
Especial Gaspar 91 anos: Um líder nato na comunidade

-
Henrique Porcino: liderança (Fotos: ARQUIVO PESSOAL)
Henrique Porcino, grande personagem para a história de Gaspar
A história da emancipação de Gaspar está intrinsecamente ligada ao protagonismo de homens que estavam à frente do seu tempo, dedicaram suas vidas para tornar o município independente e próspero. “Conscientemente, se eu pudesse indicar cinco líderes do processo emancipação de Gaspar, eu indicaria Leopoldo Schramm, Norberto Klock, Anfilóquio Nunes Pires, José Mondini e Henrique Porcino da Silva. Esses cinco sabiam exatamente o que estavam fazendo e lideraram o movimento de emancipação de Gaspar. Claro que junto com eles haviam mais pessoas, mas eles se destacaram”, afirma a professora e pesquisadora Leda Maria Baptista.
Mesmo que Gaspar hoje tenha se consolidado como um polo têxtil e avance na área tecnológica, a agricultura permanece como um dos pilares fundamentais do município, sustentando inúmeras famílias e preservando um legado enraizado desde os primórdios da colonização. Foi nessa realidade, em que a terra era o principal meio de subsistência, que se destacou Henrique Porcino da Silva, um dos grandes nomes da história de Gaspar e figura essencial no processo de emancipação política da cidade.
Nascido em 17 de maio de 1886, em Porto Belo, Henrique Porcino mudou-se ainda jovem para Gaspar, onde construiu sua trajetória de dedicação ao desenvolvimento local. Filho de Luiz Porcino da Silva e Infância da Silva, viveu no bairro Gasparinho e, para estudar, hospedou-se na casa da família Altenburg, no centro da Freguesia. Com o tempo, tornou-se um dos agricultores mais respeitados da região, além de líder comunitário e político.
Na década de 1930, exerceu o cargo de inspetor de quarteirão no Gasparinho, uma função que reforçava seu papel como mediador de questões locais e representante da comunidade. A participação ativa em causas liberais o levou a ser nomeado Conselheiro da municipalidade em 1934, consolidando sua influência na construção das bases políticas de Gaspar.
Com a realização das primeiras eleições municipais em 1936, Henrique Porcino foi eleito vice-prefeito ao lado de Leopoldo Schramm, pelo Partido Liberal Catarinense. Nos anos seguintes, acompanhou de perto as transformações políticas do município. Em 1946, com a promulgação da nova Constituição e a reconfiguração dos partidos políticos, ajudou na fundação do Partido Social Democrático (PSD), ao qual se filiou e pelo qual se elegeu vereador naquele mesmo ano. Durante seu mandato, desempenhou um papel crucial na consolidação da independência administrativa de Gaspar e, entre 1947 e 1950, tornou-se o primeiro presidente da Câmara Municipal.
Além de seu envolvimento político, Henrique Porcino foi um grande defensor da educação, engajando-se ativamente na nacionalização do ensino e intervindo pessoalmente na solução de problemas enfrentados pela comunidade do Gasparinho. Sua visão empreendedora também o levou a investir no setor agrícola, instalando uma indústria e organizando o transporte de produtos como milho e arroz para centros urbanos maiores, fortalecendo a economia local.
Faleceu em 29 de maio de 1955, deixando um legado de trabalho, compromisso com a coletividade e desenvolvimento para Gaspar. Sua trajetória exemplifica a força daqueles que ajudaram a construir o município e evidencia o valor da agricultura na identidade local. A memória de Henrique Porcino da Silva permanece viva, tanto na história política da cidade quanto na vida daqueles que, como ele, continuam a cultivar o futuro de Gaspar, assim como seu neto, Lourival Lauro da Silva, que hoje já tem 83 anos.
Lourival mantém em sua memória e também eu seu estilo de vida as lembranças de seu avô, Henrique. Apesar do pouco contato, Lourival conta que só tem boas recordações do tempo com seu avó. “Ele era um homem sério, bondoso e muito inteligente. Me lembro que o primeiro rádio que ele ganhou foi em uma rifa. E todo dia ele ligava o rádio e ficava lendo alguma coisa. Sempre que começavam a dar uma notícia boa, ele parava a leitura dele na hora para escutar com atenção. Sempre que ele ouvia alguma novidade ele contava para a família, mesmo não sendo muito de conversar com a gente, ele fazia questão de contar essas coisas. É algo que tenho comigo até hoje, esses pequenos momentos”, relembra Lourival.
Apesar de sério, Lourival se lembra que seu dindinho, como ele chamava o avô na época, tinha um bom coração e que estava sempre disposto a ajudar. “Me lembro que meu dindin tinha uma roda d’água para tocar a fábrica e outra para o engenho de serra, porque na época ele fazia farinha e cachaça nas terras dele. Às vezes ele cedia o espaço todo para outras pessoas usarem e não cobrava nada. Para ajudar a construir escolas, ele dava a madeira toda, sem querer nada em troca. Ele tinha esse espírito de ajudar o próximo muito forte dentro dele”, conta o neto.
-
Anúncio Relojoaria e Óptica Maxx (Jornal Metas)
Tags
- Emancipação
- Especial Gaspar 91 anos
- Gaspar
- Henrique Porcino
Deixe seu comentário