Morre Silvio Santos, aos 93 anos
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Apresentador havia sido internado com um quadro de HI1N1 (Fotos: DIVULGAÇÃO)
O apresentador e dono do SBT morreu na madrugada deste sábado, no Hospital Albert Einstein
O apresentador e dono do SBT, Silvio Santos, morreu aos 93 anos, na madrugada deste sábado (17)), após ser novamente internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo. A família ainda não informou os atos fúnebres
Silvio havia retornado à unidade hospitalar no início de agosto, poucos dias depois de receber alta médica devido a um quadro de H1N1. Ele deixa a viúva Íris Abravanel, com quem era casado desde 1978 e teve as filhas Daniela Patrícia, Rebeca e Renata. Também deixa as filhas Cíntia e Silvia, do primeiro casamento, com Cidinha, que morreu em 1977.
"O Homem do Baú"
Silvio Santos é um dos maiores apresentadores da televisão brasileira. Ao longo de 60 anos esteve no ar, com passagens pelas principais emissoras, incluindo a TV Globo, onde alçou sua carreira ainda na década de 1970, até criar sua própria rede: o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão) no começo dos anos 1980.
Senor Abravanel, este era o nome verdadeiro de Sílvio Santos, nasceu no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930. Era filho do casal Alberto Abravanel e Rebeca Caro. Desde cedo teve um faro aguçado para os negócios e trabalhava para ajudar nas despesas de casa.
Ao longo da vida, por muitas vezes Silvio Santos relembrava o começo do seu trabalho, quando ainda na juventude, aos 14 anos, foi camelô nas ruas da capital carioca. Ele vendia capas para títulos de eleitor e canetas. Nas horas de folga, costumava frequentar os programas de auditório da Rádio Nacional
Ao atingir a maioridade, precisou servir ao Exército. Sem poder trabalhar como camelô, pediu emprego na Rádio Mauá e passou a trabalhar como locutor. Tempos depois, arrumou trabalho na Rádio Tupi e, em seguida, na Rádio Continental, em Niterói, onde precisava pegar uma barca para atravessar o canal (ainda não havia a ponte Rio-Niterói).
Em uma dessas viagens, teve a ideia de criar uma “rádio” para transmitir músicas durante o trajeto. Entre uma música e outra, no entanto, fazia propagandas. Com a venda do espaço publicitário, Silvio viu a renda aumentar.
Nesta época, ele criou a revista Brincadeiras Para Você e a vendia nos comércios. Assim como os demais empreendimentos, a empreitada deu certo. Visionário, Silvio Santos cuidava de toda a parte financeira do negócio.
Em 1958, Manoel da Nóbrega, amigo pessoal do dono do SBT, pediu ajuda para administrar a empresa Baú da Felicidade. À época, Nóbrega estava com dificuldades para tocar o negócio. Silvio comprou a empresa. Começava ali o Grupo Silvio Santos.
O nome artístico Silvio Santos surgiu quando a carreira no rádio e televisão virou uma opção para o vendedor aumentar seus lucros. Assim, Silvio, depois da parceria com Manoel da Nóbrega, estreou nas telinhas em 1962, no programa Vamos Brincar de Forca, na TV Paulista. No ano seguinte, estreou o Programa Silvio Santos, que, desde 1963, está no ar no país.
Para Maurício Stycer, biógrafo do apresentador e autor do livro Topa Tudo Por Dinheiro (nome de um dos seus quadros na TV), Silvio buscou a televisão e o rádio como uma maneira de ampliar os negócios e conseguir o próprio canal.
Percebendo o sucesso da empreitada, Silvio Santos decidiu dobrar a aposta e passou a lutar para criar uma rede de televisão.
O sonho começou em 1976, quando o general Ernesto Geisel, um dos presidente do período da ditadura militar, concedeu ao comunicador a TVS (TV Studios) do Rio de Janeiro. Quase cinco anos depois, em 1981, ele fundou o SBT.
No SBT, Silvio criou um jeito próprio de fazer televisão. Com mudanças na grade, pouco espaço para jornalismo, programas inovadores e apostas que poucos fariam, como o seriado Chaves e as novelas mexicanas. Os domingos continuaram sendo seus, com o Programa Sílvio Santos.
Em sua emissora, lançou nomes como Gugu Liberato, Celso Portioli, Eliana, Mara Maravilha e, mais recentemente, Maisa e Larissa Manoela.
Candidato a Presidente do Brasil
Em 1989, na primeira eleição presidencial do Brasil após a ditadura militar, Silvio Santos foi convencido a sair candidato ao cargo de presidente da República em meio à campanha eleitoral. Filiado ao PFL na época, Sílvio acabou optando pelo desconhecido Partido Municipalista Brasileiro (PMB), que já tinha candidato. Armando Correia topou renunciar à candidatura para que Silvio Santos entrasse na disputa. Assim, foi criada a chapa com Silvio Santos e o senador paraibano Marcondes Gadelha como vice. Sílvio chegou a gravar alguns programas eleitorais. Rapidamente, as pesquisas de intenção de votos apontavam o favoritismo do “Homem do Baú”, que chegou a ter 30%, com chances de levar a eleição ainda no primeiro turno. Porém, a Justiça Eleitoral recebeu diversos pedidos de impugnação da chapa e acabou declarando Silvio Santos inelegível, por não respeitar os prazos previstos em lei. Assim, em 9 de novembro de 1989, em decisão unânime, a Corte impugnou a chapa Silvio Santos-Marcondes. Uma semana depois, a eleição aconteceu, com Fernando Collor de Mello (RN) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indo para segundo turno, que terminaria com a vitória de Collor.
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