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14/03/2025 16:01
GASPAR 91 ANOS

Especial Gaspar 91 anos: Um ato meramente burocrático

Por Daniel Nogueira

 Publicado 14/03/2025 16:01  – Atualizado 14/03/2025 16:01

  • População de Gaspar nas ruas para celebrar a emancipção do município em 1934 (Fotos: Acervo do Arquivo Histórico de Gaspar)

Mesmo com papel burocrático na emancipação de Gaspar, interventor teve trajetória política de destaque no estado

Aristiliano Laureno Ramos exerceu papel meramente burocrático na emancipação política e administrativa de Gaspar, em 1934. Mesmo assim, seu nome está escrito na história do município. A principal rua comercial da cidade é uma homenagem ao interventor que assinou o decreto de emancipação.

Santa Catarina foi o último estado a entregar o poder aos revolucionários. O governador da época, Fúlvio Aducci, passou o cargo para uma Junta Governativa e fugiu de Florianópolis em direção a capital, Rio de Janeiro, com todo seu secretariado, um dia após Getúlio Vargas assumir a presidência do país, em 25 de outubro de 1930. Nos primeiros anos, da “Era Vargas”, os estados foram governados por interventores nomeados pelo Governo Federal. Todos os cargos no âmbito estadual mudaram.

Aristiliano Ramos foi o terceiro interventor de Santa Catarina e já sabia o que seria feito de antemão, ou seja, Blumenau deveria ser retalhada em vários municípios, sendo enfraquecida poiíticamente. O papel do interventor era garantir a segurança para que os processos de emancipação ocorressem dentro da ordem social, o que não ocorreu em Blumenau.

Aristiliano Ramos nasceu em 10 de maio de 1888, em Lages-SC. Era filho de Theodora Ribeiro Ramos e de Belisário José de Oliveira Ramos. Seu pai, fazendeiro e militar, foi vereador e prefeito em Lages e deputado estadual na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Ele tem vários familiares envolvidos na política estadual, entre eles Nereu Ramos, que foi o único catarinense a exercer a Presidência da República. Aristiliano iniciou seus estudos em Lages. Posteriormente, estudou no Colégio São José de Lages e concluiu o Curso de Humanidades no Colégio Nossa Senhora da Conceição em São Leopoldo/RS, em 1904. Depois de formado dedicou-se ao jornalismo político (proprietário do Jornal Região Serrana) e casou com Guilhermina Schmidt Ramos, com quem teve seis filhos.

Duas vezes eleito Deputado ao Congresso Representativo de Santa Catarina (Assembleia Legislativa), participou da 10ª Legislatura (1916-1918), recebeu 2.035 votos nas eleições, quando era Major, integrou a Mesa Diretora da Casa na função de Suplente de Secretário, durante o triênio; e da 11ª Legislatura (1919-1921), exerceu a mesma função na Mesa da Assembleia, nos anos de 1919 e 1920. Em Lages, foi Superintendente (atual denominação de Prefeito), de 1919 a 1922, e Vereador na Câmara, de 1927 a 1930.
Em 1930, participou da revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, sendo comandante de uma das mais numerosas colunas revolucionárias, ao lado do Coronel Otacílio Fernandes. Estruturou a revolução no planalto catarinense onde era, segundo palavras de Piazza (1984), “o protótipo do chefe latifundiário da área pecuarista do Brasil-Meridional”.

Após o triunfo da Revolução de 1930, Aristiliano, já Coronel, foi indicado Interventor Federal em Santa Catarina (pela Assembleia Legislativa), empossado em 19 de abril de 1933. Quando assumiu era do Partido Progressista e, ainda, em 1933, tornou-se Presidente do Partido Liberal Catarinense. Seu sucessor foi Nereu Ramos.

Com Adolfo Konder (principal representante da oligarquia Konder, adversária da família Ramos) e Henrique Rupp Júnior fundou a UDN (União Democrática Nacional) em Santa Catarina, em 1945, já no início da desagregação do Estado Novo. No mesmo ano, disputou vaga para Senador da República, não se elegendo.

Concorreu à vaga de Deputado Federal por SC, em 1950, pela UDN, como suplente convocado, tomou posse à 39ª Legislatura (1951-1955) e exerceu mandato de 30 de junho de 1954 a janeiro de 1955. Em 1958, deixou a UDN e filiou-se ao PSD (Partido Social Democrático), legenda composta por vários membros pertencentes à família Ramos. Por esse partido concorreu novamente, ficou suplente de Deputado Federal nas eleições e, convocado, tomou posse para a 41ª Legislatura (1959-1963). Aristiliano Ramos faleceu em 17 de abril de 1976.

  • Aristiliano: mera burocracia (Divulgação)

  • Os revolucionários em Florianópolis (Divulgação)

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