História preservada

O MuBi é o único museu de bicicletas da América Latina e fica em Joinville

História preservada

Todo o futuro de Valter Bustos foi definido por um momento inesquecível de sua infância, quando ainda morava em São Paulo: a primeira volta de bicicleta. “Foi a primeira vez em que tive a sensação de liberdade. Eu tinha sete anos e acabara de ganhar uma Caloi Fiorentina. Com ela, descobri um novo mundo, meu bairro parecia um local imenso a ser explorado e passei quase o dia inteiro andando de bicicleta. Quando cheguei em casa, minha mãe me batia e ao mesmo tempo ficava feliz por eu ter chegado bem”, relembra Valter com uma risada. No outro dia, repetiu sua aventura e foi assim diariamente até que a mãe deixou de se preocupar e passou apenas a exigir que o filho terminasse as tarefas antes de sair.

Ele passou a fazer trocas com os amigos, dava algum de seus brinquedos e recebia uma bicicleta ou peças, que começou a guardar quando tinha 10 anos. Este foi o início do acervo que hoje está em exposição no Museu da Bicicleta, o MuBi, em Joinville, único museu de bicicletas da América Latina. Ao fazer seu Trabalho de Conclusão de Curso, ele não teve dúvidas, quis saber mais sobre bicicletas e suas histórias. Fez visitas a todas a bicicletarias que pode em São Paulo e, além de descobrir histórias, ganhou peças, cartazes e muitos outros objetos que passaram a integrar o acervo pessoal. A bicicleta nunca deixou de ser o foco de sua vida. Valter prestou consultoria para a Caloi, escreve para revistas sobre bicicletas e é proprietário do museu. O acervo é formado por boa parte do que acumulou ao longo dos anos, que comprou, ganhou ou trocou. “Tenho mais de 19 mil peças, em que estão incluídas fotografias, miniaturas, canecas decoradas, bicicletas, selos, cartões, uma coleção de campainhas, peças de bicicleta... Enfim, qualquer coisa que tenha o tema bicicleta entra para o acervo do museu”, afirma o curador. Existem objetos novos e outros muito antigos, como bicicletas que foram restauradas por Valter, mas que continuam com a cara original.

Primeiro tentou abrir um museu em São Paulo, mas foi convidado a vir para Santa Catarina, mais precisamente para Joinville, para abrir o Museu da Bicicleta. Há 13 anos, o MuBi abriu as portas em um contrato de comodato com a prefeitura da cidade, que é conhecida por ser a terceira com maior número de ciclistas no ranking nacional. São muitas as preciosidades existentes no acervo (veja o box ao lado). Para os adultos, a visita pode se tornar uma viagem no tempo ao reverem as bicicletas que fizeram parte da infância. 

 

Vida sem carro

 

João Cassiano tem 60 anos e auxilia Valter no Museu da Bicicleta. Este trabalho é especial para João, pois trata de uma verdadeira paixão, do único meio de transporte que escolheu para se locomover durante toda a sua vida. Nunca se interessou por carros, sequer aprendeu a dirigir e não anda de ônibus. No bagageiro de sua bicicleta estão uma capa de chuva, um chapéu e mais alguns objetos para imprevistos. “Hoje tenho cinco bicicletas, esta é a que mais gosto, uma Monark dos anos 70. Tenho bicicleta desde os 10 anos de idade e, quando comecei a trabalhar, vinha de Guaramirim a Joinville pelas margens da estrada de ferro e assim chegava ao meu emprego, que era na  Cônsul”, relembra.

Nos anos 70 se mudou para Joinville e comprou a bicicleta pela qual tem tanto carinho. Toda sua família tinha este meio de transporte e a cidade era diferente, apenas um prédio despontava no horizonte da cidade das flores. “Era possível contar a quantidade de carros nas ruas. Na hora de saída das fábricas, as ruas ficavam fechadas, tal era quantidade de bicicletas. Hoje, todos tem carros e muita gente desiste de andar de bicicleta porque tem medo. Eu ando porque sou corajoso, mas é muito perigoso, os motoristas não respeitam. Já sofri quatro acidentes e em todos eles os motoristas assumiram a culpa”, conta. Com um sistema que integre todas as ciclovias já existentes e crie muitas outras, João acredita que Joinville possa voltar a ser uma cidade segura para os ciclistas.

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