Por enquanto, a hipótese de legítima defesa foi afastada
Eram por volta de 17h da sexta-feira, dia 3, quando imagens chocantes de um assassinato em plena região central de Blumenau passaram a circular nas redes sociais. No local, a polícia ainda tentava entender o que de fato havia ocorrido, ao mesmo tempo em que áudios com versões conflitantes, de pessoas que teriam testemunhado a cena, inundavam os grupos online de conversas.
O corpo do vendedor de doces e morador de rua, Geovane Ferreira da Silva, de 29 anos, permanecia inerte na calçada em frente ao Supermercado Giassi, na Rua Antônio da Veiga, bairro Vitor Konder. O Samu foi acionado, porém, ao chegar constatou o óbito da vítima, que foi morta a facadas. O autor, ainda no local, foi identificado como Gleidson Tiago da Cruz, de 41 anos.
O motivo teria sido uma discussão depois que a vítima ofereceu uma paçoca para a filha do autor, de apenas dois anos de idade. Gleidson recusou e não teria gostado da reação de Geovane. A partir daí, na versão do autor, os dois passaram a discutir. Gleidson entrou no estabelecimento, onde sua esposa, que está grávida, trabalha e retornou algum tempo depois. Novamente, vítima e autor se encontraram e a discussão foi retomada. Geovane teria chutado o carrinho da criança e, em legítima defesa, Gleidson usou uma faca para golpear a vítima várias vezes - segundo a perícia, mais de 15 facadas - diante da filha. O autor sofreu um ferimento em uma das mãos, provavelmente provocado pela própria faca que usou no crime. Gleidson foi preso em flagrante ainda no local. No dia dia seguinte, em audiência de custódia, a sua prisão foi convertida em preventiva pelo juiz Eduardo Passold Reis.
Com o início das investigações, algumas versões para o crime começaram a ser desmanchadas pela polícia. A primeira delas era a de que a faca pertencia à vítima. Por meio de câmeras de vigilância do estabelecimento descobriu-se que Gleidson correu atrás de Geovane e as primeiras facadas atingiram as costas da vítima. Gleidson seguiu golpeando o vendedor ambulante mesmo depois dele ter caído na calçada.
Com base nessas evidências, o juiz afastou, por enquanto, o argumento de legítima defesa: “é inviável dizer que o indiciado agiu em legítima defesa, ao menos nesse momento embrionário das investigações, porque não há nenhum elemento concreto até o momento que pudesse corroborar tal versão”, escreveu o magistrado.
O juiz também entendeu que o “crime foi praticado de forma violenta e cruel, sendo a vítima atingida por ao menos quinze golpes de faca, tendo o instrumento cortante inclusive ficado preso ao tórax da vítima”. Ele deixa ainda claro que, baseado em evidências, que a arma era, na verdade, do agressor. Todavia, o advogado de defesa, Rodolfo Warmelin garante que a faca pertencia a Geovane e que Gleidson o teria desarmado. Como ainda surgiu a hipótese do assassino ter comprado a arma no mercado, o Ministério Público de Santa Catarina solicitou à Justiça que sejam feitas diligências no estabelecimento a fim de atestar se o tipo de faca usada no crime era vendida no local. Em nota, logo após o crime, Supemercado Giassi lamentou o ocorrido e disse que estaria à disposição das autoridades a fim de colaborar para que todos os fatos fossem devidamente apurados. Até o fechamento da edição, o autor do crime permanecia em prisão.
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