Tribunal do júri sentenciou o casal a penas que somam quase 80 anos de prisão

Nove meses depois, um dos mais brutais assassinatos cometidos contra criança no Vale do Itajaí nos últimos anos e que chocou o país teve o seu desfecho final. Mãe e padrasto mataram de forma cruel a menina Isabelly, de apenas três anos, em março deste ano. O crime ocorreu na cidade de Indaial. Ambos os réus foram condenados. A mãe deverá cumprir pena de 36 anos e 11 meses de reclusão em regime fechado, e um mês e cinco dias de detenção. Já o padrasto foi setenciado a 41 anos e nove meses de reclusão e mais um mês e 20 dias de detenção.  Pesou contra ele o fato de ser reincidente, pois já cumpria pena em regime aberto. O júri iniciou na terça-feira, dia 3, e foi concluído na madrugada desta quarta-feira, dia 4, depois de 17 horas de julgamento. 

O casal foi denunciado pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) por reagir de forma violenta à recusa da criança em comer. Eles espancaram a menina por todo o corpo. Após constatarem a morte da criança, eles colocaram o corpo em uma mala e o enterraram em uma cova rasa num local de mata fechada. Câmeras de vigilância flagraram o casal caminhando por uma rua da cidade com uma mala, provavelmente a que estava o corpo de Isabelly. Em seguida, foram até a delegacia onde criaram uma história que a menina havia sido raptada, de dentro de casa, por um motorista de aplicativo.

As teses do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) foram acatadas integralmente pelo Conselho de Sentença e os dois foram condenados por homicídio com as qualificadoras de motivo torpe, meio cruel e recurso que tornou impossível a defesa da vítima. Pesou também na sentença as agravantes de a menina ser menor de 14 anos, (Lei Henry Borel), e ter grau de parentesco com os réus. Eles ainda foram condenados por ocultação de cadáver e comunicação falsa de crime.

O julgamento

O julgamento do casal foi cercado de muita emoção. Parentes paternos da menina vieram de Ibirama para acompanhar o júri no Fórum de Indaial. Eles estavam vestidos com camisetas com uma foto de Isabelly e pedidos de justiça. As lágrimas foram inevitáveis. Uma das mais emocionadas era dona Helena, avó paterna da vítima.

"Foi um dos júris mais emocionantes que já fiz, porque envolve uma criança de três anos, e esse caso se tornou mais impactante porque foram os cuidadores que mataram a menina. O Ministério Público está satisfeito com a condenação, a justiça foi feita, e como eu disse no plenário, hoje essa criança vai poder descansar em paz", afirmou o Promotor de Justiça Thiago Madoenho Bernardes da Silva. O espaço ficou lotado, e muitos que quiseram assistir ao julgamento não conseguiram entrar. 

 Crime que chocou o país

Conforme a ação penal, no dia 4 de março, por volta de 11 horas, a mãe e o padrasto mataram a menina de apenas três anos na residência onde a família morava, no bairro Rio Morto, em Indaial, porque a pequena Isabelly não queria comer e fez menção de chorar. A mãe e o padrasto passaram a agredi-la, desferindo golpes por todo o corpo dela, com maior concentração na região da cabeça, o que provocou a morte da criança por traumatismo cranioencefálico, segundo o laudo pericial.

Pouco mais de quatro horas após o crime, o casal transportou o corpo da criança em uma mala e o enterrou em uma cova rasa num local de mata fechada no bairro João Paulo II, também em Indaial. A finalidade era ocultar o cadáver.

No mesmo dia do crime, a mãe e o padrasto noticiaram falsamente o desaparecimento de Isabelly à Polícia, informando que, naquela tarde, deram falta da menina de três anos de idade. Foram feitas buscas nas proximidades, sem sucesso. Após ouvir testemunhas e os investigados, a Polícia Civil identificou que a história do desaparecimento seria uma mera estratégia do casal.

A prisão dos réus foi requerida pela Polícia Civil, com parecer favorável da 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Indaial, e dois dias após o crime foi decretada a prisão preventiva. O MPSC também requereu, na mesma data, medidas protetivas em benefício do irmão da vítima. Desde então, o casal permaneceu preso, sendo negado o direito de responder ao crime em liberdade. Da sentença desta quarta-feira ainda cabe recurso, porém, os advogados do casal não informaram se irão utilizar desta prerrogativa jurídica.