Quem pedala chega antes

Uma experiência feita pelos repórteres do JM mostra: em Gaspar, a bicicleta chegou 22 minutos antes

Júlia Dourado

Ao pensar em produzir um caderno com o foco na bicicleta, uma das primeiras ideias que veio à mente da redação foi realizar a seguinte experiência: em horário de pico, por volta das 18h, sairmos do Fórum de Gaspar, no bairro Sete de Setembro, e seguirmos em direção à Círculo SA, no Coloninha. Eu, Júlia, de bicicleta, e a outra jornalista, a Kássia, de carro. O objetivo era ver quem chegava antes, embora já esperássemos que a bicicleta fosse ter certa vantagem.

Para documentar toda a experiência, uma câmera Go Pro filmou o trajeto e o vídeo está disponível abaixo. No dia 11 de outubro, uma quinta-feira, fomos realizar esta experiência. Eram exatamente 18h05min quando saímos do Fórum a Kássia já pegou fila e eu pude passar tranquilamente ao lado dos carros. Logo pude ter ideia dos riscos que corre um ciclista. No trevo da Paroli, são muitos os motoristas que trafegam pelo acostamento, seja para chegar mais rápido à entrada do bairro Sete de Setembro ou para dar uma de espertão e furar a fila logo no seu início. O ciclista, que vai pelo acostamento, leva alguns sustos.

Neste local e na rotatória do Zoni Mais há muita confusão, é carro que tenta ir para um lado, algum impaciente tentando se enfiar no trânsito de qualquer jeito e por aí vai. Conforme havíamos combinado, respeitamos as leis de trânsito e eu, como os carros, parei no semáforo da Avenida das Comunidades quando fechado e esperei para que abrisse. Foi na Avenida que senti mais medo. Tinha que andar pelas margens da pista e a distância de 1,5 metro que o motorista tem que deixar do ciclista não foi respeitada em momento algum. A lei exige, mas ninguém cumpre. Os carros passam muito perto e o medo de acabar acontecendo um acidente é grande. A vontade é de andar pela calçada, invadir o espaço que é reservado para o pedestre, para não se arriscar perto dos carros.

Há muita gente que afirma que não anda de bicicleta justamente pela falta de segurança. Acredito que, se o poder público quer resolver o problema de mobilidade urbana em Gaspar, precisa investir em ciclofaixas e ciclovias que garantam a segurança do ciclista. Este é o incentivo que o governo pode dar para que mais pessoas optem por um meio de transporte sustentável e que não causa congestionamento na cidade.

A quantidade de trechos ciclofaixas em Gaspar é vergonhosa. Só andei por ciclofaixa no trajeto que vai do Trilhos a Círculo. Muitos ciclistas passaram por mim neste trecho, o que reforça a teoria de que, garantida a segurança, mais bicicletas irão aparecer. Exatamente 10 minutos se passaram entre a minha saída do Fórum e a chegada a Círculo. Lá esperei pela Kássia, para cronometrarmos a diferença de tempo. Ela passou pela fábrica de linhas às 18h37min, ou seja, 22 minutos depois de mim. Num mundo em que todos querem economizar tempo e chegar a qualquer lugar sem demora, perder 22 minutos não me parece razoável. 

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Blumenau: Falta interligar as ciclofaixas 

Giovanni Ramos

Se em Gaspar praticamente não há ciclovias, Blumenau já possui 50 quilômetros de ciclofaixas distribuídas pelos bairros. No entanto, elas não são interligadas entre si e estão mal cuidadas. Nos trechos onde o trânsito é mais caótico e há maior necessidade de um espaço exclusivo para a bicicleta, a faixa deixa de existir. Isto foi o que eu, Giovanni, percebi. 

Um bom exemplo ocorre no bairro Fortaleza. Na Rua Francisco Vahldieck, principal do bairro, uma ciclofaixa foi instalada em toda a via no início da década passada. A intenção era ligar a BR-470, nas proximidades do viaduto da Dudalina, com o bairro Itoupava Norte. Utilizando uma câmera GoPro, resolvi fazer o trajeto e pude confirmar a importância de uma ciclofaixa.

Bem no começo, um caminhão ocupava uma pequena parte da ciclofaixa. Ele estava estacionado em frente a uma obra de construção de um residencial, no local para estacionamento. Mas, devido a largura do veículo, uma parte ocupou parte da ciclofaixa.

O trajeto parecia tão tranquilo que fiquei pensando como a via pode ser marcada por acidentes envolvendo bicicletas. Sim, já tivemos atropelamentos na ciclofaixa, fato que levou a ABC Ciclovias pedir uma intervenção da Secretaria de Planejamento  no local. Comparando com o trajeto feito pela repórter Júlia Dourado, que quase precisou subir na calçada para garantir sua segurança, entendi porque a ABC considera a ligação das ciclovias a ação mais importante, até mais que campanhas de conscientização.

A parte lamentável do trajeto ocorre quando chego ao centro do bairro, local com maior trânsito. Várias obras e ações foram feitas no asfalto da via e a ciclofaixa, que é delimitada apenas com pinturas na via, ficaram de fora. Em frente a Paróquia São Francisco de Assis, alargaram a calçada e tiraram o espaço da bicicleta.

No fim, quando o viaduto da Via Expressa se aproximava, cadê a ciclovia? Nem faixa, nem nada. Para atravessar o confuso trevo, somente se arriscando ao lado dos carros. Em Blumenau, o que falta é interligar as ciclofaixas. 

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