Ecoponto e “Selo Azul” ajudam a disseminar a cultura da preservação ambiental
Essas e outras iniciativas, presentes na comunidade de Gaspar, revelam o nível de consciência para a sustentabilidade do planeta
Não jogar lixo na rua, reciclar, não desmatar a natureza, não poluir o meio ambiente. Essas são lições básicas, que geralmente são aprendidas na infância, mas que muitas vezes não são colocadas em prática quando se chega à idade adulta. Prova disso é que em 2022, o Brasil ficou em 81º lugar no Índice de Desempenho Ambiental, uma pesquisa feita por cientistas das universidades Columbia e Yale, que analisaram 40 indicadores que mostram como os países estão melhorando a saúde de seu meio ambiente, progredindo na proteção dos ecossistemas e tornando as mudanças climáticas menos intensas. Entre os índices analisados estão a preservação das florestas, reciclagem, emissão de gases de efeito estufa e a poluição dos oceanos.
O cenário é lamentável e demonstra a importância de reforçar a cada ano, o Dia Mundial do Meio Ambiente, em 5 de junho. A data foi criada em 1974 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e tem como objetivo chamar a atenção da população sobre os problemas ambientais e a importância de preservar o meio ambiente e os recursos naturais limitados do planeta Terra.
Em Gaspar, por exemplo, foram coletados 18 mil toneladas de lixo e apenas 649 toneladas de reciclado em 2022. O número é bastante desproporcional, mas deve melhorar nos próximos anos, já que em março foi inaugurado o primeiro Ecoponto da cidade, que é um local para a população fazer o descarte adequado do lixo reciclável e materiais que não podem ser descartados na natureza, como pilhas, eletrodomésticos, óleo de cozinha e pneus.
A Diretora de Resíduos Sólidos do Samae, Ângela Anjos, responsável pelo Ecoponto, diz que o local foi criado para colocar em prática o plano de saneamento básico do município, já que antes, este tipo de material não tinha destinação correta e acabava indo parar em vias públicas. “São resíduos diferenciados que o munícipe pode trazer até aqui. Hoje, a gente tem a coleta de eletrônicos, pilhas, lâmpadas, pneus e até o RCC, que é o resíduo da construção civil. Basta ele vir com a matrícula de água ou lixo, nós fazemos um cadastro muito rápido, para termos também o controle do que ele trouxe e a quantidade que está sendo deixado”, explica.
Logística reversa
Após o recebimento do material no Ecoponto, é feita a chamada logística reversa, que nada mais é do que um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios de viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos para o reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos.
Um exemplo é a destinação do resíduo de construção civil (RCC), que após chegar ao Ecoponto, é coletado pela empresa Vitaciclo e volta ao material de origem. Segundo a diretora do Samae, o Ecoponto coleta, em média, um carrinho de RCC por munícipe. “A pessoa precisou abrir uma porta em casa e para isso precisou derrubar um pedaço da parede. Ela traz até aqui esse resíduo da parede, e essa empresa tem um maquinário que vai triturando esse material e transforma novamente em areia, areia número 1, areia número 2, brita, etc. Essa parede vai voltar à origem, ou seja, a logística reversa de verdade”, detalha.
Ela ainda conta que o município tem empresas credenciadas para dar destinação correta a estes materiais e não há custo nenhum para a cidade. Além disso, o credenciamento não tem validade e está aberto para todas as empresas que tenham interesse. “Outro exemplo bem básico é o óleo de cozinha. Hoje nós temos 22 pontos de coleta no município, principalmente ems escolas e CDIs. A empresa faz a coleta em todos os pontos e é uma empresa que transforma o reíduos em sabão, faz detergente, essa é a destinação do óleo. E assim acontece com os outros materiais. Com o pneu tem várias coisas que podem ser feitas, mas aqui ele vai para uma empresa que faz a massa do asfalto, porque como o pneu é derivado do petróleo, ele é um dos componentes para fazer a massa asfáltica”, explica Ângela.
“Hoje, a gente tem a coleta de eletrônicos, pilhas, lâmpadas, pneus e até o RCC, que é o resíduo da construção civil.”
Ângela Anjos
Diretora de Resíduos Sólidos do Samae
Crianças disseminam a informação
Além do trabalho ambiental prático, o Ecoponto tem um papel muito importante de disseminação de conhecimento e informação junto com as crianças. “Nós agendamos com escolas e CDIs para virem aqui e eles acabam contando para os pais que existe o Ecoponto e qual é a maneira correta de dar a destinação de alguns objetos, que às vezes a pessoa não sabe. Por exemplo, eu tenho um celular velho, eu vou jogar no lixo? Não. Tem que trazer no Ecoponto, porque a bateria é um material altamente contaminante, é um produto perigoso, e que se jogar no meio ambiente a degradação é muito grande. As crianças recebem essas informações, ‘puxam a orelha dos pais’, explicam como funciona e cobram deles para que façam o descarte correto do materiais”.
Projeto
A disseminação de informação positiva e relevante sobre o meio ambiente também acontece nas escolas da rede municipal de Gaspar. Diversos educandários possuem projetos voltados para essa área. A escola Ferandino Dagnoni, no bairro Gasparinho, é uma escola “Selo Azul” por projetos desenvolvidos pela preservação dos Oceanos.
“Por conta das nossas ações de reciclagem, retirada de lixo do meio ambiente e destinação para locais corretos, nossa escola recebeu o título de Escola Azul, o que vem fortalecendo cada vez mais esse trabalho”, revela a diretora, Josiani Bernardo Calefi.
Por conta dessa iniciativa, a direção da escola planejou novos projetos que atendam outras necessidades e fortaleçam ainda mais a cultura da preservação ambiental entre os alunos.
Além do projeto “Vida Marinha”, que tem como objetivos fazer com que os estudantes compreendam a ecologia da marinha básica, os ecossistemas e as relações predador-presa, e a ligação de muitas pessoas ao mar, incluindo o papel do mar como provedor de alimentos, empregos e oportunidades, a escola desenvolve o projeto “Bituqueiras: uma atitude em prol do oceano” e a “Horta escolar”.
As ações são dirigidas a todos os alunos, desde o 1º até o 9°. “Esses projetos surgem da necessidade que nós temos de trabalharmos desde cedo com os nossos alunos a conscientização e a disseminação dessas informações. Além de atender as habilidades necessárias de cada ano que eles estão inseridos”, observa a diretora.
O projeto das bituqueiras, por exemplo, que são locais adequados para que os fumantes joguem as bitucas de cigarro, nasceu para conscientizar a comunidade sobre o mal que o cigarro faz para a saúde humana e para o meio ambiente. “É um trabalho de retirada desse lixo que a gente encontra pelo chão, que acaba indo para os bueiros e automaticamente para os mares e, vinculado a isso, estamos trabalhando a questão da saúde, do mal que o cigarro faz”, conta Josiani, lembrando que as turmas fizeram bituqueiras e entregaram em alguns pontos ao redor da escola para também conscientizar a comunidade do entorno.