Eles exigem soluções para os frequentes alagamentos no Loteamento Vitória, na Pedra de Amolar, margem esquerda da cidade
Moradores do Loteamento Vitória, no bairro Pedra de Amolar, em Ilhota, cansaram de esperar pelo poder público e pela dona do empreendimento para solucionarem os frequentes alagamentos e decidiram organizar um protesto no último domingo (19), depois que a chuva forte da semana passada levou novamente muita água para dentro do loteamento, onde moram cerca de 1.300 pessoas. Imagens aéreas mostram cerca de 70% das ruas completamente alagadas.
Aproximadamente 50 moradores foram para a frente da Prefeitura protestar contra o que consideram descaso do prefeito Dida e da empresa responsável pelo loteamento, a G.Laffitte Incorporações e Empreendimentos Imobiliários. O grupo chegou ao centro da cidade em carreata, buzinaço, portando cartazes e até foguetes foram ouvidos. A manifestação transcorreu sem nenhum incidente.
Como o movimento aconteceu num dia em que não há expediente na prefeitura, os moradores se dirigiram então à casa do Prefeito Érico de Oliveira, o Dida, que fica próximo. O prefeito encontra-se em férias, devendo reassumir somente esta semana. Mesmo assim, Dida apareceu na sacada da sua residência e tentou dialogar com a população, porém, alguns manifestantes estavam bastante exaltados.
O prefeito chegou a dizer que eles estavam tirando o seu sossego em pleno domingo. Em outro vídeo, Dida afirma não ser o culpado pelos problemas no loteamento, já que na época que o empreendimento foi aprovado junto à Prefeitura não era ele o administrador da cidade. “Se eu fosse o culpado, assumiria”, garantiu.
Heriberto Souza, o conhecido Betinho, que reside há muitos anos na Pedra de Amolar, é um dos líderes do movimento. Segundo ele, os moradores estão cansados de aguardar pela solução e não vão desistir enquanto a Prefeitura e a empresa dona do loteamento não fizerem as melhorias. Ele diz que o loteamento foi erguido de forma irregular, por isso os problemas surgiram. “A gente quer a construção de uma galeria e instalação de uma moto-bomba. Isso já resolveria o problema dos alagamentos”, explica. Betinho, que tem um comércio dentro do loteamento, conta que a Prefeitura chegou a abrir uma vala e colocou tubos, mas houve, no seu entender, um erro de engenharia na obra. “Ao invés de colocarem a tubulação inclinada para o rio, ela foi colocada inclinada para dentro do loteamento, eu entendo um pouco porque trabalho com isso, mas não adiantou falar, eles fizeram desse jeito”, lamenta o comerciante.
Betinho diz que a G-Laffitte, responsável pelo empreendimento, cometeu outro erro grave ao fazer o loteamento abaixo do nível do rio. “Quando dá qualquer chuva, a maré joga água pra dentro. A empresa não aceita que cometeu esse erro, por isso não vem corrigi-lo”, garante o comerciante.
Ele diz ter procurado diversos órgãos públicos e todos foram unânimes em afirmar que somente a Prefeitura pode ajudar os moradores. "O prefeito diz que não tem culpa, mas ele precisa nos ajudar. A gente quer a comporta e a moto-bomba”, reforça Betinho, que também pretende iniciar uma “briga” jurídica para que a G-Laffitte baixe o valor dos terrenos, hoje vendidos a R$ 120 mil o lote de 7x20 metros. “Com todo esse problema de alagamentos, os terrenos desvalorizaram, ou seja, o nosso investimento foi por água abaixo”, diz o comerciante.
Nesta terça-feira (21), durante sessão ordinária da Câmara Municipal, quatro moradores do loteamento vão se manifestar na tribuna, pedindo ajuda do legislativo para uma solução.
O que diz a Prefeitura de Ilhota
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Ilhota informou, via nota, que o local atingindo pelas enchentes se situa em área muito baixa e historicamente é afetado por cheias. A nota afirma ainda que a aprovação do loteamento ocorreu no governo anterior, deixando este passivo para a atual administração. A prefeitura esclarece ainda que a reivindicação dos moradores é para que empresa loteadora dê um desconto nas parcelas dos lotes, porém não cabe ao município resolver essa questão, pois se trata de negociação particular, e esclarece: “O governo municipal reitera sua disponibilidade de atender tudo o que estiver ao seu alcance para mitigar ou até mesmo eliminar tais problemas, que não são exclusividade de Ilhota, a exemplo de Rio do Sul, Blumenau, Itajaí entre tantas outras cidades catarinenses.
Na nota, a Prefeitura diz ainda que prestou toda a assistência aos desabrigados do município por ocasião das enchentes nos meses de outubro e novembro deste ano. No caso especifico do bairro Pedra de Amolar, ao serem atingidos pelas cheias, a Prefeitura providenciou o transporte dos bens materiais dos moradores para locais seguros e disponibilizados três abrigos, num total de 344 pessoas com quatro refeições diárias. Após retornarem aos seus lares foram distribuídas 675 cestas básicas, sendo que algumas famílias receberam até duas e também foram entregues 117 kits de material de limpeza.
A G.Laffitte
A reportagem também procurou a empresa responsável pelo loteamento. O contato foi feito junto ao Departamento de Marketing e os questionamentos encaminhados via WhatsApp à pessoa responsável, porém, até o fechamento desta reportagem, não obtivemos resposta. O espaço segue aberto para que a empresa use do seu direito de resposta, já que é citada na reportagem.
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