A locomotiva da agricultura de Gaspar

O arroz é ainda a principal atividade agrícola

A locomotiva  da agricultura  de Gaspar

Quem passa pelos bairros um pouco mais afastados do Centro da cidade percebe a movimentação de máquinas e pessoas remexendo a terra. Os agricultores concentram seus trabalhos na fase final de preparação do solo para iniciar o plantio, que deve começar nos primeiros dias do mês de agosto. A expectativa é que a colheita possa ter início em fevereiro do ano que vem. 

Elmar Bailer, da quarta geração da família a plantar o arroz na cidade, mantém a tradição em Gaspar apesar de todas as dificuldades que o setor enfrenta. São 33 hectares de área cultivada no bairro Gaspar Grande e o investimento de todos estes anos na propriedade faz com que ele dê continuação aos trabalhos. Entre as principais dificuldades do setor apontadas pelo rizicultor está a falta de políticas agrícolas, aliada a outros fatores externos que desmotivam os produtores. “Hoje não temos a garantia de renda. Há muito oferta de arroz no País e, além disso, o Brasil importa o cereal. Assim o preço nunca alcança o valor ideal”, afirma. Nos últimos anos, o preço por saca do arroz tem se mantido nos R$31,00 - valor muito próximo do custo total da produção final. 

“As alterações no Novo Código Ambiental também tornaram o negócio ainda mais difícil para os rizicultores, principalmente aqueles proprietários das áreas menores. Outro desafio do rizicultor é competir com a urbanização, que cada vez mais chega à área rural, valorizando ainda mais o pedaço de terra e impulsionando a especulação imobiliária”, ressalta.

Diminui o número de rizicultores 

Apesar das dificuldades, a rizicultura ainda tem espaço na região. Para o preço da saca, de fato, não há muitas expectativas de aumento então, conforme explica o engenheiro agrônomo da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Josi Prestes, o agricultor precisa tornar a produção mais lucrativa. A orientação é usar as tecnologias disponíveis e os insumos adequados, além de agregar valor às arrozeiras. “Em Gaspar, nos últimos anos, muitos dos produtores que cultivavam o arroz em pequenas áreas arrendaram os seus terrenos. Entao a produção no município se manteve, mas o número de produtores que plantam o arroz diminuiu bastante”, afirma. Hoje, são 403 propriedades na cidade, sendo que o número de rizicultores é de aproximadamente 140. Ao todo, são 3.350 hectares de área plantada, resultando em uma produtividade de 144,8 sacos por hectare. Já na ressoca - quando 74,4% da produção pode ser reaproveitada, esta produtividade cai para 52,4 sacas.   

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Plantio no seco ainda é novidade para rizicultores do Vale

A paisagem do bairro Lagoa não deixa dúvidas; ali, o plantio de arroz é a maior atividade agrícola. Porém, o arroz irrigado agora passa a ceder um pouco de seu espaço para uma nova técnica, o arroz com plantio em terra seca. O agricultor Altair Venturini, 48 anos, explica a diferença entre os dois. “O arroz também é plantado em quadras, porém no seco. O preparo da terra é mais prático, pois não é preciso trabalhar dentro da lama e ainda causa menos desgaste ao maquinário. Depois de 20 dias, colocamos água nos quadros e continuamos o cultivo da mesma forma que o irrigado. Portanto, apenas o plantio é seco, o restante do processo ainda é irrigado”, esclarece.

O uso desta técnica é muito comum no Rio Grande do Sul e trata-se de uma forma de tentar baixar os custos da produção do cereal. Altair realiza este tipo de plantio há um ano e ainda não pode afirmar se compensa mais do que no sistema convencional de arroz irrigado. Ele, os irmãos Ivo e Renato e seu filho, Alexander, trabalharam sempre com arroz irrigado, produto que garante o sustento da família Venturini há decadas. Este cultivo não foi abandonado, apenas aliado à nova experiência. 

O maior desafio de lidar com a nova técnica é justamente aprender uma forma de trabalho diferente, que exige outros implementos. “Tive realmente uma redução de custos, porém, como não tenho experiência com o arroz no seco, não tive tanta produtividade. O resultado foi praticamente o mesmo”, revela. Ele colheu a primeira safra em março deste ano e agora prepara a terra para realizar o plantio em outubro. Neste ano, ele plantará no seco novamente e tem melhores expectativas, pois acredita que terá mais experiência em lidar com a nova técnica. 

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