Em período de protestos nas ruas de todo o Brasil, falar sobre o colunismo na imprensa não poderia fugir da política. E o tema predominou durante a palestra da jornalista Tereza Cruvinel, realizada no sábado à tarde durante o Congresso da Adjori Santa Catarina. Colunista do jornal Correio Braziliense, Tereza possui mais de 30 anos de experiência na área, com participação na cobertura das Diretas Já, redemocratização, e a queda de Fernando Collor. Em 2007, assumiu a direção da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), sendo responsável pela implantação da TV Brasil.

Ao abordar as responsabilidades dos colunistas na formação de opinião de cidades do interior, Tereza citou as manifestações pelo país e reforçou o perigo de a imprensa não informar e opinar com responsabilidade e profissionalismo. “Nós vemos uma multidão nas ruas sem foco, sem saber para onde ir. Estamos correndo um risco de jogar fora, todas as conquistas democráticas, a imprensa precisa acompanhar o caso, mas não inflamar, agir na torcida”, declarou Tereza.

Tereza citou a PEC 37, que segundo ela, foi derrubada no Congresso sem uma ampla discussão. “Sim, a PEC tinha coisas boas. Ela não diminuía os poderes do Ministério Público, porque o MP nunca teve esse poder segundo a Constituição. 

A proposta queria colocar ordem na casa e foi derrubada por causa de uma pressão popular que não está disposta a entender, discutir, quer apenas imediatismos”, desabafou. A jornalista também criticou o excesso de colunas existentes em alguns jornais e afirmou que é preciso que cada coluna tenha um propósito. “Não vejo sentido uma publicação ter, por exemplo, três colunas de política. Para que tanto? No que isso ajuda a sociedade? As colunas não podem ser desfiles de egos. 

Nós temos casos de jornalistas fazendo colunas de polítca nacional morando no Rio de Janeiro e em São Paulo. Como fazem isso sem estar em Brasília, sem viver o dia-dia?”, questionou.