Gaspar inaugura memorial

A quinta-feira (24) será histórica para Gaspar. A partir das 9h, na Praça Getúlio Vargas, acontece a inauguração do Memorial “Força Expedicionária Brasileira (FEB) - Filhos de Gaspar”. Uma homenagem a 39 cidadãos gasparenses que serviram ao País na Segunda Guerra Mundial. Vintes deles lutaram efetivamente em solo italiano, outros 19 eram soldados de prontidão, com a missão de guarnecer o litoral catarinense de um possível ataque nazifascista.

O memorial resgata a história, preserva a memória e reverencia a coragem, o patriotismo e o compromisso dos gasparenses que se sacrificaram na defesa da liberdade durante o maior conflito bélico já registrado na história da humanidade. A Segunda Guerra Mundial – de 1939 a 1945 - provocou a morte de mais de 60 milhões de pessoas, entre soldados e civis.

A solenidade desta quinta-feira contará com exposição de veículos do Exército, entrega de homenagens aos familiares, inauguração do memorial e apresentação da Banda do Exército. Embora todos os 39 homenageados já tenham falecido, os expedicionários estarão representados pelo ex-combatente Arnoldo Lana, um dos três únicos catarinenses da FEB ainda vivo. Seu Arnoldo, hoje com mais de 100 anos, é morador de Brusque. Santa Catarina teve 976 pracinhas, como eram chamados os soldados brasileiros da Segunda Guerra Mundial. No total, a FEB recrutou 25.334 brasileiros.

A pesquisa sobre os ex-pracinhas de Gaspar foi conduzida por uma equipe multidisciplinar, coordenada pelo casal Amélia Salete Schmitt Wehmuth e Aldir Wehmuth, cujo pai, Herbert Wehmuth, foi um dos 20 ex-combatentes da FEB. Seu Bruda, como era conhecido, faleceu em 2016. Ele era um assíduo frequentador dos eventos dos ex-pracinhas, assim como Amélia e Aldir. Em 2021, o casal participou de uma destas homenagens, em Rio dos Cedros-SC. Foi lá que eles tiveram contato com um memorial em homenagem aos expedicionários. “No retorno para casa, ficamos pensando: tem memorial em Itajaí, Blumenau, Indaial, Timbó, Rio dos Cedros... só não tem em Gaspar”, relembra Amélia. A partir daí, eles passaram a amadurecer a ideia de ter também um monumento aos expedicionários em Gaspar. Foram dois anos e três meses de pesquisas. “Foi difícil, primeiro porque todos os ex-combatentes e soldados de prontidão já faleceram e muitas famílias não moram mais em Gaspar”, conta Amélia. 

Para reunir informações sobre os ex-pracinhas de Gaspar, ela contou muito com a ajuda da Associação dos Veteranos do 23º Batalhão de Infantaria Grupo Operacional, com sede em Blumenau. Mas, o ponto de partida, relembra Amélia, foram as reportagens produzidas pela imprensa de Gaspar com seu Bruda. “Nós tínhamos todas elas, desde 2009, guardadas num álbum, relendo essas reportagens descobrimos muitas coisas sobre outros ex-pracinhas que meu sogro contava”. Outra fonte de pesquisa foram os sites que tratam de genealogia, além das informações obtidas junto às famílias dos ex-combatentes. Amélia recebeu muito apoio na medida em que revelava às famílias o motivo da pesquisa. “Foi muito gratificante ver a alegria de filhos, netos, bisnetos e irmãos com o reconhecimento da importância destes gasparenses na história da nossa cidade e do País”, acentua.

Com a pesquisa em mãos, Amélia precisou ainda vencer a burocracia, já que o memorial seria instalado em local público. Um projeto de Lei foi elaborado e aprovado pela Câmara Municipal e, posteriormente, sancionado pelo prefeito Kleber Wan-Dall. A iniciativa foi da vereadora Zilma Sansão Benevenutti (MDB). “A Zilma foi muito importante, pois abraçou a ideia e assumiu a parte burocrática”, explica Amélia.

O memorial, que leva a assinatura do arquiteto e urbanista gasparense Felipe Testoni, é dividido em três monumentos. No primeiro monumento estão os nomes de todos os ex-combatentes; no segundo os locais onde ocorreram as batalhas na Itália e, no terceiro, o nome dos 29 soldados de prontidão.

Os ex-pracinhas e soldados de gaspar