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11/01/2025 17:46
CASO MACABRO

Nora suspeita de também matar sogro

Por Alexandre Melo

 Publicado 11/01/2025 17:00  – Atualizado 11/01/2025 17:46

  • Deise é a principal suspeita de provocar as mortes por envenenamento (Fotos: ARQUIVO PESSOAL E DIVULGAÇÃO CIVIL/RS)

Investigada por triplo homicídio e tripla tentativa de homicídio na véspera do Natal, Deise dos Anjos também passou a ser a principal suspeita pela morte do sogro

A Secretaria da Segurança Pública divulgou novas informações da investigação e da perícia sobre o caso do bolo envenenado que matou três pessoas em Torres, no Litoral gaúcho, na véspera do Natal. A suspeita, Deise Moura dos Anjos, nora de Zeli dos Anjos, segue em prisão temporária desde o último dia 5. Ela irá responder por quatro homicídios triplamente qualificados, além de três tentativas de homicídio.

Deise passou a ser suspeita pela morte do sogro, Paulo Luiz dos Anjos, que, que teve o corpo exumado pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), comprovando que ele ingeriu arsênio, substância letal também usada no bolo em Torres. Paulo morreu em setembro do ano passado, em Arroio do Sol, balneário vizinho a Torres. O veneno teria sido colocado em um leite em pó.

O arsênio é um metal pesado e o seu formato em veneno tem capacidade de se conectar com materiais biológicos como o rim, o fígado e a queratina, presente em unhas e cabelos. Com as amostras retiradas na exumação, o IGP chegou rapidamente ao resultado, uma dose altíssima de arsênio também matou o sogro da suspeita.

Seis pessoas comeram o bolo envenenado em um café da tarde no dia 23 de dezembro do ano passado, três delas morreram: Maida Berenice Flores da Silva, 59 anos, Neuza Denize Silva dos Anjos, 65 anos, e Tatiana Denize Silva dos Anjos, de 44 anos, sobrinha da idosa. As outras três foram internadas, sendo uma delas um menor. Todos já receberam alta médica, inclusive Zeli que foi quem preparou o bolo sem saber que a nora havia misturado Arsênio na farinha.

As vítimas: Maida, Neuza e Tatiana
  • As vítimas: Maida, Neuza e Tatiana (Fotos: ARQUIVO PESSOAL)

Inicialmente tratadas como mortes por intoxicação alimentar, o caso ganhou novos desdobramentos depois que exames laboratoriais identificaram grande quantidade de arsênio no sangue das vítimas e, posteriormente, na própria composição do bolo. 

Amorfo e inodoro, o arsênico se constitui de um pó branco ou levemente acinzentado. Adquirido pela suspeita, o veneno foi dissimulado em grandes quantidades em itens de consumo para praticar os crimes: leite em pó e farinha de trigo.

Morte de Paulo também foi ocasionada pela ingestão de arsênio
  • Morte de Paulo também foi ocasionada pela ingestão de arsênio (Fotos: ARQUIVO PESSOAL)

A diretora-geral o IGP, perita Marguet Mittmann, disse que em todos os trabalhos, os níveis de arsênio localizados foram tóxicos e letais. “Os níveis de arsênio localizados em todas as amostras da exumação deram positivo no segundo nível mais alto localizados em comparação com todas as vítimas. Este resultado não deixa dúvidas da intenção de causar a morte e elimina qualquer possibilidade de contaminação acidental. Assim, como nas vítimas examinadas após a morte em Torres, constatamos que a vítima exumada teve como causa da morte envenenamento por arsênio”, enfatizou.

O que eram três homicídios passaram agora a ser quatro mortes intencionais e trouxeram um novo alerta as autoridades: a facilidade com que a suspeita teve acesso ao arsênio, comprando pela internet e recebendo pelo serviço dos Correios, e também a característica acidental da morte por intoxicação alimentar.

A delegada Regional de Capão da Canoa, Sabrina Deffente, ressaltou que a investigação pode ser um marco na atuação dos profissionais de saúde em casos de morte suspeita.

“Vamos ampliar essa integração com a área da saúde para estabelecer novos protocolos em casos de intoxicação alimentar, para que a Polícia Civil investigue casos como este. Inclusive, durante as investigações descobrimos que a suspeita tentou forçar que a família optasse pela cremação do sogro, para apagar os vestígios do crime, mas ela não conseguiu uma assinatura médica necessária para casos de cremação”, disse.

Em coletiva de imprensa, Polícia Civil do RS deu mais detalhes sobre o crime que chocou o país
  • Em coletiva de imprensa, Polícia Civil do RS deu mais detalhes sobre o crime que chocou o país (Fotos: CIVIL/RS)

A investigação também apurou que a suspeita estava afastada do núcleo familiar e se aproximou para poder executar o plano de envenenamento, o crime tem o acréscimo de uma qualificadora, passando a ser um triplo homicídio triplamente qualificado, uma tripla tentativa de homicídio, além do homicídio triplamente qualificado do sogro. As qualificadoras deste crime são: motivo fútil, dissimulação e emprego de veneno.

Em nota ao Portal g1, a defesa de Deise Moura dos Anjos alega que “as declarações divulgadas ainda não foram judicializadas no procedimento sobre o caso” e que “aguarda a integralidade dos documentos e provas para análise e manifestação”.

  • Em coletiva de imprensa, Polícia Civil do RS deu mais detalhes sobre o crime que chocou o país (CIVIL/RS)

  • Morte de Paulo também foi ocasionada pela ingestão de arsênio (ARQUIVO PESSOAL)

  • As vítimas: Maida, Neuza e Tatiana (ARQUIVO PESSOAL)

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