Especialistas apontam que líderes que investem no autoconhecimento fortalecem a colaboração, aumentam a produtividade e reduzem conflitos

Um time engajado, produtivo e colaborativo é o desejo de todo líder. Para que isso aconteça, o caminho começa de dentro para fora: antes de focar no desenvolvimento dos colaboradores, é essencial que o próprio líder invista no autoconhecimento. Essa jornada interna não apenas melhora a capacidade de tomar decisões, mas também fortalece a conexão e a confiança dentro das equipes.

De acordo com a especialista em desenvolvimento de pessoas e fundadora da QUARE Desenvolvimento, empresa formadora de líderes, Carolina Valle Schrubbe, compreender as próprias emoções, padrões de comportamento e estilo de comunicação permite ao líder uma atuação mais assertiva e estratégica. “Líderes que se conhecem bem são mais adaptáveis e criam um ambiente de trabalho mais colaborativo, reduzindo conflitos e promovendo um alto desempenho”.

Para a especialista, o primeiro passo para alcançar o autoconhecimento é a reflexão constante sobre pensamentos, emoções e reações no dia a dia. Além disso, algumas ferramentas, como o mapeamento comportamental, são fundamentais para acelerar esse processo, pois fornecem um diagnóstico detalhado do perfil de liderança. Carolina ainda destaca os feedbacks. “Líderes que buscam opiniões sinceras de superiores, pares e liderados conseguem uma visão 360º de seus pontos fortes e áreas de melhoria, tornando-se mais preparados para ajustar sua gestão”.

Um caso emblemático trabalhado na QUARE foi o de uma executiva do setor financeiro com perfil altamente dominante e focado em resultados e, apesar do seu desempenho sólido, sua dificuldade em se conectar com a equipe prejudicava o engajamento.

Por meio de um processo estruturado, incluindo mapeamento comportamental e feedbacks 360º, a líder identificou que sua postura era vista como distante e inflexível. Ao aprimorar sua escuta e criar conexões genuínas com o time, conquistou um ambiente mais colaborativo, refletindo positivamente na produtividade e nos resultados.

Com a mudança, a equipe, que já apresentava resultados sólidos, passou a evoluir e ampliar os resultados de maneira consistente. Para Carolina, não foi apenas o trabalho da QUARE que trouxe os resultados, mas a vontade da líder de se autoconhecer. “O sucesso não se deu apenas pelo programa bem estruturado de aprimoramento, mas também pela disposição e abertura para a mudança comportamental que ela teve”, ressalta.

Na busca pelo autoconhecimento, alguns erros acabam sendo comuns. Carolina destaca, por exemplo, a falta de escuta ativa, dificuldade de delegar e confiar na equipe e foco excessivo em tarefas e pouco em pessoas. “Os líderes que não praticam a escuta ativa ou monopolizam conversas, por exemplo, perdem insights valiosos. A autora Brené Brown, especialista em liderança e uma grande referência, costuma dizer que líderes emocionalmente conscientes constroem ambientes onde as pessoas se sentem confortáveis para compartilhar ideias e preocupações, impulsionando a criatividade e a solução de problemas e eu compartilho da mesma ideia”, afirma Carolina.

Investir no autoconhecimento dos líderes é estratégico para qualquer empresa. Estudos indicam que organizações que promovem essa cultura aumentam a produtividade, reduzem o turnover e tomam decisões mais alinhadas às necessidades do mercado. Essa prática também fortalece a inovação, pois um ambiente de segurança psicológica permite que os colaboradores se sintam livres para explorar novas ideias. “Quando um líder se conhece bem, ele inspira sua equipe a também buscar desenvolvimento pessoal e profissional”, enfatiza a diretora. Mais do que uma tendência, o autoconhecimento é uma necessidade para quem deseja liderar de forma eficaz, humanizada e com impacto real nos resultados da empresa. Afinal, liderar bem começa por conhecer a si mesmo.

Tags

  • Autoconhecimento
  • liderança
  • Proativo