Dr. João Spengler agradece à comunidade pelo ato de solidariedade
Médico gasparense precisou de doação de plaquetas e um movimento solidário o ajudou
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Dr. João e a esposa Maria Helena / FOTO ALEXANDRE MELO/JORNAL METAS
Uma boa notícia neste começo de março. Dr. João Leopoldino Spengler, de 79 anos, já está em casa depois de 13 dias hospitalizado. Ele recebeu alta no último sábado (26). Nas redes sociais, a família fez questão de divulgar o início da recuperação do médico gasparense que passou por cirurgia para retirada de um tumor no pulmão em outubro do ano passado. De acordo com os médicos, a recuperação tem sido rápida e satisfatória. "Estou me sentindo muito bem, embora com 18 quilos a menos", contou Dr. João. Logo após a cirurgia, iniciou os ciclos de quimioterapia e imunoterapia. Foi neste momento do tratamento que o médico gasparense e a família puderam sentir todo o carinho, gratidão e reconhecimento da comunidade pelos mais de 50 anos de medicina prestada à população de Gaspar, sendo um dos mais longevos médicos em atividade no Vale Europeu.
Um dos efeitos colaterais da quimioterapia é a redução do número de plaquetas no sangue. Em meados de fevereiro, Dr. João precisou repor as plaquetas por meio de transfusão, porém, naquele fim de semana, os estoques do Hemocentro de Santa Catarina (Hemosc) estavam muito baixos. A família iniciou então uma campanha pelas redes sociais pedindo doadores. E não demorou para que dezenas de pessoas se oferecessem. Dr. João ainda se emociona ao lembrar deste momento difícil da recuperação e da enorme corrente de solidariedade que se formou em torno dele. "Foi uma fase do tratamento que eu precisava muito de plaquetas e não tinha no Hemosc de Blumenau, aliás, estava faltando em praticamente todo o estado e a solidariedade na campanha feita, inclusive através do Jornal Metas, foi muito importante porque a mobilização foi grande para se buscar doadores", relembra o médico. Dr. João explica que é muito importante que os estoques do Hemosc estejam sempre em níveis regulares. "Quanto mais doadores de sangue e plaquetas tivermos, melhor", acrescenta.
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Nas redes sociais, familiares agradeceram o gesto e carinho das pessoas / FOTO REDE SOCIAL
Ele diz não ter palavras para agradecer o gesto da comunidade. "Recebi dezenas de mensagens de pessoas dizendo que estavam orando pela minha recuperação e se prontificando em fazer a doação", relata. Por isso, ele fez questão de tornar público o seu agradecimento à comunidade. Acompanhado da esposa, Maria Helena Spengler, com quem está casado há mais de 50 anos, o médico esteve na redação do Jornal Metas na manhã desta quinta-feira (3) enquanto aguardava o resultado de mais um exame. A esposa, no momento, é também a sua enfermeira, já que dona Maria Helena é formada em enfermagem. "Ela tem cuidado de mim, como sempre, e até aplicado injeções", revela o médico. O tratamento com quimioterapia vai continuar em um novo ciclo que começa nos próximos dias, mas nada que tire a motivação e a fé do médico gasparense. Em mais de cinco décadas de medicina, ele revela que esta foi a primeira vez que se afastou do trabalho por doença. "Quero agradecer a Deus por todos estes anos que pude trabalhar e nunca ter me ausentado por doença. Claro que agora estou enfrentando uma doença grave, mas o tratamento está com boa evolução e também agradeço a Deus por isso", emociona-se, para em seguida informar que na próxima segunda-feira, dia 7, retoma retoma os atendimentos em seu consultório no Atitude Centro Empresarial, no centro da cidade.
Doação de plaquetas
A doação de plaquetas se chama cientificamente de aférese. Trata-se da separação dos componentes do sangue por centrifugação. A máquina separa o plasma, a plaqueta, os leucócitos e as hemácias. Na aférese, apenas as plaquetas são coletadas, e o restante dos componentes é devolvido ao doador. No caso das plaquetas, a transfusão pode ser feita independente do tipo sanguíneo, porém, a preferência é por aqueles doadores com sangue compatível com o receptor,
A vantagem da aférese é o paciente carente de plaquetas receber a quantidade necessária com um número menor de transfusões. Dessa forma, é coletada uma quantidade maior do componente desejado do sangue, em pequeno volume. A coleta de plaquetas pode levar até 1h30min, dependendo do calibre das veias do doador, enquanto a doação de sangue propriamente ocorre em menos de 1h.
Médico de todos os gasparenses
Pode-se dizer que João Leopoldino Spengler é o médico de todos os gasparenses. É comum encontrar duas e até três gerações de uma mesma família que passaram pelo consultório do clínico geral. Quando criança, João residia em um sítio, no bairro Pocinho, com os pais Maria Elza e Carlos Adão Spengler (in memorian), e 10 irmãos. A família de agricultores nem imaginava que seria possível formar um dos filhos em uma universidade. Porém, aos 11 anos de idade, João manifestou o sonho de se tornar médico. Ele não sabe exatamente o que o motivou à profissão, mas lembra-se que naquela época era muito difícil conseguir atendimento. "Não havia médicos em Gaspar, somente em Blumenau. E naquele tempo o transporte era complicado". Ele conta que muitos foram os sacrifícios dos pais para que ele realizasse o sonho: João foi o único dos irmãos a fazer uma faculdade. Dos 1.200 candidatos ao vestibular, ele passou em 25º lugar. Em 1969, recebeu o diploma de médico. Corria nas veias o desejo de atender à comunidade de Gaspar. Por isso, dias depois de diplomado, Dr. João passou a atender em um casarão na rua Coronel Aristiliano Ramos, no Centro da cidade. Porém, muitas vezes ele pegava a estrada para atender pacientes em casa, no interior do município.
Com a abertura do Hospital de Gaspar, em 1970, ele recebeu o convite para instalar o consultório dentro da casa hospitalar. Foi Dr. João quem encaminhou o primeiro paciente ao hospital e também fez o primeiro parto no hospital, no dia 16 de agosto de 1970. Em toda a sua vida profissional, o médico acumula mais de 4 mil partos.
Em 2007, quando o hospital fechou as portas (reabriu em 2009), a clínica mudou para uma residência na rua Sete de Setembro. Ficou por lá até 2013, quando a casa foi atingida por um princípio de incêndio. Dr. João escolheu então o Atitude Centro Empresarial para instalar o consultório. Salvou muitas vidas, fez muitos amigos e ganhou o reconhecimento da comunidade gasparense.