A vida nos loteamentos

Durante a tragédia, muitas famílias perderam suas residências e hoje residem em casas populares, construídas pela Cohab

A vida nos loteamentos

Durante a catástrofe climática de 2008, muitas famílias de Gaspar e Ilhota perderam suas residências. Algumas delas foram engolidas por avalanches de terras, outras pelas águas do rio Itajaí-Açú. Muitas casas que resistiram à fúria da natureza não puderam mais ser habitadas, pois estavam em locais de risco. Naquele fatídico fim de semana, quando os morros começaram a deslizar e as ruas a serem invadidas pela água, a comunidade das áreas atingidas foi resgatada pelos bombeiros e levadas para os abrigos. Um mês após a tragédia, muitas famílias permaneciam nestes locais, sem terem para onde ir. Em Gaspar, uma moradia provisória foi instalada no bairro Santa Terezinha, onde vítimas da catástrofe residiram por mais de um ano. Através de doações, como os recursos oriundos do Reino da Arábia Saudita e Instituto Ressoar, quatro loteamentos foram construídos: dois em Ilhota e dois em Gaspar. Na capital da moda íntima e praia, as moradias populares foram erguidas no Braço do Baú e no bairro Ilhotinha, no loteamento conhecido como “Jardim das Arábias”. Uma das famílias beneficiadas com a doação de uma nova moradia foi a da ex-moradora do Alto Baú, Márcia Oechsler. Hoje, aos 42 anos, ela reside com o marido, Alcino, no loteamento do Braço do Baú. “A minha casa não chegou a ser destruída, mas houve um deslizamento de terra próximo dela. A residência ficou com rachaduras e não fui mais autorizada a voltar para lá”, disse. Até ser contemplada com a nova casa, Márcia morou de aluguel durante três anos, em três diferentes endereços: no Alto Braço do Baú e no Baú Baixo e também em Blumenau. “Está bom morar aqui no loteamento, pelo menos não preciso pagar o aluguel. Mas ainda faltam muitas coisas, principalmente o tratamento de esgoto”, disse. De fato, a situação é precária nos loteamentos: falta infraestrutura e áreas de lazer para os moradores.

A construção das moradias em Ilhota, conforme explica a coordenadora de Defesa Civil da cidade, Tatiana Reichert, já foi motivo de denúncia ao Ministério Público. Segundo ela, a Companhia Habitacional (Cohab) de Santa Catarina ainda precisa construir 13 residências no Braço do Baú e nove no Centro da cidade, em terrenos particulares. Além disso, três casas do loteamento do Braço do Baú não foram terminadas e estão abandonadas. “Já entramos em contato com a Cohab para que ela finalize a construção das moradias. Somente após esta situação ser resolvida é que poderemos começar a investir no local”, explica. Ela diz que algumas casas foram construídas em espaços destinados a áreas verdes, por exemplo, e que, devido a isso, um projeto de readequação terá que ser feito.

Em Gaspar, um dos loteamentos foi construído na rua Fernando Krauss, no Gaspar Mirim: o “Novo Horizonte”. No local, está sendo construído o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU). A obra contará com auditório, biblioteca, cineteatro, equipamentos de ginástica, sala para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), pista de skate, playground, pista de caminhada, quadra poliesportiva coberta e telecentro. 

Enquanto no Gaspar Mirim uma luz se acende com a construção do CEU, o segundo loteamento de Gaspar, construído às margens da BR-470, a situação é preocupante. De concreto, até agora, somente as moradias. “É bom morar aqui, a casa é boa e já amplie a construção”, afirma Nelson Esperidião Caetano, de 59 anos. Há três meses morando no local, ele conta que por 18 anos residiu na rua Luiz Franzói, às margens do rio Itajaí-Açú. “Mas a minha casa estava em uma área de risco, por isso tive que sair”. Sua filha e as três netas também moram no loteamento. “A prefeitura deveria investir no tratamento do esgoto e também em área de lazer para as crianças. Hoje elas brincam na rua”, diz. 

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