
Especial Gaspar 91 anos: O papel da intendência

-
O Intendente José Spengler (centro) e sua equipe, o escrivão Antônio Schneider, João dos Santos, Luís Franzoi atrás) e Anfilóquio Nunes Píres (políticos de 1930) defronte à Intendência, atual casa J. Passos na Rua Cel. Aristiliano Ramos. (Fotos: Acervo do Arquivo Histórico de Gaspar)
A Intendência de Gaspar: uma administração sem autonomia sob o domínio de Blumenau
Em 1880, Blumenau foi elevada à categoria de município. Até ali era a colônia, vila ou povoado. O município, porém, levou quase dois anos para se organizar. Foi somente por volta de 1882 que foram estabelecidos os distritos, entre eles o de Gaspar.
A Intendência ainda levou alguns anos para ser instalada. Até então, era a Igreja que exercia forte influência nas comunidades, juntamente com as pessoas que detinham posses. Foi somente a partir de 1900, que Blumenau criou a figura do Intendente em seus distritos, indicados pelo prefeito, assim como os demais funcionários da Intendência.
Não se tem certeza se esses funcionários eram remunerados. Além disso, havia o Inspetor de Quarteirão, que cuidava de determinada região do distrito. Se havia algum problema na comunidade, era esse inspetor que primeiro tentava resolver. Caso não conseguisse, o problema era levado para a Prefeitura de Blumenau.
A pesquisadora Leda Baptista diz que não existem muitos registros históricos do período da intendência em Gaspar, tampouco quem foram os intendentes nestes mais de 30 anos. “Sabemos que um dos últimos foi José Spengler, que era do partido conservador. Ele chegou a disputar a eleição para prefeito de Blumenau contra Alexandre Schmitt”, revela. José Spengler era sócio de Mimi Hoeschel, uma das comerciantes mais ricas de Gaspar na época. Outro intendente, de acordo com a pesquisadora, foi José Honorato Muller.
O intendente recebia todas as demandas da população do distrito. Era também o responsável pelo controle da arrecadação dos impostos. “Ele cobrava aqui e mandava o dinheiro para Blumenau, porque não havia banco nesta época em Gaspar”, conta Leda Baptista.
A cobrança, segundo ela, era bem diferente. “O comerciante comprava selos, que eram colados nas embalagens dos produtos. Para cada saco de arroz, feijão, farinha era colado um selo”, explica.
A pesquisadora admite que a intendência recebia os pedidos, mas quase nunca atendia, porque faltava-lhe autonomia. “A palavra final era sempre de Blumenau”. A intendência abria as ruas, mas era quase sempre na direção de Blumenau.
A área da saúde não importava muito, pois a própria comunidade se organizava no sentido de atender seus doentes. As escolas pertenciam às igrejas Católica e Protestante. “Havia uma única escola pública em Gaspar e que ficava no centro da cidade. Os mais ricos pagavam escolas particulares para os filhos. Outros mais abastados erguiam a escola no próprio terreno, beneficiando seus filhos e dos empregados.
A Intendência participava mais das decisões civis, como por exemplo, a solução de um crime, já que a área da segurança pública era sua incumbência.
-
Anúncio SINTRASPUG (Jornal Metas)
Tags
- blumenau
- Distrito
- Especial Gaspar 91 anos
- Gaspar
- Intendência
Deixe seu comentário