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13/03/2025 18:17
GASPAR 91 ANOS

Especial Gaspar 91 anos: A dependência econômica

Por Kassiani Borges

 Publicado 13/03/2025 18:17  – Atualizado 13/03/2025 18:17

  • No período pré-emancipação, Gaspar necessitava de quase tudo, desde escolas públicas, transporte, estradas e pontes (Fotos: Acervo do arquivo hitórico de Gaspar)

Voto feminino, voto secreto e primeiras leis trabalhistas

professora e pesquisadora Leda Baptista conta que a Revolução de 1930 foi o desdobramento de uma política que começou por volta de 1893, quando vários municípios foram criados, entre eles Blumenau, que até então era uma Colônia. “Foram mais de 30 anos de domínio político de Minas Gerais e São Paulo. O restante do Brasil não existia”.

O Governo Vargas estabeleceu uma nova ordem política no país, embora tenha feito isso com mão de ferro ao fechar o Congresso Nacional, extinguir partidos políticos e cancelar a Constituição Federal. Nos primeiros anos da Era Vargas, o país era governado por decreto-lei.

Os paulistas chegaram a pegar em armas, em 1932, para exigir uma nova Constituição. O levante foi derrotado, mas os paulistas conseguiram o seu objetivo: em 1934, o Congresso Nacional promulgava uma nova Constituição que trazia algumas novidades, como o voto feminino, o voto secreto e as primeiras leis trabalhistas.

Leda Baptista explica que, por conta de todo o ambiente político conturbado, Blumenau deveria perder autonomia, porque entendia-se que sempre daria vantagem para os conservadores nas eleições, ou seja, era uma cidade que apoiava os republicanos.

Getúlio Vargas então procurou líderes no Vale do Itajaí que fossem a favor do integralismo e nacionalismo. Entre esses líderes, surgiu Leopoldo Schramm, que viria a se tornar o primeiro prefeito de Gaspar.

Gaspar era de fato uma cidade muito mais liberal do que conservadora, porque havia um forte descontentamento com Blumenau. “Aqui não havia uma escola pública, um posto de saúde. Nós somente pagávamos impostos para Blumenau e muitos impostos, como Imposto Bicicleta, Imposto Charrete, além dos impostos cobrados sobre os produtos que eram produzidos em Gaspar - e não recebíamos nada em troca”, justifica Leda Baptista.

Mesmo assim, havia em Gaspar focos de resistência a essa mudança. Ao longo das décadas, alguns comerciantes juntaram grandes fortunas. “A partir de um certo período, eles passaram a comprar as terras dos herdeiros dos primeiros posseiros e se transformaram em grandes latifundiários”. É o caso da Família de Pedro Schmitt, assim como a de Paulo Wehmuth, na margem esquerda e onde, mais tarde, iria se estabelecer a SulFabril. Wehmuth trabalhava com exportação de açúcar mascavo, cachaça e melado.

Já Pedro Schmitt e dois dos seus filhos, Alberto e Bruno Schmitt, comandavam o setor de exportação de madeira na região. “Toda a madeira que saía do Vale do Itajaí, via Porto de Itajaí, passava pela Malburg Comércio & Exportação, que intermediava os negócios e lucrava muito. “Esses grandes posseiros temiam que a revolução pudesse atrapalhar seus negócios”, revela Leda Baptista.

As eleições, segundo ela, aconteciam, mas predominava o “voto de cabresto”, onde a figura do coronel era muito comum durante os anos iniciais da república, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava.

Em Santa Catarina, na época, havia o Partido Republicano Catarinense, que defendia os ideais conservadores e decidia quem iria ganhar as eleições para governador do estado, o que se repetia nos demais estados. “Era esse o partido que mandava e decidia quem iria ganhar as eleições tanto nos estados quando no país, embora fosse dado à população (apenas aos homens) o direito de votar”, conta a pesquisadora.

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