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18/10/2024 17:07
OUTUBRO ROSA

Outubro Rosa: mês da prevenção

Por Daniel Nogueira

 Publicado 18/10/2024 17:07  – Atualizado 18/10/2024 17:07

  • Mais de 3,8 mil mulheres serão diagnósticadas com câncer de mama em SC no ano de 2024 (Fotos: Daniel Nogueira/Jornal Metas)

Mais de 73 mil mulheres terão câncer de mama no Brasil em 2024

Excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres, com taxas mais altas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, O Instituto Nacional do Câncer (INCA), estima que 24,5% de todos os novos casos diagnosticados anualmente são da espécie câncer de mama. Para cada ano do triênio 2023-2025, o INCA calcula em torno de 73,6 mil novos casos, o que representa uma taxa ajustada de incidência de 41,89 para cada 100 mil mulheres. Ainda de acordo com o Instituto, 11,7 mulheres para cada grupo de 100 mil morreram por consequência do câncer de mama no Brasil em 2022. O maior índice de óbitos é de mulheres com idades entre 50 a 69 anos, com taxa de 45% de mortalidade.

Santa Catarina é o quinto estado com maior número de casos de câncer de mama - em torno de 3,8 mil/ano. Neusa Maria dos Santos, 59 anos, moradora do Gaspar Mirim, entrou para as estatísticas em dezembro de 2020. “Foi bem difícil receber a notícia. Minhas filhas choraram muito, mas eu falei para elas que não iria chorar, mas sim enfrentar o câncer”, relembra. E assim o fez. Os seis primeiros meses foram de quimioterapia. No dia 11 de agosto de 2021, Maria passou por cirurgia. “Esse dia me marcou muito porque além da cirurgia, foi também o dia que perdi minha mãe”, revela Maria. Após a cirurgia, foram 25 sessões de radioterapia e outros 5 meses de medicação. “A quimioterapia foi a etapa mais difícil, pois eu precisei fazer quatro sessões vermelhas, que é a mais agressiva e 12 brancas”, conta.

Maria foi aprendendo a conviver com os efeitos colaterais. Veio a perda do cabelo, porém, ela diz que não foi o momento mais doloroso. “O meu maior medo era não vencer a doença, mas a fé que eu tinha era maior que o medo”, afirma. “Eu precisei raspar todo o cabelo, mas minhas filhas e minha irmã fizeram o mesmo, para me apoiar, por isso foi mais tranquilo. Eu tinha em mente que o cabelo ia crescer novamente, o importante era estar curada”. A fé também foi importante. Maria recebia diariamente mensagens de orações, até mesmo de fora do Brasil. “Isso me ajudou bastante a encarar a doença”, admite.

Maria: apoio da família foi fundamental para vencer a doença em 2022
  • Maria: apoio da família foi fundamental para vencer a doença em 2022 (Fotos: Arquivo Pessoal )

As maiores dificuldades, segundo ela, foram a quimioterapia e a perda da mãe. Mas eu sempre tive o apoio da minha família, isso me ajudou muito. “Minhas famílias sempre se revezavam para ir comigo nas sessões de quimio, assim como o meu marido também; além disso, minha mãe enquanto estava viva sempre rezou muito por mim. Sem minhas filhas, meu marido, minha neta, que também me apoiou muito, e toda a família, eu não teria força de passar sozinha por isso”, admite. Em 2022, Maria recebeu a tão sonhada notícia: ela estava 100% curada do câncer. “Hoje eu só faço acompanhamento com o mastologista e oncologista, porque meu câncer é do tipo triplo negativo, então ele tem uma chance remota de voltar, por isso preciso sempre estar me cuidando”, explica. Ela faz diversas atividades na Rede Feminina de Gaspar, como fisioterapia, lucas, reiki, reflexoterapia, terapia e nutrição, o que ajuda bastante. “O recado que eu deixo às mulheres é que façam sempre os exames preventivos. Eu fazia todos os anos a mamografia e por isso eu consegui descobrir o meu câncer no início, foi o que me deu mais chances de vencer. E se alguém tiver um diagnóstico como o meu, nunca desista, lute sempre porque nós podemos vencer essa doença”.

Carmem Conceição Albanaz, 65 anos, moradora do bairro Sete de Setembro, foi uma dessas lutadoras. Ela conta que fez o exame periódico em novembro de 2021 e ficou aguardando um ultrassom pelo SUS. Nesse período surgiram nódulos nos seios. Ela então procurou a Rede Feminina de Gaspar em busca de orientação e a enfermeira sugeriu que ela fizesse o ultrassom o mais rápido possível. “Fiz o exame particular e o médico sugeriu que eu procurasse o meu ginecologista”. Uma biópsia foi feita, quando então veio a comprovação de que se tratava de câncer de mama. “A gente perde o chão, mas eu sempre pensei que não seria isso que iria me derrubar. A minha preocupação era que, na época, eu cuidava de uma irmã especial. Eu disse: vou levantar a cabeça e seguir em frente”, recorda Carmen. Ela também teve um suporte muito grande da família e amigos e se apegou muito a Deus. Junto com a família e amigos, Carmem orou muito. O marido também foi importante nesse momento. “Ele sempre esteve ao meu lado me apoiando”. Em junho de 2022, ela passou pela cirurgia e logo iniciou o tratamento com quimioterapia para depois passar pela radioterapia. Hoje, ela está curada.

Diagnosticada com câncer de mama em 2022, Carmem se apegou muito em Deus para buscar a cura
  • Diagnosticada com câncer de mama em 2022, Carmem se apegou muito em Deus para buscar a cura (Fotos: Daniel Nogueira/Jornal Metas)

Na Rede Feminina, Carmen encontrou muito conforto. “Você não imagina o apoio que recebe na Rede, é um trabalho fantástico”. Hoje, ela ainda faz terapia na Rede. A quimioterapia foi um momento difícil para Carmem. “O corpo da gente muda completamente”, explica. A perda do cabelo também é transformador. “A gente se olha no espelho e não se reconhece”, lembra Carmem. Porém, os momentos mais difíceis eram quando ela se deparava, no Hospital Santo Antônio, em Blumenau, com outras pessoas sofrendo muito mais com o câncer do que ela, algumas bem mais jovens. “Isso me doía tanto que eu até esquecia que estava também com câncer”, revela.

Ação em Gaspar

No próximo sábado, dia 19, é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Mama. O laço rosa foi distribuído na Corrida pela Cura, realizada em Nova York no ano de 1990, em uma campanha organizada pela Fundação Susan G. Komem for the Cures acabou virando símbolo do “Outubro Rosa”, mês que se destaca pelas ações de conscientização sobre a importância da prevenção.

Cuidados simples, como a observação constante das mamas e a realização do toque, aliados ao conhecimento sobre as diferentes formas de manifestação do câncer de mama e exames contínuos, é o que permite o diagnóstico rápido, com o consequente tratamento e a cura. Em 2022, somente o Sistema Único de Saúde (SUS) autorizou mais de 4,2 milhões de mamografias, sendo 3,8 milhões de mamografia de rastreamento, que é a mais indicada para o diagnóstico precoce do câncer e deve ser feita a cada dois anos em mulheres com idades entre 50 e 59 anos.

A Rede Feminina de Combate ao Câncer é uma enorme corrente de acolhimento e orientação. A entidade, presente em 22 estados da federação, presta assistência gratuita a pacientes oncológicos e difunde informação útil para a prevenção do câncer de mama. A Rede é regida pelos pilares da Prevenção (ações e campanhas de conscientização, mobilizações, ofertas de exames, etc), parcerias (sensibilização a diversos segmentos, como o Executivo, Legislativo, Judiciário e classes empresariais) e, principalmente, voluntariado, que reúne mais de 55 mil voluntários, sendo as equipes majoritariamente formadas por mulheres.

Em Santa Catarina, a Rede Feminina tem mais de 60 anos, tendo sido criada em Florianópolis. A primeira unidade fora da capital foi implantada em Blumenau. Em Gaspar, a Rede Feminina tem mais de 35 anos e reúne mais de 50 voluntárias. Na sede da entidade, são realizados gratuitamente exames preventivos de câncer de mama e de cólo de útero, bastando agendar por telefone ou presencialmente.

A Rede possui enfermeira, laboratório com biomédico e estrutura para terapias auxiliares aos tratamentos químicos como fisioterapia, drenagem linfática nos braços das mastectomizadas, orientação nutricional, além de terapias alternativas como reiki, arteterapia e terapia ocupacional em grupos.

Neste ano, a Campanha da Rede Feminina Estadual de Santa Catarina no Outubro Rosa traz como lema “Lance sua Rede pela Vida”. Gaspar aderiu à campanha que lembra um pescador que ao lançar sua rede ao mar, buscou enchê-la de peixes. “Assim queremos encher nossas redes de mulheres para realização dos exames de prevenção”, afirma a presidente da entidade, Maria Helena Spengler. A camiseta rosa, símbolo da Rede, está à venda no Brechó da Rede, ao lado da sede, com renda revertida para a manutenção dos trabalhos da entidade.

Em Gaspar, as “meninas de rosa”, como são chamadas as voluntárias da Rede, vão realizar no próximo sábado (19), a partir das 9h, uma caminhada pelas ruas centrais da cidade, com saída da sede da entidade. O objetivo é chamar atenção para a prevenção.

  • Maria: apoio da família foi fundamental para vencer a doença em 2022 (Arquivo Pessoal )

  • Diagnosticada com câncer de mama em 2022, Carmem se apegou muito em Deus para buscar a cura (Daniel Nogueira/Jornal Metas)

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