Com os pés na terra

Agricultores falam sobre o amor à terra e as dificuldades da profissão que não pensam em abandonar

Com os pés na terra

Quem acredita que apenas as pessoas mais velhas ficaram no campo, vê-se errado ao conhecer João Paulo Rampelotti, de 34 anos. O morador do bairro Alto Gasparinho resolveu seguir na mesma profissão de seus antepassados e viu na terra uma oportunidade de renda. Ele conta que começou ajudando o pai com vacas de leite, porém tiveram que mudar de ramo. “Eu não queria ir para uma fábrica e, para continuarmos com o leite, precisaríamos fazer um investimento que, para quem é agricultor, seria muito pesado, então decidimos parar”, conta. Sua primeira experiência  como agricultor foi com o plantio de arroz. Depois da primeira colheita, Paulo resolveu plantar repolho para aproveitar a terra o mês do plantio do cereal. Os resultados do do repolho foram tão bons que João Paulo decidiu abandonar a rizicultura. Já faz oito anos que as hortaliças são o seu foco e ele hoje vende o repolho para seis mercados de Gaspar.

Nos meses de inverno, as terras são usadas para o cultivo de repolho, brócolis e couve-flor. No verão, as culturas são de pepino para conserva e milho - sendo que este último é usado para alimentar as criações. João Paulo pensa em investir em uma estufa, para conseguir plantar pepino com mais qualidade durante o ano inteiro. Ele revela que seu tio tinha estufas e que isso chamou a sua atenção. “Já faz oito anos que estou plantando pepino e o preço não cai. Se o tempo colabora, tenho uma safra garantida. Além disso, é a cultura que mais me dá lucro”, revela. O agricultor conta que só não planta mais pepino porque não tem mão de obra, já que há mercado para o legume. “Para ser agricultor, tem que gostar muito da terra. Às vezes até me dá um desânimo, mas tenho que insistir e tentar buscar soluções para ter mais lucro. Não penso em desistir porque é isto que eu gosto de fazer”, afirma. Para o pai, Valentin, o pior para o agricultor não é depender do clima, mas da falta de incentivos do governo. “Faltam políticas públicas para incentivar o agricultor e para estimular um preço fixo. Assim, o agricultor planta sabendo quanto vai ganhar e pode se programar”, comenta.

O bairro é o mesmo, e a cultura principal também. O agricultor Célio Benevenutti, 58 anos, também é conhecido no município pelo plantio do repolho, mas ele planta ainda aipim, milho, arroz e tem vacas e leite, galinhas e marrecos. O ofício que foi iniciado pelo bisavô - que veio ao Alto Gasparinho vindo da Itália -, chegou até Célio e deve se encerrar com ele. Seus filhos não se interessaram pela lavoura, estudaram e seguem outras profissões. “Trabalho com a terra desde pequeno. Por 11 anos, trabalhei em fábricas, mas ainda assim me dividia, ficava metade do dia na fábrica e metade da roça. Trabalhei em estamparia e fiação, mas não gostava, trabalhava obrigado. Hoje eu digo: me coloque para roçar beira de estrada, mas não me prenda em uma fábrica”, diz com uma risada. Ele conta que hoje o agricultor trabalha pela sua sobrevivência e que não se tira muito lucro nesta profissão. “Se você for analisar, quem tem bom lucro é só quem planta uma grande extensão de arroz. Eu planto pouco arroz, um hectare e meio, não me dá muito lucro”, revela. Todos os dias, Célio acorda às 5h30. Para ele, nenhum dia é igual, em cada um há diversas tarefas a cumprir - incluindo colher e entregar os repolhos nos clientes. Ele vai dormir somente às 23h, mas durante a noite consegue tempo para aproveitar a família e lazer. Célio concorda que a agricultura precisa ter mais incentivo do governo e apoio técnico. “Anos atrás, técnicos visitavam os agricultores e davam orientações. Hoje, ninguém mais visita, está tudo na internet, o que é um pouco difícil para a geração mais velha”, comenta. Ainda assim, ele acredita que a figura do agricultor não deixará de existir. 

 
LEIA TAMBÉM

JORNAL METAS - Rua São José, 253, Sala 302, Centro Empresarial Atitude - (47) 3332 1620

rede facebook | rede twitter | rede instagram | nosso whatsapp | nosso youtube

JORNAL METAS | GASPAR, BLUMENAU SC

(47) 3332 1620 | logo facebooklogo twitterlogo instagramlogo whatsapplogo youtube