Leopoldo Schramm, um líder visionário que dedicou sua vida ao progresso de Gaspar

Finalmente, em 18 de março de 1934, Gaspar foi oficialmente emancipada e Leopoldo Schramm foi nomeado prefeito. A responsabilidade era imensa: a cidade precisava de estradas, pontes, infraestrutura, serviços essenciais. E Leopoldo não se furtou ao desafio

Seu primeiro ano de administração foi marcado por uma série de obras fundamentais, como a abertura 15km de estradas, construção de 16 pontes, entre elas uma que ligaria Gaspar a Itajaí por terra, e 7 pontilhões. Os moradores do Gaspar Grande e Garuva viram a abertura de 9,5 km de estrada, além da ampliação da ligação com Blumenau e Brusque.

Segundo relatos de seu neto, Luiz Eduardo Schramm, que não conheceu seu avô, mas ouviu de seu pai muitas histórias, Leopoldo fazia questão de garantir que o trabalho fosse bem-feito. Era um homem extremamente justo e não deixava nada para ser resolvido no outro dia. Um dos episódios mais marcantes contados por antigos trabalhadores da prefeitura envolve um pontilhão na região da Lagoa. Certo dia, operários levaram uma espingarda para caçar pássaros enquanto trabalhavam. Leopoldo, ao vistoriar a obra, ouviu os tiros e, ao final da semana, descontou as horas não trabalhadas dos funcionários, deixando claro que cada recurso investido deveria ser respeitado.

Outro aspecto de sua gestão foi a preocupação com a educação. Leopoldo se empenhou em levar escolas para comunidades afastadas, garantindo que as crianças tivessem acesso ao ensino. Também dedicou esforços para a canalização de águas, construção de praças e urbanização do centro da cidade.

Leopoldo administrou Gaspar, como prefeito nomeado, por 12 anos – de 18 de março de 1934 a 30 de janeiro de 1947, tempo suficiente para deixar seu DNA no desenvolvimento da cidade. Mesmo diante de limitações orçamentárias, mostrou-se um líder nato e obstinado, disposto a superar desafios e garantir um futuro melhor para as gerações seguintes.

Luiz Schramm cresceu ouvindo histórias sobre o avô. Trabalhava na Relojoaria Ernesto, no centro de Gaspar, e ali conversava com antigos moradores que o conheceram. Muitos lembravam do prefeito como um homem justo, rigoroso e trabalhador. “Ele acompanhava tudo, estava sempre presente”, recorda. “E se faltasse dinheiro para pagar os trabalhadores, ele tirava do próprio bolso”.

Aos domingos, Leopoldo sentava-se na varanda com Cecília e lia em voz alta os jornais e revistas da época, mantendo-se informado e debatendo os acontecimentos.

Leopoldo Schramm morreu em 8 de abril de 1948, um ano após deixar a prefeitura. A causa da morte foi “esporotricose generalizada”, uma doença rara que se aloja nos ossos, pulmões e fígado. As dores que Leopoldo sentia são parte de uma memória viva na mente de Jorge Luiz Souza, de 74 anos, outro neto de Leopoldo. “A dor que ele sentia era tão grande, que ele gritava. Quem passava pelo posto do Julinho (perto da ponte e próximo do Te Contei) conseguia escutar os berros que ele dava. Era triste”, conta. Hoje, Jorge Souza diz que o olhar para Gaspar e suas conquistas, é impossível não reconhecer a importância do seu avô “Ele foi mais do que um prefeito; foi um visionário, um líder que ajudou a moldar os alicerces do município e a garantir que seu povo tivesse um lugar digno para chamar de lar”.

Leopoldo também possuía um forte senso de responsabilidade comunitária. Durante seu tempo como prefeito, ele não permitiu que nenhum de seus filhos ocupasse cargos na prefeitura, mesmo em uma época em que não existia o nepotismo. Em períodos de crise financeira, quando a prefeitura não tinha recursos para pagar os funcionários, Leopoldo utilizava seu próprio dinheiro para garantir que os trabalhadores recebessem seus salários em dia.