De ferreiro a líder político, a trajetória de Leopoldo se mistura com a história da cidade

Leopoldo nasceu em 6 de setembro de 1890, quando Gaspar ainda era um distrito de Blumenau. Filho de Luiz Schramm e Bertha Fricker, descendentes de imigrantes alemães, cresceu em meio às dificuldades da época. A perda precoce do pai, quando tinha apenas cinco anos, moldou sua infância e fez com que, ainda menino, enfrentasse a dura realidade do trabalho. Aos dez anos, já ajudava no sustento da família, atuando inicialmente em uma padaria.

Desde cedo, Leopoldo demonstrava um espírito inquieto e determinado. Buscando novas oportunidades, aventurou-se pelo mundo, trabalhando como marinheiro, cozinheiro de navio e fabricante de balas. Durante sua juventude, viveu em São Paulo, onde trabalhou na indústria, mas foi durante uma visita a Gaspar que conheceu Cecília Zimmermann, com quem se casou em 25 de setembro de 1911. O casamento não o fixou imediatamente em sua terra natal; por algum tempo, Leopoldo e Cecília permaneceram em São Paulo, antes de retornarem ao sul do país. Em São Paulo nasceu o primeiro filho do casal, Orlando. Em Gaspar nasceram Ângelo. Olga. Elsa, Luiz, Francisco, Alice e Ernesto. Dos filhos nasceram 34 netos.
Em Blumenau, Leopoldo trabalhou como guarda na Empresa Industrial Garcia. No entanto, o espírito irrequieto e empreendedor logo o levou a iniciar seu próprio negócio: abriu uma padaria e, por volta de 1920, fixou-se definitivamente em Gaspar, onde passou a atuar como ferreiro.

O destino de Leopoldo Schramm começou a se entrelaçar de maneira decisiva com a história política do Brasil em 1930, quando explodiu a Revolução Integralista. Leopoldo não apenas apoiou o movimento como teve participação ativa. No posto de 2º Tenente do 8º Batalhão de Reserva da Força Pública, recrutou gasparenses e rumou para São Paulo. No retorno, participou da deposição do governador do estado, consolidando-se como uma figura influente na região. Sua atuação foi reconhecida e, em 12 de novembro de 1930, quando foi nomeado subdelegado do distrito de Gaspar. Três anos depois, tornou-se fiscal da Prefeitura de Blumenau.

• Os netos de Leopoldo: Jorge Souza e Luiz Schramm (Fotos: Alexandre Melo/JM)

Segundo o neto Luiz Schramm, a importância do avô na época na era exclusivamente pela influência política e não econômica, embora mais tarde ele tenha se tornado mais tarde um empreendedor. “No retorno de São Paulo, a família se instalou temporariamente na casa de herança da Cecília, que era no Gasparinho”. Leopoldo trabalhou ainda numa fundição onde fabricava sino e outras artefatos de ferro fundido. Em paralelo, ele fazia em casa calhas, baldes, utensílios com o zinco já que na época não havia alumínio.
Jorge destaca a honestidade como uma das virtudes do seu avô. “Ele prezava muito esse aspecto, tanto que nenhum filho foi trabalhar na prefeitura enquanto ele foi Prefeito”, revela Souza.