Empresa foi responsável pelo desenvolvimento da indústria em Gaspar

A mais gasparense das indústrias, a Círculo, completa 87 anos nesta quinta-feira (23). Gigante no seu setor, a Círculo vem tecendo, com fios, linhas e acessórios a sua história. A empresa é um marco no desenvolvimento econômico de Gaspar, Santa Catarina e do Brasil. A empresa faz parte da vida de milhares de famílias gasparenses, que viram a tradicional "fábrica de linhas", como é carinhosamente chamada pelos mais antigos, se transformar e se modernizar. Os fios, linhas e acessórios para trabalhos manuais estão espalhados por todo o Brasil, em mais de 40 países de cinco continentes e 60 distribuidores internacionais, com a qualidade, brasilidade e inovação que sempre caracterizaram o DNA da empresa.
Em seu mix, a Círculo reúne mais de 500 produtos, com itens especializados para tricô, crochê, amigurumi, bordado e patchwork. O time de artesãos, formado por profissionais parceiros, produz conteúdo para as plataformas digitais, com o objetivo de ensinar à distância todos que querem aprender as técnicas de artesanato.

A empresa emprega cerca de 1,7 mil colaboradores que acreditam no sonho e na missão plantados há 87 anos por um dos fundadores da empresa, o visionário Leopoldo Jorge Theodoro Schmalz (1909-1977), e hoje se dedicam a manter essa trajetória de sucesso viva na memória de todos.
Ao abrir as portas da Leopoldo Schmalz & Cia Ltda em 23 de janeiro de 1938, numa modesta casa pertencente a um dos sócios, Júlio Schramm (1905-1986) - o outro sócio era Willy Schossland -, no número 342 da Rua Coronel Artistiliano Ramos, no coração de Gaspar, o filho de imigrantes suíços nascido em Joinville-SC, jamais imaginou que o seu arrojo empreendedor se tornaria uma das maiores indústrias têxteis do Brasil.

Formado em Mecânica Têxtil na Alemanha e ainda morando em São Paulo, três anos antes Leopoldo Schmalz já desenhava e executava os projetos das máquinas para a produção de linhas que futuramente usaria na sua indústria. A ideia era simples: fabricar e comercializar fios e linhas para trabalhos manuais e costuras, a partir do algodão. Até aí nenhuma novidade, pois o Vale do Itajaí despontava como um dos maiores polos têxteis do País. Ao contrário do que se imaginava, a cidade escolhida não foi Blumenau, onde as grandes empresas do setor haviam se instalado a partir do final do século XIX, mas a pequena Gaspar, recém emancipada e de característica predominantemente agrícola. O afeto entre os irmãos Leopoldo e Lúcia (esposa de Júlio Schramm) trouxe, de presente, a Círculo para Gaspar.

Além das lavouras de cana, arroz e milho, os homens trabalhavam em olarias, serralherias e indústrias pesadas de beneficiamento agrícola, mineral ou vegetal. As mulheres ajudavam na lavoura ou cuidavam dos afazeres do lar. Com a Círculo, surgiu a possibilidade de ocupação da mão de obra, já que o trabalho na agricultura se tornava cada vez mais difícil e a rentabilidade não garantia mais o sustento das numerosas famílias de agricultores. As mulheres também ganharam a oportunidade de trabalhar fora dos lares. Já nos primeiros anos iniciou-se a construção da nova sede da empresa, na Rua Dr. Nereu Ramos, e onde a Círculo está instalada até hoje. Na inauguração, a empresa dobrou o número de trabalhadores: 23 para 45. E não parou mais de crescer, gerar empregos e renda.

É fato que a Círculo precisou superar momentos difíceis, muitos mais provocados pelas várias crises econômicas do país do que propriamente da sua capacidade de se manter forte e atuante no mercado. Mas, foi preciso se reinventar, ampliar o mix de produtos, rever modelos de gestão, qualificar a equipe e abrir novos mercados. Situada entre as principais fornecedoras de fios para moda e decoração, a Círculo de hoje é uma "jovem senhora", que esbanja vitalidade para mais 87 anos. Da "fábrica de linhas" sobrou muito pouco, pois a empresa é uma convergência de novos conceitos, novos projetos, novos desafios e novos produtos para atacado e varejo. Uma empresa inovadora, que aprendeu a caminhar em outros mercados – nacionais e internacionais - economicamente férteis e que a levaram à liderança e, por consequência, referência no seu segmento. A Círculo possui o maior parque fabril de fios para artes manuais da América Latina e ocupa a primeira posição entre as arrecadadoras de impostos de Gaspar.

Em 1968, a Círculo adquiriu uma injetora manual para fabricação de cones, espulas, aros e carretéis de plástico. Esse foi o embrião da Plasvale, também com sede em Gaspar, constituída em 1977. Foi também neste ano que Adolfo Leopoldo Schmalz, filho de Leopoldo Theodoro Schmalz, assumiu a presidência da Círculo. Hoje, ele é o presidente do Conselho de Administração da Lince, a holding controladora dos empresa. A presidência da Círculo é de Osni Oliveira Junior desde 1º de setembro de 2023. Osni Junior é o reflexo das oportunidades que a empresa dá aos seus colaboradores. Fez carreira dentro da Círculo até chegar ao posto mais alto da companhia.

A Círculo não reinventou a roda, apenas reforçou conceitos e valores internos fundamentais para o sucesso e crescimento: tratar bem o cliente, consumidor, colaborador e comunidade e respeitar o meio ambiente. Soma-se a isso, a capacidade de se adaptar ao mercado e de inovar. Agora, se existe algo que a Círculo não abre mão é a vontade de permanecer em Gaspar. É na cidade “Coração do Vale” que a empresa recebe todo o carinho e reconhecimento e retribui proporcionando emprego, renda e crescimento para a cidade e sua gente.

Curiosidades da história

> Em 1938, as máquinas construídas por Seu Leopoldo ocuparam a casa de morada de propriedade do sócio e cunhado Júlio Schramm (herança família Schramm). Foi o início da Círculo S/A.
Um produto muito popular entre 1938 e 1960 foi o fitilho, usado pelo comércio para amarrar pacotes. Era feito numa maquineta que alinhava fios de boa qualidade. Esse fitilho passava por um reservatório de cola colorida (verde limão, rosa pink e amarelo ouro) e, em seguida, por roldanas quentes que formavam o produto.

> Os homens trabalhavam em olarias, serralherias e indústrias pesadas de beneficiamento agrícola, mineral ou vegetal. A Círculo S/A foi a primeira empresa de Gaspar a abrir espaço para a mulher trabalhar.
Com mais jovens trabalhando (incluindo mulheres solteiras) e também por conta da nova forma de remuneração salarial com data fixa (antes se recebia por safras), o comércio local também se beneficiou e ficou mais flexível. Ficou mais fácil comprar bicicletas e itens do enxoval, por exemplo, uma vez que o comércio também passou a oferecer a possibilidade de pagamento em prestações, ficando muito mais dinâmico e fluido.

> O dia 10 de cada mês foi, durante cinco décadas em Gaspar, sinônimo de “dia de pagamento” e de muito movimento no comércio.
Dona Guiomar (esposa de seu Leopoldo) aproveitou seus contatos em São Paulo para divulgar as linhas da Círculo S/A, ofertando os materiais que eram produzidos os trabalhos manuais das alunas, expostos em grandes eventos dos educandários paulistanos, sempre com uma plaquinha indicando: “Trabalho executado com Linha Círculo”. Essa, sem dúvida, foi a primeira estratégia de marketing da empresa no Brasil.

> A empresa é a maior fabricante de fios para trabalhos manuais da América Latina e desenvolve produtos e acessórios para artesanato. É a marca com maior atuação do segmento no país. Conta com mais de 500 produtos em seu mix e, através do Time de Artesãos, que somam 14 profissionais, oferece suporte na educação e profissionalização do artesanato, com workshops em todo o Brasil, além de estimular quem pratica o trabalho manual como hobby, oferecendo e-books gratuitos, aplicativo próprio e publicações especializadas em tricô, crochê e amigurumi.