segundo turno das eleições municipais vai acontecer em três cidades catarinenses. Será uma nova oportunidade para quase 919 mil eleitores que não conseguiram estudar as propostas dos candidatos até a primeira chance de escolha, em 2 de outubro, ou que mudaram de ideia de lá para cá.

Não há dúvida da importância das eleições para presidente, senador, deputado, governador. Mas é nas cidades que vemos de perto os reflexos bons e ruins do nosso voto. Os vereadores já estão escolhidos, mas os prefeitos dos três maiores colégios eleitorais do Estado ainda precisam da decisão de cada um de nós.
O conceito de cidade que queremos é o que deve pesar na escolha. Seu candidato ou candidata conhece a cidade? Está preparado para a administração pública, com todas as suas limitações financeiras e políticas? Promete demais ou aposta nas reais possibilidades? Está preocupado com questões estruturantes? O meio ambiente está sem sua pauta? A cidade que ele planeja é mais inclusiva, feita para as pessoas de todas as condições sociais e físicas? Preste atenção.
O tema "cidades" é tão relevante, que será discutido pelos 149 países da ONU no próximo dia 17 de outubro na Habitat 3, em Quito, no Equador. A grande novidade dessa edição é a inclusão do tema "direito à cidade", pela primeira vez formalizado em um acordo assinado por todos os países participantes. Segundo o documento, aprovado recentemente em Nova Iorque, as cidades precisam estar no centro dos processos de desenvolvimento. Nada mais justo. É no âmbito municipal que vivenciamos na prática o acesso a serviços básicos, é onde sentimos seguros ou inseguros, livres para circular ou presos por engarrafamentos. É onde vemos o equilíbrio ou desequilíbrio no uso dos recursos naturais, onde circulamos com nossos pais e filhos, onde investimos nosso dinheiro.
Dados da ONU revelam que até 2050, 70% das pessoas em todo o mundo deverão habitar as áreas urbanas. Hoje, metade da população já está nas cidades, que concentram 80% do Produto Interno Bruto mundial. Seremos cada vez mais pessoas compartilhando os mesmos espaços e serviços, e por isso eles precisam ser planejados e cuidados. A conferência Habitat 3 defende que as pessoas possam "habitar e produzir cidades e moradias sustentáveis, resilientes, com preço justo, acessíveis, saudáveis, seguras e justas". O "direito à cidade" nada mais é que a garantia de poder usufruir de forma igual dos espaços e serviços disponíveis, sem nenhuma discriminação.
O Brasil já tem seu Estatuto da Cidade há 15 anos. Gestão democrática e garantia do direito à moradia, transportes públicos, saneamento ambiental, infraestrutura urbana, transporte público, trabalho e lazer são algumas das normas tratadas no Estatuto. Neste quesito estamos até mesmo à frente da ONU. Acontece que nosso país tem excelentes legislações, mas elas infelizmente nem sempre são levadas a cabo.
O instrumento de transformação mais efetivo que possuímos ainda é o voto. No próximo dia 30, alguns de nós terão mais uma chance para eleger representantes preparados. Ainda dá tempo de refletir, se informar, buscar indícios das intenções maiores que estão por trás das promessas. Nós temos sim, o poder de interferir no futuro das nossas cidades. A evolução é lenta, mas incessante. Não vamos desperdiçar esta oportunidade.

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