O empreendedor da notícia

Há onze anos, José Roberto Deschamps assumiu o JM, para fazer dele um case de sucesso e de orgulho para Gaspar

José Roberto Deschamps não havia ainda completado dez anos e já trabalhava na lavoura de arroz e na produção de farinha na localidade de Águas Negras, no bairro Figueira, onde foi criado. Foi também operário da Círculo S.A de 1986 a 1990, onde começou como auxiliar de produção. Mas foi na área de vendas, aos 24 anos, que José Roberto descobriu a sua verdadeira vocação. Primeiro como empregado da área de vendas de assinaturas e distribuição e, depois, no comercial de anúncios do seu, hoje, principal concorrente na cidade. Neste período, adquiriu experiência e conhecimento do mercado. Em 2002, decidiu que era o momento de ter o seu próprio jornal. No dia 5 de junho, tornou-se oficialmente proprietário do Jornal Metas. De lá para cá, virou o Beto do Metas. Nestas 886 edições à frente do JM, Beto não mediu esforços e investimentos para torná-lo um dos mais respeitados veículos de comunicação do Estado, elogiado pelos leitores, admirado pela concorrência e reconhecido no âmbito estadual com três troféus Pena de Ouro do Jornalismo e um da Publicidade nos últimos três anos. Beto admite que não foi fácil chegar até aqui, e que muita coisa precisa ser feita. Planos e projetos, diz ele, "existem muitos, porém vamos sempre com os pés no chão. Uma coisa de cada vez". É assim que ele administra o JM, ao lado da esposa Juliana Deschamps, com quem é casado há 14 anos e teve dois filhos, Wille, de 10 anos e Davi, de 9.

Beto, 45 anos, tem hábitos simples. Chega a trabalhar 12 horas por dia e nos finais de semana, sempre acompanhado da família, cumpre extensa agenda de eventos comunitários, pois como ele mesmo diz: "a sobrevivência de qualquer negócio depende de bons relacionamentos". Religioso, ainda arranja tempo para participar na organização das festas da igreja Santa Bárbara, na Águas Negras, onde é também catequista, Ministro Extraordinário e membro do Conselho Pastoral da Comunidade. Acumula, ainda, a função de diretor de Comunicação da Associação Empresarial de Gaspar e tesoureiro da Associação dos Jornais do Interior de Santa Catarina. Com tantas tarefas simultâneas, foi difícil arranjar espaço na agenda para essa entrevista. No entanto, a palavra do proprietário do JM não poderia faltar neste momento em que o jornal chega à milésima edição.

Jornal Metas: Sinceramente, em junho de 2002 você acreditava que o Jornal Metas poderia atingir a milésima edição?

José R. Deschamps: Acreditar a gente sempre acredita, pois é preciso confiar na sua capacidade de gerenciar um negócio. Agora, é uma data que simboliza muito na nossa caminhada, pois faz a gente relembrar das dificuldades do começo. Qualquer negócio que você assume é sempre um desafio. Eu tinha experiência em vendas, mas um jornal é muito mais do que isto. É uma estrutura complexa, que precisa estar harmonizada, para que o leitor receba um produto de qualidade. Tudo o que aprendi na gestão de um jornal foi na prática, e até acho que estou me saindo bem (risos).

JM: Bem? É muita modéstia para um jornal que tinha 300 assinantes em 2002 e hoje tem 4 mil. Você não acha?

Beto: Sem dúvida. A evolução do Metas foi surpreendente não apenas no número de assinantes. Crescemos rapidamente em todas as áreas. Isto é fruto de muito trabalho, da confiança dos leitores, anunciantes e da competência de quem faz o jornal no dia a dia. Tenho muito orgulho da minha equipe, pois temos profissionais comprometidos.

JM: É muito difícil administrar um jornal?

Beto: Sim. Um jornal não é igual a produzir um alimento industrializado, por exemplo, que a máquina se encarrega de fazer praticamente tudo na linha de produção. Nestas mil edições do Metas não tem duas iguais, e nunca terá. A cada edição é um novo produto. A equipe de redação precisa ir à rua atrás da matéria-prima que é a notícia e a área comercial precisa vender publicidade e assinaturas, pois é disto que é feito um jornal: reportagens e publicidade.

JM: A credibilidade é o maior patrimônio de um jornal. Qual a linha editorial do Metas, para que seus leitores confiem na informação publicada?

Beto: Fazemos jornal para a comunidade. É ela quem nos pauta. Somos um veículo independente, embora nossos críticos queiram nos adjetivar. Temos quatro jornalistas formados e com experiência em redação. Confio plenamente no trabalho deles. Embora eu seja o proprietário do jornal, não tenho ingerência sobre as pautas determinadas pela redação. Aliás, pouco participo das reuniões de pauta. A diretoria e a redação até podem discutir uma pauta mais polêmica, uma denúncia, por exemplo, mas a decisão é sempre do meu coordenador de redação e da sua equipe. O importante é que os fatos sejam bem apurados, todas as partes ouvidas e a notícia publicada com imparcialidade.

JM: O Metas tem uma boa estrutura física e de pessoal. Para uma cidade de 60 mil habitantes, é um jornal quase de porte médio. É preciso muita capacidade gestora para equilibrar receita e despesa. Qual o segredo do sucesso?

Beto: É verdade. Hoje, temos 28 colaboradores. Qualquer negócio só sobrevive se você tiver bons relacionamentos no mercado. É isto que a gente procura fazer, embora o mercado de comunicação seja muito volátil. Um jornal que tem uma equipe de quatro pessoas e uma tiragem de mil exemplares pode se dar ao luxo de vender um anúncio pela metade do preço por nós praticado. Agora, eu pergunto: será que o anunciante terá o retorno que espera? Hoje, temos 4 mil assinantes, ou seja, um único exemplar será lido, no mínimo, por seis pessoas (a média considerada pela Associação Nacional dos Jornais) a cada edição, ou seja, são 24 mil pessoas lendo a publicidade no JM.

JM: O segredo então é ter assinantes?

Beto: A assinatura é a nossa segunda fonte de receita. A primeira é a publicidade. No entanto, vejo a assinatura como o nosso grande diferencial em relação a outros jornais de médio e pequeno porte. O assinante recebe o jornal no conforto de casa ou do seu local de trabalho, e certamente ele só é assinante porque gosta de ler o Metas. Ninguém assina um jornal para não lê-lo. Em contrapartida, aumenta a responsabilidade de fazer um jornal de qualidade. Esse é o desafio diário da equipe.

JM: O JM tem criado outros produtos, como revistas e agendas, além de cadernos segmentados. Isto tem ajudado a melhorar a receita?

Beto: Sem dúvida. Essa é a tendência do mercado da comunicação impressa. Hoje, os grandes jornais procuram criar produtos para públicos específicos. Logicamente que não podemos deixar de priorizar as notícias factuais, pois elas são sempre as mais lidas no jornal, mas já percebemos que muitos anunciantes querem espaço em páginas com reportagens relacionadas ao seu negócio. Já a agenda é um produto que deu certo, pois ela é temática e isto agrada ao público.

JM: Se fala que, em pouco tempo, o jornal online vai "engolir" o impresso. Você concorda?

Beto: O jornal online é aliado e não concorrente do impresso. Foi assim quando surgiu a televisão, todos diziam que o rádio iria desaparecer. O rádio está aí até hoje, cada vez mais forte e ocupando o seu espaço na mídia. O jornalismo online é mais um canal de comunicação que veio para consolidar a informação como um produto de primeira necessidade. O que os jornais impressos precisam é se adaptar aos novos tempos. Hoje, temos um jornal online diário cada vez mais dissociado do jornal impresso, ou seja, uma notícia pode ser publicada apenas num dos veículos, dependendo da sua factualidade. O jornal online é diário, enquanto o impresso é bissemanal. Isto precisa ficar bem claro para os nossos leitores. O nosso público do site não é o mesmo do jornal impresso. Por isso, até a linguagem precisa ser outra.

JM: Desde setembro de 2012, o Metas está em uma sede bem mais ampla. O que mudou de lá para cá?

Beto: Praticamente tudo na questão espaço físico. Saímos de uma sede de 100 metros quadrados para uma de 228 metros quadrados, com salas amplas e individualizadas por departamento. Foi um investimento alto, mas necessário sob o ponto de vista de visibilidade da empresa e de qualidade de trabalho para a equipe. A nova estrutura tem impressionado a quem nos visita. Já percebo uma maior valorização da nossa marca no mercado. Agora, todos os nossos investimentos são sempre feitos com os pés no chão. Uma coisa de cada vez.

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