A vida de quem trabalha ao volante nem sempre é feita de grandes viagens. E foi exatamente isso que Hamilton Krauss, 49 anos, não quis. Depois de trabalhar como motorista de ônibus interestaduais e no transporte de cargas, ele preferiu a rotina diária dentro de uma cidade, tornando-se há três anos, empregado da Auto Viação do Vale.

“Tinha que viajar quase todos os finais de semana, ficava longe da família. Agora, não. Trabalho de segunda a sexta-feira e nos sábados e domingos fazemos uma escala especial. É muito melhor”, comenta.

Krauss conta que sempre gostou de dirigir, mas prefere ser motorista de ônibus a dirigir caminhão pelo contato com as pessoas, algo que se torna ainda mais frequente no transporte coletivo. “Temos horários e linhas fixas por motorista. Então, acabamos encontrando sempre os mesmos passageiros, esse contato com o povo, com o dia a dia, é sempre muito bom”, jusrifica.

Se o contato com o público é bom, por outro lado, acaba trazendo transtornos para os motoritas. Krauss revela que muitas vezes, é quem está no volante que ouve as reclamações da população no transporte coletivo, além de incomôdos como algazarra dentro do ônibus. “São sempre alguns adolescentes que incomodam, mas a verdade é que isto está diminuindo”, conclui. Problemas com adolescentes faz Gilberto Schramm lembrar das brigas entre estudantes ocorridas no antigo terminal do bairro Sete de Setembro. Funcionário da Viação do Vale há 10 anos, ele já foi cobrador e motorista; hoje trabalha no atendimento no terminal.

“Muitos adolescentes parecem não ter respeito. Outros, descarregam no motorista a irritação do aumento das passagens, por exemplo. A gente tem que ouvir isso, mas também ouvimos coisas boas e presenciamos histórias inusitadas e até engraçadas. No geral, é um bom clima. A maioria dos motoristas gosta de trabalhar aqui e prefere essa rotina as grandes viagens”, conclui Schramm.