Aurora alerta para a grave crise no setor leiteiro de SC e do Brasil

Presidente da empresa, Neivor Canton, diz que as importações estão derrubando a cadeia produtiva de leite no Brasil

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FOTOS AGÊNCIA BRASIL

A Aurora, cooperativa central com mais de 76 mil famílias rurais em sua base produtiva, emitiu um comunicado, assinado pelo seu presidente, Neivor Canton, em que manifesta grande preocupação com a dramática situação que atravessa a cadeia produtiva do leite em Santa Catarina e no Brasil.

A empresa chama atenção que o preço do leite no mercado mundial caiu e o real teve uma relativa valorização frente ao dólar. A combinação desses dois fatores estimulou as importações e o preço no mercado interno do produto desabou. "Em um primeiro momento, esse movimento é ótimo para o consumidor, que passa a ter produtos lácteos mais baratos. Mas é péssimo para o país, porque pode levar à desorganização e inviabilidade da cadeia produtiva e a consequente expulsão dos pequenos produtores", afirma o presidente.

Segundo ele, o Brasil triplicou, neste ano, as importações de lácteos do Mercosul. "Esse explosivo aumento da importação de leite em pó em 2023 gerou pânico no setor lácteo brasileiro em razão dos impactos na competividade do pequeno e médio produtor de leite".

O presidente também diz que a crise teve a contribuição de fatores extra-porteiras – custos de produção mais elevados, agravados pelas deficiências de infraestrutura, e maior carga tributária direta e indireta. "O leite produzido no Brasil custa mais ao produtor e, por consequência, ao consumidor, se comparado ao importado", afirma a Aurora.

Por isso, avalia Neivor, o importado passou a ter maior presença no mercado brasileiro, provocando queda geral de preços e reduzindo a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro e também das indústrias de captação, processamento e industrialização de leite.

O executivo alerta que produtores de leite de Santa Catarina estão abandonando a atividade em consequência da nova situação do mercado brasileiro, marcado pela excessiva importação de leite e pela queda persistente da remuneração.

"Toda a cadeia produtiva do leite está padecendo dessa situação. As próprias indústrias de processamento (laticínios) estão operando no vermelho e muitas estão utilizando matéria-prima láctea importada por extrema questão de gestão de custos. A Aurora não aprova essa política de importação sem limites e sem controle. A Aurora mantém-se fiel aos produtores rurais cooperados, de quem recebe todo o leite que processa em suas unidades, os quais jamais abandonará porque são eles os verdadeiros destinatários do Sistema Cooperativista".

Neivor apela ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que estabeleça mecanismos para regular a importação, criando gatilhos e barreiras para que seu exagero não destrua as cadeias produtivas de leite organizadas existentes no Brasil. E, por fim, defende uma política de apoio ao setor para estimular, simultaneamente, a produção e o consumo. "Manter a sustentabilidade e a viabilidade econômica da vasta cadeia produtiva do leite é essencial para o desenvolvimento do interior do país e para a segurança alimentar da nação".

Evolução da produção leiteira em SC // FONTE: Observatório Agropecuário Catarinense