Uniformes causam polêmica

Uniformes de prefeitura de Belém do Pará doados a alunos de escola no Ilhotinha são contestados por pais

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Diz o velho ditado que cavalo dado não se olha os dentes. Porém, uma doação feita pela direção da Escola Municipal Domingos José Machado causou polêmica no bairro Ilhotinha. Alunos do pré ao ensino fundamental tiveram acesso a uniformes confeccionados por uma empresa contratada pela prefeitura de Belém do Pará, que não recebeu o pagamento pelos serviços prestados e decidiu doar para um município distante.
Os uniformes foram recebidos pelo secretário municipal de Educação, Marcelo Jacob, da Fundação Nova Vida, presidida pela primeira-dama do Estado, Ivete Appel da Silveira, antes mesmo da tragédia que atingiu a cidade.
Com o ocorrido em novembro, o secretário doou esses kits de uniformes, contendo agasalhos, camisas, mochila, meias e bermudas, para as famílias vítimas da tragédia natural. Como era em grande quantidade, muita coisa sobrou e foi entregue às escolas municipais para serem distribuídos para os alunos.
Porém, Marcelo garantiu que não houve nenhuma orientação da Secretaria para que essas roupas fossem usadas como uniformes da rede municipal e isso partiu da direção da escola.
“Autorizamos a distribuição aos alunos do que sobrou das doações de novembro, mas para que eles usassem como quisessem. Se foi distribuído pela direção para ser incorporado ao uniforme é um critério específico da direção”, disse Marcelo.  
Os pais não gostaram da iniciativa, mesmo que tenha sido por meio de doação. Para eles, o uso do uniforme de outro município é uma afronta à identidade de seus filhos.
“A bermuda eu até os deixei usarem, porém, a camisa com a frase “Amo Belém” não autorizei. É um absurdo. Meus filhos são ilhotenses e têm que ter sua identidade atrelada à cidade onde nasceram”, disse Pedro Paulo Bernardi.
Há os que também não simpatizaram com a ideia, mas deixaram os filhos à vontade para usar os uniformes de Belém do Pará.
“Preferiria que eles usassem os uniformes de nosso município e não de outra cidade, mas como foi uma doação os deixo decidir”, falou Marcos Lessa.
A diretora da escola, Elaine Cristina Custódio, explica que houve um mal-entendido e o que se tentou fazer foi disponibilizar uniformes para quem não tem condições de comprar os da escola.
“São todas as roupas e materiais novos e de ótima qualidade. Como decidimos em reunião com a APP que usaríamos uniformes a partir do dia 1º de abril, disponibilizamos para quem não podia comprar esses que tínhamos para doação. Estranha essa manifestação desses pais, pois ninguém veio nos procurar para reclamar e teve muita gente que pediu esses uniformes”, comentou.
Diante dessa polêmica, há pais que apoiam a iniciativa, como o caso de Kelson Thomaz, que disse que a doação dos uniformes, não importando de onde seja, é uma possibilidade dos pais economizarem.