Violência doméstica: rotina de medo

Sob diversas formas e intensidade, a violência doméstica e familiar contra as mulheres é uma rotina presente na sociedade. Tanto faz vivermos em países com mais ou menos liberdade, a violação dos direitos humanos contra as mulheres é extremamente grave e repugnante. No Brasil, estimativas revelam que cinco mulheres são espancadas a cada dois minutos. A agressão, muitas vezes, atinge primeiro o campo psicológico da vítima, para depois evoluir para o espancamento físico. E o mais grave é que o agressor dorme ao lado. Uma situação abusiva, que pode perdurar por anos e acabar da forma mais trágica possível: o assassinato, como ocorreu essa semana em Gaspar.
Não por acaso, uma pesquisa do IPEA (Instituto de Pesquisa e Estudos Aplicados) de 2014 revelou que 26% dos entrevistados concordam que “mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas”. E mais: 58% acham que “se as mulheres soubessem se comportar haveria menos estupros” e, por fim, 65% concordam que “mulher que é agredida e continua com o parceiro gosta de apanhar”. É verdade que já se passaram quase dez anos da pesquisa, mas a sensação é que as opiniões são muito atuais e nos levam a refletir sobre uma situação atual.
Mesmo diante de tantos dados estatísticos, a gravidade do problema não é reconhecida ou, no mínimo, amenizada e isso se deve a cenários históricos e culturais que mantêm vivas as teorias das desigualdades entre homens e mulheres. Atravessamos séculos para encurtarmos essa distância, que ainda nos parece longe do ideal. Por conta dessa histórica “desigualdade”, as vítimas são levadas ao silêncio, ao medo, ao perdão, a convivência com o agressor e até ao constrangimento de admitir culpa diante das autoridades que deveriam defendê-las.
Associamos a violência doméstica e familiar contra as mulheres a um namorado, marido ou ex que agride a parceira, motivado por um sentimento de pertencimento sobre a vida e as escolhas daquela pessoa. Um filme velho e rodado conhecido de uma sociedade acostumada a testemunhar diariamente dezenas de casos de agressão física e psicológica contra as mulheres. E aí nos perguntamos: onde estão as leis? Diversas leis e normas nacionais e internacionais dizem que é urgente reconhecer que a violência doméstica e familiar contra mulheres e meninas é inaceitável e, sobretudo, que os governos, organismos internacionais, empresas, instituições de ensino e pesquisa e a própria imprensa devem assumir o papel de protagonistas para reduzir os números dessa violência.
Um compromisso de não apenas veicular, no caso da imprensa, mas de produzir conteúdo que possa proporcionar às mulheres agredidas a certeza de que estarão protegidas a partir da denúncia. O cenário é grave, prejudica a trajetória pessoal de milhares de mulheres, vitimiza famílias inteiras e limita o desenvolvimento da sociedade como um todo.


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