Mais um dia de muito movimento no PA do hospital e unidades de saúde de Gaspar

A causa continua sendo o grande número de pessoas com sintomas de dengue e chikungunya

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Unidade de saúde do centro de Gaspar / FOTO JORNAL METAS

Enquanto a Prefeitura estuda uma solução para desafogar o atendimento no Pronto Socorro do Hospital de Gaspar, a população segue enfrentando longas filas. Hoje foi mais um dia de muita espera no PA do hospital. O motivo continua sendo a epidemia de dengue que avança rapidamente em todas as regiões do estado. Desde o começo do ano, o número de casos aumentou e as medidas preventivas adotadas até aqui não estão surtindo o efeito esperado. Já são mais de 40 mil casos de dengue e chikungunya, de acordo com o Painel de Monitoramento disponibilizado no site da Secretaria de Estado da Saúde. E as notícias não são boas, pois a previsão é que a epidemia faça um número ainda maior de vítimas nos próximos dois meses.  

Aguardar atendimento médico por até quatro horas, em média, numa unidade de saúde não é nada agradável. Mas esse é o tempo que as pessoas com suspeita de dengue têm permanecido dentro das unidades de saúde. E não é por falta de profissionais, embora alguns estejam afastados por dengue. O motivo é o aumento diário do número de pessoas que procuram os prontos atendimentos. Para se ter uma ideia, nos oito primeiros dias de fevereiro deste ano, o P.A do Hospital de Gaspar atendeu 983 pessoas. Já nos oito primeiros dias de março, esse número saltou para 1.297 e, agora, de 1º de abril até segunda-feira, dia 8, 1.597 pessoas já haviam passado pelo atendimento de emergência do hospital gasparense. O atendimento a um paciente com suspeita de dengue leva mais tempo, por exemplo, que o de um com sintoma leve de Covid-19. Por isso, as enormes filas.

A Prefeitura de Gaspar abriu uma Central de Hidratação e agora estuda ampliar para uma Central de Atendimento Dengue (CAD), também para diagnóstico da doença, a exemplo do que já acontece em outras cidades da região. A dificuldade é a falta de profissionais, já que todas as equipes da Secretaria de Saúde e do Hospital de Gaspar estão trabalhando com carga horária máxima. “A secretaria de saúde está avaliando diversas opções com relação ao atendimento de pessoas com sintomas de dengue. Estamos encaminhando contratação de profissionais, verificando a viabilidade de espaços para ampliação do atendimento, entre outras opções”, informou a Diretoria de Comunicação da Prefeitura, lembrando que a principal medida ainda é a prevenção. “Precisamos reforçar que a população tem que fazer a parte dela na eliminação dos focos e criadouros, utilizar repelente, e atender ao chamado da secretaria de deixar portas abertas nos dias de fumacê”.

Em Blumenau, onde a situação é considerada muito grave, com mais de 22 mil casos confirmados da doença e 8 óbitos somente este ano, a Prefeitura decidiu manter a CAD aberta 24 horas, todos os dias da semana, incluindo feriados. A ampliação do horário busca reduzir o tempo de espera dos pacientes e garantir o acesso à medicação.

Em Gaspar, o atendimento a um paciente com suspeita de dengue pode levar até 8 horas, desde o momento em que ele chega à unidade de saúde até a sua liberação. Isto depende do estágio da doença. Pacientes com febre, vômito, diarreia, manchas no corpo e sangramento requerem maior atenção. A equipe médica precisa realizar alguns exames, como o hemograma que verifica a quantidade de plaquetas por microlitro de sangue, além de medir o grau de hidratação. O exame leva cerca de 2 horas para o diagnóstico. Se o resultado for abaixo de 150 mil plaquetas, o paciente precisa ser monitorado, pois aumenta bastante o risco de hemorragia. Em alguns casos, o paciente acaba internado (neste momento, segundo o hospital, não existe nenhum paciente internado por dengue). Já oss casos considerados leves, onde os sintomas são dor no corpo e dor de cabeça, por exemplo, o médico pode decidir em não encaminhar o paciente para a reidratação e orientá-lo a realizar o tratamento em casa.

A Central de Hidratação Dengue de Gaspar fica junto à Policlínica Municipal, no bairro Sete de Setembro, porém, somente são atendidos pacientes encaminhados pelas unidades de saúde já com diagnóstico de dengue confirmado. Porém, a informação é que as unidades de saúde dos bairros distribuem dez senhas pela manhã e outras dez no período da tarde, o que seria insuficiente para atender a alta demanda de pessoas com sintomas de dengue e, por isso, o hospital é para onde a maioria das pessoas está se dirigindo. A Diretoria de Comunicação da Prefeitura, porém, esclarece que esse número de 20 consultas/dia por unidade de saúde é variável. “Varia muito conforme o que já tem de agendamento e os atendimentos prioritários”. Ainda de acordo coma a Prefeitura, o médico da ESF (Estratégia da Saúde Família) atende, em média, 26 pacientes por dia. A Prefeitura de Gaspar segue sem Secretário de Saúde, já que o titular da
pasta pediu exoneração na última quinta-feira, dia 4, para disputar a eleição municipal deste ano. O anúncio do substituto deve acontecer ainda esta semana.

PA do Hospital de Gaspar vem recebendo um grande número de pacientes nos últimos dois meses / FOTO DIVULGAÇÃO