Obter ou não o voto do eleitor depende da performance do candidato ao longo da campanha e não de resultado de pesquisa

Ao contrário do senso comum, pesquisa eleitoral não serve para prever o resultado de uma eleição. Institutos de pesquisa não têm bola de cristal. As pesquisas medem a intenção de voto num intervalo de tempo e podem ajudar os candidatos a montarem estratégias de campanha. Mesmo que essa explicação já tenha sido exaustivamente repetida e defendida na mídia, há quem insista em afirmar que pesquisas são fraudadas, antecipam e definem o resultado da eleição, assim como tem gente que acredita que as urnas eletrônicas são violadas, que os computadores e servidores do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) são invadidos e que, de fato, a estória do chapeuzinho vermelho é pura verdade. Usam o resultado das pesquisas para se vitimizarem.
Pesquisas eleitorais sérias informam detalhadamente a metodologia empregada. É possível checar todas as informações no site do TSE, no qual os institutos de pesquisa precisam registrar o questionário que será aplicado antes de ir a campo, além de outros dados exigidos pela Justiça Eleitoral.
O principal motivo para se utilizar amostras em pesquisas eleitorais é tornar viável sua realização. Entrevistar todos os eleitores seria muito caro e demorado, para não se dizer impossível. Por outro lado, para garantir a confiabilidade dos dados, é necessário que no grupo de entrevistados haja representantes dos vários perfis da população como um todo. Por isso, fatores como idade, renda, escolaridade, gênero, cor, raça e sexo devem ser levados em conta como parâmetros nas amostras.
Pesquisa é, portanto, um esforço de medir o todo a partir de uma parte. Uma analogia comum é que, da mesma forma que se prova uma única colher de sopa para se sentir o sabor de um caldeirão completo, basta uma parcela da população-alvo para se conhecer a opinião da população como um todo. Mas não é qualquer parte.
Para determinar o perfil dos entrevistados, é fundamental que se faça um bom delineamento amostral, que nada mais é do que o planejamento detalhado do processo de seleção dos entrevistados. É bom que se diga que quanto maior a amostra, maior sua precisão para medir a intenção de voto. Isso significa que levantamentos com amostras maiores têm margem de erro menor, mas nunca passam dos 4% que, convenhamos, é bastante baixo.
E se tem margem de erro, é porque o resultado não é 100% confiável, não porque houve falha na coleta dos dados ou tentativa de fraude, mas porque pesquisa revela uma tendência de voto e não a antecipação do resultado das urnas. No entanto, a grande maioria das pesquisas eleitorais, quando feitas dentro da metodologia científica correta, acerta o resultado da eleição.
Mas, enquanto não se chega à totalização dos votos e o resultado final, institutos de pesquisa e quem os contrata são bombardeados de todos os lados. São chamados de mentirosos, tendenciosos e fraudadores.
Na eleição municipal do último domingo, dia 6, em Gaspar, a rotina de ataques a empresas de comunicação e institutos de pesquisas, via redes sociais, se repetiu até que a última mídia contendo os resultados fosse inserida no site do TSE.
O Instituto Catarinense de Opinião Pública e Estatística (INCOPE), contratado pelo Jornal Metas, realizou duas pesquisas de intenção de votos à Prefeitura de Gaspar. A primeira foi publicada no dia 29 de agosto e a segunda no dia 3 de outubro.
E para surpresa dos incrédulos e incautos, que passaram boa parte da campanha espalhando fake news nas redes sociais, a pesquisa do Jornal Metas se confirmou nas urnas, lavando a nossa alma.
Não se trata de vidência ou coincidência, mas simplesmente porque o instituto de pesquisa contratado pelo Jornal Metas usou a metodologia correta e acertou praticamente em cheio o resultado da eleição.
Não queremos ser senhores da verdade. Tampouco tripudiar sobre aqueles que nos atacaram insistentemente nesta campanha eleitoral, mas a verdade precisa ser restabelecida e dar a mão à palmatória.
As pesquisas, por nós publicadas, são um atestado inequívoco da seriedade, idoneidade e imparcialidade na condução da cobertura do pleito eleitoral de 2024, repetindo aquilo que já fizemos em mais de uma dezena de eleições e que faz parte da nossa história há quase 25 anos.
E se o resultado da eleição tivesse sido contrário às nossas pesquisas, também não estaríamos aqui admitindo culpa, reduzindo nossa qualidade editorial ou dando razão a quem nos critica, pois sabidamente o cenário de qualquer eleição pode mudar ao longo de uma campanha eleitoral. Todavia, jamais por influência das pesquisas. O eleitor é passional e muda o voto desde que haja um fato novo em que o candidato “A” se mostre melhor que o candidato “B”. E isso não depende de pesquisas eleitorais, mas de competência e de poder de convencimento.
Obter ou não o voto do eleitor depende da performance do candidato ao longo da campanha. Não somos nós, imprensa, que convencemos o eleitor quem é o melhor candidato para governar Gaspar, nós apenas oportunizamos aos eleitores ouvirem da boca dos candidatos as propostas por meio de debates e entrevistas. O eleitor é quem dá a palavra final nas urnas votando, ou deveria votar, no melhor projeto de governo para a cidade.
Se os quatro candidatos derrotados à Prefeitura de Gaspar não conseguiram mudar a tendência de voto que vinha se desenhando desde o início da campanha não é culpa da imprensa. A culpa é do próprio candidato. Creditar a derrota às pesquisas é simplório demais e esconde a incapacidade do candidato de captar o voto do eleitor. É a lógica!