DEZ ANOS DEPOIS

Uma história de superação

A família Kremer deu a volta por cima e reabriu a serraria no Braço do Baú


Em 2008.../Arquivo Pessoal


.. e em 2018 / Foto Ivan Luchtemberg/Jornal Metas/

Quem vê as máquinas trabalhando a todo vapor em uma fábrica de artefatos de madeira, na estrada geral do Braço do Baú, em Ilhota, não imagina como estava a localidade há dez anos. A região foi uma das mais atingidas do Complexo do Baú, onde foram registradas muitas mortes e destruição. O terreno onde a família Kremer construiu o empreendimento, inaugurado em fevereiro de 2009, era, naquela época, um amontoado de areia, lama e destroços. Logo acima da fábrica, está a casa de Adriano Kremer - um dos sócios do negócio. Sua residência foi uma das poucas casas que não foi atingida pela tragédia e virou também a base para os primeiros bombeiros e voluntários que chegaram ao local, na tarde daquela segunda-feira, dia 24 de novembro. Além disso, a residência também serviu de abrigo para a comunidade. "De domingo para segunda-feira, eram 35 pessoas na casa", recorda-se. Ele lembra que muitos chegavam só com a roupa do corpo, sem saber o que fazer. "Lembro muito bem de um senhor, que havia passado a noite em claro, no mato. Ele segurava apenas uma coberta e implorava por um cantinho", emociona-se. As últimas pessoas foram retiradas do local somente na terça-feira (25), por aeronaves. "A primeira pessoa a ser retirada foi a minha esposa. Na época ela ficou muito traumatizada pois não sabia para onde seria levada". Adriano também não consegue conter as lágrimas ao lembrar das perdas dos amigos Zabel (faleceram Tione, e seus dois filhos, Marcelo e Marques). "Tu pensa o que é almoçar com eles no domingo, aqui em casa, e na manhã seguinte o corpo do Marques passar boiando?", arrepia-se.

Apesar das tristes lembranças, Adriano e a família simbolizam mais uma bela história de união e reconstrução. Na época, seu pai Evaldo e o irmão, Rafael, eram sócios em uma indústria de artefatos de madeira. Porém, um deslizamento de terra destruiu totalmente a empresa e atingiu também a casa onde eles moravam. "Um mês depois, no dia 26 de dezembro, um antigo cliente de Piçarras veio até até aqui e disse para o meu pai que se ele tivesse coragem de recomeçar ele continuaria comprando seus produtos. Isto foi um incentivo para seguirmos em frente", recorda-se. Adriano, que até então trabalhava como mecânico, largou a profissão para se juntar ao pai e irmão. Uma nova empresa foi erguida e os negócios prosperaram. "Eu sempre acreditei na reconstrução do Braço do Baú". A família também uniu forças para recuperar a casa de Evaldo. "Ele ficou abrigado em minha residência durante seis meses. Ele ficou tirando barro de dentro da casa dele durante 21 dias, com um carrinho de mão", finaliza.

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