Mais longo julgamento em Gaspar termina com quatro condenados
Somadas, as penas chegam a quase 90 anos de prisão em regime fechado
O mais longo julgamento da história da Comarca de Gaspar terminou na noite desta quinta-feira (15) com quatro condenados e quatro absolvidos. Se somadas, as penas chegam a quase 90 anos. Os réus foram julgados pelo assassinato de Felipe de Lima Santos, 28 anos, ocorrido em 26 de julho de 2020, em Gaspar. Rafael Monteiro Antunes, 35 anos, foi sentenciado a 49 anos e seis meses de reclusão e 25 dias-multa pelos crimes de homicídio, dupla tentativa de homicídio e organização criminosa. Cristiano Castelani, 32 anos, foi condenado a 24 anos, seis meses de prisão e 22 dias-multa por homicídio e organização criminosa. O terceiro condenado é Clarice Tauana Krieser, de 27 anos, a qual foi imputada a pena de 13 anos de reclusão, além de 16 dias-multa por tentativa de homicídio e corrupção de menores. Os três, que já estavam preventivamente presos, cumprirão as penas em regime inicialmente fechado. A quarta condenada é uma mulher, de 42 anos, que foi considerada culpada pelo crime de corrupção de menores. De acordo com decisão do júri, ela cumprirá a pena em regime aberto. Em todas as sentenças cabe recurso da defesa.
O histórico julgamento iniciou na manhã de terça-feira (13) e somente encerrou na noite desta quinta-feira (15), totalizando quase 36 horas de debates. No total, 23 testemunhas foram ouvidas; sete advogados de defesa atuaram, além da promotoria. O júri foi presidido pela juíza Grizelda Rezende de Matos Muniz Capellaro. Tendo em vista o grande número de réus, bem como o espaço reduzido da sala do júri, o acesso dos familiares da vítima e dos acusados foi priorizado, com limitações.
Relembre o caso
Felipe de Lima Santos foi morto no dia 26 de julho de 2020, por volta das 2h30min, na residência em que morava, no bairro Gaspar Mirim. Ele foi encontrado pela própria mãe, baleado e caído na garagem de casa.
Felipe já havia sobrevivido a duas tentativas de homicídio, a primeira em dezembro de 2019 e a segunda em junho de 2020. Segundo denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), três mulheres e cinco homens foram inicialmente apontados como responsáveis pelas duas tentativas de homicídio qualificados (uma com uso de arma de fogo e outra com um golpe de facão) e, por fim, pelo homicídio qualificado da vítima. Membro de uma facção criminosa atuante em Santa Catarina, Felipe teria recebido um "decreto" que, quando imposto, funciona como uma sentença de morte. Os réus acreditavam que a vítima havia delatado um de seus membros à polícia.
Na época do crime, a mãe de Felipe declarou à polícia que estava dormindo e acordou com barulho do portão de casa abrindo. Ela foi verificar o que estava acontecendo e se deparou com o filho deitado de bruços na garagem. Ela, porém, não o chamou, pois, quando ele bebia, era costume dormir na garagem antes de entrar em casa. No entanto, uma vizinha apareceu e disse ter ouvido barulho de tiros.
Foi então que elas perceberam que havia manchas de sangue na roupa de Felipe. Elas acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas a vítima já estava em óbito quando os socorristas chegaram à residência. De acordo com o laudo do IML, Felipe foi atingido por dois tiros na região do tórax.