
Justiça condena um dos agressores de Vilson Oneda por tentativa de homicídio

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Vilson Oneda, a vítima, precisou passar por cirurgia na face (Fotos: Arquivo Pessoal)
A sentença é de mais de 22 anos, além de indenização à vítima
Um dos crimes de maior repercussão em Gaspar no ano de 2024 teve um desfecho na última sexta-feira, dia 7. A Justiça de Santa Catarina condenou, em primeira instância, a 22 anos e 10 dias de reclusão, em regime inicialmente fechado, um dos autores da tentativa de latrocínio contra Vilson Oneda Junior (Juninho), de 38 anos, morador do bairro Santa Terezinha. O homem ainda foi condenado por corrupção de menores, já que um dos autores é um adolescente de 15 anos. Mesmo que o condenado possa recorrer da sentença, a Justiça manteve a prisão preventiva, considerando a gravidade dos fatos, como requerido pela 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Gaspar. Além da pena de prisão, foi fixada uma indenização mínima de R$ 800,00 à vítima, referente ao valor do celular roubado.

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A cena foi toda filmada por populares (Fotos: ARQUIVO JORNAL METAS)
O crime ocorreu no começo da tarde de 17 de agosto de 2024, em plena luz do dia e diante de várias testemunhas, na Avenida Frei Godofredo, 1.740, bairro Santa Terezinha, em Gaspar, ao lado do Supermercado Otto Atacarejo. O acusado, com o apoio de outro homem, que ainda aguarda julgamento, e de um adolescente, agrediu brutalmente Vilson Oneda a fim de subtrair seu telefone celular.
De acordo com a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina, a vítima retornava do mercado de bicicleta quando passou pelo acampamento onde estavam os denunciados. Segundo relatos, os três estariam discutindo entre si e se incomodaram com o fato de Vilson estar filmando a cena. Um deles atirou uma pedra na direção de Vilson. Em seguida, outro homem o agrediu por trás e o derrubou. Neste momento, os três passaram a dar chutes no rosto e nas costas da vítima sem nenhuma possibilidade de defesa. As agressões só pararam com a intervenção de populares, que passavam pelo local e viram toda a cena.
Na época, o acusado disse à Polícia Militar e depois em depoimento na delegacia, que Vilson havia urinado na frente da filha de um deles, e que isso teria gerado uma discussão e, em seguida, as agressões, versão que acabou não se confirmando.
A Polícia Militar chegou logo depois e interpelou os agressores, mas não efetuou a prisão em flagrante. Essa atitude gerou críticas nas redes sociais e por parte de pessoas da família e amigos de Vilson Oneda. A única atitude da PM foi desmontar o acampamento onde estavam os três agressores, juntamente com outras pessoas, inclusive mulheres e crianças.
Procurado pela reportagem do Jornal Metas, na ocasião dos fatos, o comando da PM de Gaspar afirmou que identificou o autor ou autores e, assim que comunicada que a situação da vítima se agravara no hospital, cientificou à Central de Flagrantes em Blumenau sobre o caso, oportunidade em que foi informada que os fatos seriam esclarecidos por meio de Inquérito Policial, não havendo necessidade de condução do autor ou autores do crime. O comando da PM revelou ainda que o acampamento foi desmobilizado porque houve pressão dos moradores das redondezas. De acordo com o apurado pela reportagem do Jornal Metas, o grupo teria se deslocado para a cidade de Brusque e de lá para Indaial. Dois dias depois, um dos agressores compareceu à delegacia de polícia para depoimento. Quatro dias depois, familiares e amigos de Vilson Oneda realizaram um protesto pacífico no local onde ocorreu a agressão.

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Bombeiros de Gaspar fizeram os primeiros atendidos à vítima (Fotos: ARQUIVO JORNAL METAS)
De acordo com os autos do processo, Vilson Oneda somente sobreviveu por conta da intervenção dos populares. Na cena do espancamento, que foi filmada à distância e serviu de provas contra os autores, uma caminhonete branca para na rodovia, porém, o motorista não desce. Em seguida, um motociclista para para socorrer Vilson. Neste instante, um ciclista aparece para também ajudar. De acordo com relatos e imagens, os agressores passaram a ameaçar as pessoas que estavam em volta da cena e chegaram a partir para cima de algumas delas que estavam tentando filmar.
Um homem só não é agredido porque sacou de uma arma e se afasta da cena. O agressor ainda vai atrás dele, mas desiste quando percebe a arma em uma das mãos do homem. O Corpo de Bombeiros foi acionado e fez os primeiros atendimentos à vítima. Após ser encaminhado ao Hospital de Gaspar e ficar internado por vários dias, Vilson passou por cirurgias para reconstrução óssea da face e ficou afastado do trabalho por quase cinco meses. Ele também teve ferimentos no olho, cabeça e costas. O depoimento da vítima e as imagens das câmeras de segurança foram fundamentais para a condenação de um dos réus. O outro acusado de maior, que também participou das agressões, segue com processo em andamento, após ter sido citado por edital. “A expectativa é que ele também seja responsabilizado pelos atos praticados", explicou o Promotor de Justiça Victor Abras Siqueira.
Em suas alegações finais, o MPSC sustentou que os agressores agiram de forma consciente e voluntária, com extrema violência, subtraindo o celular da vítima para impedir que as filmagens fossem divulgadas. A sentença proferida pela Vara Criminal da Comarca de Gaspar é passível de recurso.
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Bombeiros de Gaspar fizeram os primeiros atendidos à vítima (ARQUIVO JORNAL METAS)
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A cena foi toda filmada por populares (ARQUIVO JORNAL METAS)
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