De herói à vítima

Durante a tragédia, muitos bombeiros arriscaram suas vidas durante os salvamentos ou tentativa deles

De herói à vítima

Durante a catástrofe que atingiu o Vale do Itajaí há cinco anos, bombeiros militares, comunitários e voluntários, incansavelmente, dedicaram o seu tempo para socorrer e amparar as vítimas da tragédia. Até então acostumados a lidar com as cheias, estes profissionais foram desafiados por uma força muitas vezes fatal: os deslizamentos de terra que atingiram residências e soterraram várias pessoas. Ainda aprendendo a lidar com a situação, os bombeiros tiveram que arriscar suas próprias vidas para retirarem as pessoas dos escombros. Alguns deles acabaram se tornando vítimas das avalanches de terra. 

Foi o caso do bombeiro militar Volnei Camargo de Oliveira, de 38 anos. Bombeiro há 11 anos, locado no quartel de Gaspar durante todo este tempo, ele jamais imaginou que vivenciaria algo como aquelas tristes ocorrências de novembro de 2008. Ele lembra que os bombeiros estavam divididos em equipes, distribuídas pelos bairros mais atingidos da cidade. Volnei era o responsável pelo grupo que estava prestando socorro aos moradores da localidade do Sertão Verde, no bairro Margem Esquerda. Na manhã daquele sábado, dia 23, ele recorda que o trabalho era dedicado a retirar as famílias das áreas mais baixas, já alagadas. “A água estava subindo mais de meio metro a cada hora. Fazíamos o translado destas pessoas e voltávamos para buscar outras. Algumas famílias preferiram se refugiar em residências de dois pavimentos”, diz. 

Em um dos intervalos destes traslados, um estouro muito forte foi ouvido. Volnei, com o bombeiro comunitário Daniel Barbosa de Oliveira, correram em direção do estrondo. “Tivemos que atravessar todo o bairro, para ver o que tinha acontecido. Mas, no caminho, já havia muita lama e árvores caídas. Para passar, tivemos que ir nos equilibrando em cima dos troncos”, diz. Quando chegou no local do deslizamento de terra, outra avalanche de terra desceu. “Olhei para cima e dei um berro. Já não vi mais o Volnei e pensei que ele havia morrido”, emociona-se Daniel. Com a lama até o peito, o bombeiro comunitário conseguiu sair e ainda salvou outras duas pessoas. “Fui até uma das casas e liguei para o quartel. Duas outras das nossas equipes ficaram sabendo do ocorrido e também foram para o Sertão Verde”, diz. 

Felizmente, o bombeiro Volnei conseguiu sobreviver ao deslizamento. “Eu fui arrastado pela lama e quando parei estava com terra acima do joelho. Tranquei a respiração e pensei: agora a lama vai me soterrar”, disse. Mas, quando abriu os olhos, ainda estava a salvo. “Foi então que percebi que um poste estava caindo. Ele parou menos de um metro de mim”. O bombeiro conseguiu sair do soterramento e chegou a uma das áreas alagadas. Ele nadou até chegar em um coletor de lixo, onde ficou se segurando, a espera do socorro. “Fiquei ali por alguns minutos, chorando e agradecendo a Deus”. Muitos outros soldados da corporação também choraram, ao saber que Volnei havia sobrevivido. “Ainda me lembro dos abraços que recebi”. 

Tragédia

A mesma sorte que teve o bombeiro Volnei, não tiveram outras sete pessoas que estavam na residência. Todas elas morreram soterradas: Débora Mendonça, grávida de dois meses, e os filhos Elienai (7 anos) e Ester (3 anos), além de Maria Mendonça, Jéssica Cavalheiro, Franciele Mendonça e Charles Lima. Esta foi uma das ocorrências mais trágicas da cidade naquela época. “Poucos minutos antes do deslizamento havíamos falado com esta família, que estava na varanda da casa, tomando chimarrão. Eles até disseram que iriam fazer um café para nós”.

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