DEZ ANOS DEPOIS

A dor da perda

As histórias de quem perdeu muito mais do que bens materiais



Se tem alguém que sentiu os efeitos da tragédia de 2008 foi a família Richart que, na época, residia no Braço do Baú, em Ilhota. Suas vidas mudaram após aquele fim de semana. José Altino Richart perdeu a esposa, Augusta, 59 anos, e a filha Giane, de 27. A tragédia matou ainda seu irmão Antônio, a cunhada Aparecida e os sobrinhos José Roberto e Bárbara Cristina. Tudo aconteceu nas primeiras horas de segunda-feira, dia 24 de novembro. O morro deslizou e soterrou a casa da família no Morro Azul. Uma das paredes caiu sobre Augusta, que morreu na hora. Giane ficou presa nos escombros da cintura para baixo e foi localizada por José Altino pela luz do celular. Alguns vizinhos foram até o local e com a ajuda de uma motosserra tentaram cortar as madeiras. Porém, a gasolina da máquina acabou. José Altino permaneceu durante todo tempo ao lado da filha, que estava consciente. "A dor era demais e ela pediu que eu a matasse. Ao amanhecer, os vizinhos voltaram e por volta das 10h Giane foi retirada com vida dos escombros, porém, foram mais quatro horas de espera por socorro, que nunca chegou. Ela foi sepultada à tarde, na Igreja do Braço do Baú.



Nesta semana, a equipe de redação do Jornal Metas encontrou José Altino no cemitério. Ele estava ali para visitar as sepulturas dos familiares. "Eu aluguei uma casa no Baú Baixo, e fiquei morando lá por três anos. Mas a cada chuva forte me dava um negócio ruim. Então me mudei para o bairro Minas, na margem direita", contou. José Altino refez sua vida, mas a tristeza o acompanha e é difícil fazer com que ele fale. "O tempo passa, mas as lembranças ficam", emociona-se.

Uma das filhas de José Altino, Tatiana Richart Reichert, 44 anos, só soube do que havia acontecido com sua família pela manhã. Apesar da pouca distância - apenas 1,3Km - ela não conseguia chegar até a casa dos pais. "Durante muito tempo cobrei das autoridades pela demora no salvamento da minha irmã... ela só queria viver. Junto à minha mãe e irmã se foram tantos outros, se foram histórias, vidas, sonhos, futuro, tudo num estalar de dedos". Tatiana não se entregou: ela transformou um pouco de sua dor, do seu luto, em luta. Em janeiro de 2010 ela ajudou a fundar a Associação dos Desabrigados e Atingidos da Região dos Baús (Adarb) - a primeira associação de desabrigados a ser registrada no Brasil. O objetivo era ajudar a reconstruir o complexo do Baú e dar voz ao povo destas comunidades. "Tenho muito orgulho deste trabalho. Construímos duas casas de alvenaria e ajudamos mais 47 famílias a reconstruirem ou reformarem seus lares", revela. 

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