Frio extremo vai continuar, no mínimo, por mais 24h
Nas regiões mais altas ainda serão registradas temperaturas abaixo de zero. Mas, afinal, por que esse frio extremo?
Em vários municípios houve ocorrência de geada FOTO Foto de Paulo Adamek, Itaiópolis (SC)
A massa de ar gelado de origem polar que está sobre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país vai continuar provocando temperaturas extremas - abaixo de 0ºC - nas partes mais altas por pelo menos mais 24 horas. Essa é a previsão da meteorologia para a semana que começa depois de dois dias de temperaturas recordes, geada e neve em várias regiões do Estado. Em Gaspar e Vale do Itajaí, a madrugada e amanhecer de terça-feira (9) ainda serão gelados, com temperatura mínima de 6ºC e máxima de 18ºC durante o dia. Já a partir de quarta-feira (10), a massa de ar polar perde força e a temperatura se eleva, com mínima de 7ºC e máxima de 21ºC. A condição de geada permance especialmente do Oeste ao Planalto e de forma mais isolada Vale do Itajaí e Florianópolis serrana.
Não é em todo inverno que ocorrem temperaturas tão baixas no Brasil como as que foram registradas no último fim de semana. De acordo com meteorologistas do Climatempo, mesmo para a Região Sul, que todos os anos tem algum evento de frio intenso, a queda de temperatura foi extrema. As baixas temperaturas coincidem com alguns estudos científicos que apontam para uma severa mudança climática no Planeta nos próximos 80 anos. De acordo com previsões, a tendência é os verões serem mais quentes, como está acontecendo autlamente na Europa, e os invernos mais frios, como se verificou neste início de julho. Efeito estufa, desmatamento, poluição pela emissão de dióxido de carbona na atmosfera, entre outros fatores estão levando as essas condições meteorológicas extremas.
Na madrugada do dia 6 de julho, por exemplo, a temperatura ficou abaixo de 0°C em todos os estados da Região Sul. Já no domingo (7), como foi previsto, o frio foi ainda mais intenso e temperaturas ainda mais negativas, registrando recordes em algumas cidades serranas. A quantidade de áreas com temperatura abaixo de 0°C no dia 7 foi maior do que no dia 6 de julho. Os valores absolutos também foram menores no dia 7. No sábado, a medição da Epagri-Ciram, órgão do governo de Santa Catarina, registrou a menor temperatura no Sul de -6,4°C na região de Urupema, no alto da serra catarinense. A menor temperatura registrada pelo Instituto de Meteorologia (INMET) foi de -5,9°C em Bom Jardim da Serra (Morro da Igreja), também na parte mais elevada da serra catarinense. Já no dia 7, a menor temperatura registrada pelo Epagri-Ciram foi de -9,2°C, novamente em Urupema. Nas medições do INMET, a menor temperatura no Sul do Brasil foi de -7,1°C em General Carneiro, no sul do Paraná.
Junho quente
Se por um lado, o Hemisfério Sul sofre com temperaturas abaixo de zero, no Hemisfério Norte a onda de calor castiga o Planeta. O mês de junho foi considerado o mais quente já registrado no mundo, principalmente em razão de uma onda de calor excepcional na Europa. Segundo dados do serviço europeu Copernicus sobre mudança climática (C3S), os termômetros registraram 0,1°C a mais no mês passado em comparação com o recorde anterior para um mês de junho, que havia sido observado em 2016.
O calor foi sentido especialmente na Europa, que teve uma temperatura cerca de 2°C acima da média para o mês. Na semana passada, foram registrados vários recordes de temperatura em diferentes países europeus, atingidos por uma onda de calor com ar quente procedente do deserto do Saara.
As temperaturas ultrapassaram as habituais para esta época do ano em 10°C na Alemanha, no norte da Espanha e da Itália. Na França, houve o registro de um recorde absoluto de 45,9°C na última sexta-feira. Com base em dados de satélite e registros históricos, o Copernicus estimou que a temperatura do mês de junho na Europa foi 3°C superior à média observada entre 1850 e 1900. "Nossos dados mostram que as temperaturas no sudoeste da Europa na semana passada foram anormalmente elevadas", disse o chefe do serviço, Jean-Noël Thépaut. "Embora seja excepcional, é provável que experimentemos no futuro este tipo de acontecimentos devido à mudança climática", acrescentou.
O aquecimento global provavelmente amplificou em mais de cinco vezes o devastador período de calor na França, disse Friederike Otto, diretora interina do Instituto de Mudança Ambiental da Universidade de Oxford. "Os modelos são muito bons em representar mudanças sazonais em larga escala nas temperaturas", explicou ela. "Em escalas localizadas, os modelos climáticos tendem a subestimar o aumento da temperatura".
As descobertas, apresentadas em um relatório, concentraram-se na França metropolitana e na cidade de Toulouse, onde os estatísticos climáticos coincidentemente se encontraram durante a onda de calor. Baseando-se em registros de temperatura, ondas de calor extremas como o da semana passada são agora 100 vezes mais prováveis do que em 1900, disse Geert Jan van Oldenborgh, um pesquisador sênior do Instituto de Meteorologia da Holanda e co-autor do novo relatório. "Mas não podemos dizer que isso é apenas por causa da mudança climática", disse ele. A poluição do ar, o efeito de "ilha de calor urbana", a umidade do solo, a cobertura de nuvens e uma série de outros fatores também podem afetar a intensidade das ondas de cal